Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), nasceu no dia 10 de setembro de
1930, na cidade de São Luiz, capital do Maranhão. Inicia seus estudos
no Jardim Decroli, em 1937, onde permanece por dois anos.
Torna-se locutor da Rádio Timbira e colaborador do "Diário de São Luís", em
1948.
Editado com recursos próprios e o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias,
publica seu primeiro livro de poesia, "Um pouco acima do chão".
Em 1950, após haver presenciado o assassinato de um operário pela polícia,
durante um comício de Adhemar de Barros na Praça João Lisboa, em São Luís,
nega-se a ler, em seu programa de rádio, uma nota que aponta os "baderneiros" e
"comunistas" como responsáveis pelo ocorrido. Perde o emprego, mas é convidado
para participar da campanha política no interior do Maranhão. Vence o concurso
promovido pelo "Jornal de Letras" com o poema "O galo". A comissão julgadora era
formada por Manuel Bandeira, Odylo Costa Filho e Willy Lewin. Começa a escrever
poemas que, mais tarde, integrariam seu livro "A luta corporal".
Muda-se para o Rio de Janeiro (RJ), em 1951. Passa a trabalhar na redação da
"Revista do Instituto de Aposentadoria e Pensão do Comércio", para onde foi
indicado por João Condé. Torna-se amigo do crítico de arte Mário Pedrosa. A
publicação de seu conto "Osiris come flores" na "Revista Japa" rende-lhe mais um
emprego: o de revisor da revista "O Cruzeiro", por indicação de Herberto Sales,
que se encantou com o conto publicado. Vai até a cidade de Correias (RJ) onde,
por três meses, trata-se de uma tuberculose.
Em 1954, casa-se com a atriz Thereza Aragão.
Em 1958, lança o livro "Poemas. No ano seguinte, escreve o "Manifesto
Neo-concreto", publicado no "Suplemento Dominical" Ali também foi publicado "Teoria do não-objeto. Criou o
"livro-poema" e o "Poema enterrado", que consistia de uma sala subterrânea,
dentro da qual havia um cubo de madeira de cor vermelha, dentro desse um outro,
verde, de menor diâmetro, e, finalmente, um último cubo de cor branca que, ao
ser erguido, permitia a leitura da palavra "Rejuvenesça". Construído na casa do
pai do artista plástico Hélio Oiticica, a "instalação" não pode ser vista pelo
público: uma inundação, provocada por fortes chuvas, alagou a sala e destruiu os
cubos.
É nomeado, em 1961, com a posse de Jânio Quadros, diretor da Fundação
Cultural de Brasília. Elabora o projeto do Museu de Arte Popular e inicia sua
construção. Revê sua postura poética, até então muito marcada pelo
experimentalismo, e passa a não atuar nos movimentos de vanguarda. Fica no cargo
até outubro/61.
Emprega-se, em 1962, como copidesque na filial carioca do jornal "O Estado de
São Paulo", para o qual trabalharia por 30 anos. Ao mesmo tempo, ingressa no
Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC). Publica "João
Boa-Morte, cabra marcado para morrer" e "Quem matou Aparecida". Assume, com
essas publicações, uma nova atitude literária de engajamento político e
social.
No ano seguinte é eleito presidente do CPC. Lança o ensaio "Cultura posta em
questão". Em 1964, a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) é invadida e a
primeira edição do citado ensaio acaba queimada. No dia 1º de abril de 1964,
filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Ao lado de Oduvaldo Viana Filho, Paulo
Pontes, Thereza Aragão, Pichin Pla, entre outros, funda o "Grupo Opinião".
O ensaio "Cultura posta em questão" é reeditado em 1965.
Em 1966, a peça "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", escrita em
parceria com Oduvaldo Viana Filho, é encenada pelo "Grupo Opinião" no Rio de
Janeiro, e conquista os prêmios Molière e Saci. No ano seguinte o mesmo grupo
encena, também no Rio, a peça "A saída? Onde está a saída?, escrita em parceria
com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa.
"Por você, por mim", poema sobre a guerra do Vietnã, é publicada em 1968,
juntamente com o texto da peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória", escrita em
parceria com Dias Gomes e montada nos teatros "Opinião" e "João Caetano", no Rio
de Janeiro, com a direção de José Renato. Com a assinatura do Ato Institucional
nº 5, é preso, em companhia de Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Em 1969, lança o ensaio "Vanguarda e subdesenvolvimento".
1970 marca sua entrada na clandestinidade. Passa a dedicar-se à pintura.
Informado por amigos, em 1971, do risco que corria se continuasse no Brasil,
decide partir para o exílio, morando primeiro em Moscou (Russia) e depois em
Santiago (Chile), Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina). Durante esse período,
colabora com o semanário "O Pasquim", sob o pseudônimo de Frederico Marques. Seu
pai falece em São Luís (MA).
Em 1974, por unanimidade, é absolvido no Supremo Tribunal Federal, da
acusação.
Publica, em 1975, "Dentro da noite veloz". O "Poema sujo" é escrito entre
maio de outubro desse ano. Em novembro, lê o novo trabalho na casa de Augusto
Boal, em Buenos Aires, para um grupo de amigos. Vinicius de Moraes, que
organizou a sessão de leitura, pede uma cópia do poema para trazer ao Rio. Por
precaução, o poema é gravado em fita cassete. No Rio, Vinicius promove diversas
sessões para que intelectuais e jornalistas ouvissem o "Poema sujo". Ênnio
Silveira, editor, pede uma cópia do texto para publicá-lo em livro. Enquanto
isso não acontece, diversas cópias da gravação circulam pela cidade em sessões
fechadas de audição.
