A Sua Exª O Ministro da Defesa Nacional
Com
conhecimento:
A Suas Excelências:
. O Presidente da República
. O 1º Ministro
. O Ministro da Educação
. O Chefe do Estado-Maior do
Exército
Excelentíssimos:
. Director do Agrupamento
das Escolas de Cascais
. Director do Colégio
Militar
. Presidente da Associação
dos Antigos Alunos do Colégio Militar
Excelência
No meu
Colégio tocava à alvorada muito cedo.
Fazíamos
a cama, lavávamos os dentes e a cara.
Fardávamo-nos
e formávamos no geral da Companhia.
Recebíamos
os conselhos e as instruções dos alunos mais velhos:
- Os Graduados.
O
nosso dia era bastante preenchido e à noite regressávamos às camaratas.
Formávamos
e reflectíamos sobre o dia que
passou.
Sobre
as coisas boas e as más.
Os
Graduados eram como irmãos mais velhos.
Amigos
e exemplo.
Davam valor e, assim,
obtinham valor.
Também
os havia menos bons ou maus, mas até isso nos fortalecia e congregava.
O meu
Colégio contribuiu para que gostasse mais de mim e me respeitasse e ensinou-me
a gostar e a respeitar os outros.
Tanto
nas suas semelhanças como nas suas diferenças.
E isso
é enriquecedor.
Fiz os
meus maiores amigos no Colégio.
E fiz
camaradas.
Dessa
camaradagem que fica, em nós.
Na
nossa coluna vertebral.
Sã e autêntica.
E para toda a vida, Sr.
Ministro.
Andei
à pancada como todos e fui castigado muitas vezes.
Quase
sempre com razão.
Fui
protegido e protegi e, desde Rata (caloiro) aprendi a nunca acusar ninguém.
Mas
aprendi, também, a assumir, perante todos, a responsabilidade dos meus actos.
Acusando-me.
E
errei muitas vezes, graças a Deus.
Em
todos nós ficou um profundo amor ao nosso País.
E foi
este Colégio de rapazes que semeou no nosso coração respeito e, sobretudo,
admiração pelo ser sublime que é a mulher.
Vi
desde os meus 11 anos (pois vim de Angola para o 2º ano), alunos a darem
explicações a alunos nos intervalos.
Na
Matemática, na Físico-Química, nas Ciências Naturais.
Em 25
anos de Docência nas Escolas vi muito pouco estes valores, com grande pena
minha.
Até na
Música, no Teatro, no Desenho e na Educação Física nós nos entre-ajudávamos.
Sim,
Sr. Ministro.
A Arte
é muito importante no nosso Colégio.
Havia
alunos melhores que eu em várias cadeiras.
Admirava-os
mas nunca os invejei.
Tentei,
só, melhorar-me.
Pois
foi isso que aprendemos.
Desde
Rata fui sempre responsável pela minha farda.
Escovei-a
e passei-a a ferro.
Cosi e
areei os meus botões.
Engraxei
os meus sapatos.
Da
minha Farda de Gala.
Com
que representei, com garbo, o nosso Colégio na Classe Especial, no Voley e no
Hipismo.
E não
imagina Vª Excelência Sr. Ministro, o quanto as 5 quinas e a barretina me
inundaram a alma quando representei a nossa
Pátria em mais de 200 provas internacionais nos 5 continentes e em Jogos
Olímpicos.
E ter
orgulho em nós, faz-nos ser pessoas melhores.
Os
aplausos que recebi foram inteirinhos para os Professores e Treinadores que
tive o privilégio de ter.
Bons e
dedicados corações.
No
nosso Colégio havia fâmulos
(funcionários) que eram Mestres.
Serviam
o Colégio e ensinavam pelo exemplo.
Ainda
os há.
De
Oficiais e Directores não posso, de todos,
dizer o mesmo pois eram razões de carreira militar e não pedagógicas que
lá os colocavam, Sr. Ministro.
Entraram
as futuras Meninas da Luz e no nosso Colégio, pode ter a certeza, Sr. Ministro,
elas beberão os mesmos princípios.
Lerão
a mesma cartilha.
Aqui
somos todos iguais.
Temos
um número.
E
todos contamos com os outros.
Como
Vª Excelência teria contado connosco se tivesse tocado nas nossas almas.
Como
fazem os líderes.
Se
tivesse respeitado um ancião baluarte na educação do nosso País.
E se
respeitasse muito mais as próprias alunas e os seus Pais.
Tendo
feito a alteração com a ponderação que a própria Junta que nomeou lhe referiu.
Ainda
o pode fazer.
Como
fazem os bons Ministros ( que acredito que seja).
E, se
me permite, nós não somos nem nunca quisémos ser, nomes de ruas.
Com
humildade, sabemos que do nosso Colégio saíu o que de melhor a sociedade
oferece.
Na
Pedagogia, no Ensino, na Saúde, na Engenharia, no Direito.
Filósofos,
Intelectuais, Cientistas.
Missionários,
Militares, Estadistas, Heróis (conhecidos e desconhecidos).
Empresários,
Artistas, Atletas Olímpicos.
E 5
Presidentes da República.
Não
nos ponha mais como nomes de ruas nem alunos dos EME (Estabelecimentos
Militares de Ensino).
Pois
somos e sempre seremos, apenas, alunos do Colégio Militar.
Com os
melhores cumprimentos
Roberto Pedro Peig Dória Durão
37 do
Curso de 1969
A Sua Excelência
O
Presidente da República Portuguesa
Aníbal
Cavaco Silva
Cascais, 29 de Outubro de 2013
Excelência
Recorda-se
do dia em que foi nomeado ex-aluno honorário.
Dentro
dos nossos princípios e tradição, sabendo que a categoria de Vossa Excelência
me autoriza, eu vou tratar-te por tu.
695,
eu estava ao teu lado.
Conversei
contigo sobre a importância e o significado de seres ex-aluno honorário.
Nesse
gesto, uma Instituição com 210 anos de história, chamou-te para junto de nós.
Tu, no
teu discurso (de improviso) não só estiveste à altura como mostraste a tua
categoria.
Como
ser humano.
Respeitas,
com certeza, as raparigas e os rapazes do nosso Portugal.
És Pai
e Avô.
Imagina