No ano seguinte, sem a presença do poeta, o "Poema sujo" é lançado, enquanto
Gullar dá aulas particulares de português em Buenos Aires, para poder
sobreviver. Amigos tentam um salvo-conduto junto às autoridades militares,
procurando obter garantias para que ele volta ao país.
Somente em 10 de março de 1977 desembarca no Rio. No dia seguinte, é preso
pelo Departamento de Polícia Política e Social, órgão sucessor do famoso "DOPS".
As ameaças feitas por agentes policiais, que se estendiam a membros de sua
família, só terminaram após 72 horas de interrogatórios, ocasião em que é
libertado face à movimentação de amigos junto às autoridades do regime
militar.
Retorna, aos poucos, às atividades de crítico, poeta e jornalista. Lança
"Antologia Poética". "La lucha corporal y otros incendios" é publicada em
Caracas, Venezuela. No ano seguinte, 1978, grava o disco "Antologia poética de
Ferreira Gullar" e, sob a direção de Bibi Ferreira, é encenada a peça teatral
"Um rubi no umbigo". Começa a escrever para o Grupo de Dramaturgia da Rede
Globo, indicado pelo amigo Dias Gomes.
Seu livro "Na vertigem do dia" é publicado em 1980 e "Toda poesia", reunião
de sua obra poética, comemora seus 50 anos de vida. Estréia a versão teatral do
"Poema sujo", com a interpretação de Esther Góes e Rubens Corrêa, sob a direção
de Hugo Xavier, na Sala Sidney Miller, no Rio de Janeiro.
Lança o livro "Sobre arte", coletânea de artigos publicados na revista
"Módulo", entre 1975 e 1980.
A Rede Globo exibe o seu especial "Insensato coração", em 1983.
Em 1984, recebe o título de "Cidadão Fluminense" na Assembléia Legislativa do
Rio. Profere a conferência "Educação criadora e o desafio da transformação
sócio-cultural" na abertura do 25º Congresso Mundial de Educação pela Arte,
realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Com a tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand, publicada em 1985,
é agraciado como prêmio Molière, até então inédito para a categoria
tradutor.
Em 1987 lança "Barulhos". Dois anos depois, publica ensaios sobre cultura
brasileira e a questão da vanguarda em países desenvolvidos, no livro
"Indagações de hoje".
"A estranha vida banal", uma coletânea de 47 crônicas escritas para "O
Pasquim" e "Jornal do Brasil", são publicadas em 1990. Colabora com Dias Gomes
na novela "Araponga". Morre, no Rio, seu filho mais novo, Marcos.
Nomeado diretor do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura (IBAC), em 1992, lá
permanece até 1995. A Rede Globo exibe a minissérie "As noivas de Copacabana",
escrita em parceria com Dias Gomes e Marcílio Moraes.
Lança, em 1993, "Argumentação contra a morte da arte", que provoca polêmica
entre artistas plásticos.
Morre, no Rio, sua mulher Thereza Aragão, em 1994. Seu livro "Luta corporal"
ganha edição comemorativa a seus 40 anos de publicação. No Centro Cultural Banco
do Brasil - Rio, ocorre um evento sobre o trabalho do poeta.
Em 1997, lança "Cidades inventadas", coletânea de contos escritos ao longo de
40 anos. Passa a viver com a poeta Cláudia Ahimsa.
No ano seguinte publica "Rabo de foguete - Os anos de exílio". É homenageado
no 29º Festival Internacional de Poesia de Rotterdã.
Lança, em 1999, o livro "Muitas vozes" e é agraciado com o Prêmio Jabuti,
categoria poesia. Recebe, também, o Prêmio Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca
Nacional.
"Ferreira Gullar 70 anos" foi o nome dado à exposição aberta em setembro de
2000, no Museu de Arte Moderna do Rio, para marcar o aniversário do poeta.
Ocorre o lançamento da nona edição de "Toda poesia", reunião atualizada de todos
os poemas de Gullar. O poeta recebe o prêmio Multicultural 2000, do jornal "O
Estado de São Paulo". No final do ano, lança "Um gato chamado Gatinho ", 17
poemas sobre seu felino escritos para crianças.
É publicado na coleção Perfis do Rio “Ferreira Gullar - Entre o espanto e o
poema”, de George Moura em 2001. São reunidas crônicas escritas para o “Jornal
do Brasil” nos anos 60 no livro “O menino e o arco-íris”. Lança uma coleção
infanto-juvenil “O rei que mora no mar”, poemas dos anos 60 de Gullar.
Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores
titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos. São relançados
num só livro, os ensaios dos anos 60: “Cultura posta em questão” e “Vanguarda e
subdesenvolvimento”. Em dezembro o poeta recebe o Prêmio Príncipe Claus, da
Holanda, dado a artistas, escritores e instituições culturais de fora da Europa
que tenham contribuído para mudar a sociedade, a arte ou a visão cultural de seu
país.
Lança “Relâmpagos”, reunindo 49 textos curtos sobre artes, abordando obras de
Michelangelo, Renoir, Picasso, Calder, Iberê Camargo e muitos outros.
Prêmios
Ganhou o concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras com seu poema "O
Galo" em 1950. Os prêmios Molière, o Saci e outros prêmios do teatro em 1966 com
"Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", que é considerada uma obra
prima do teatro moderno brasileiro.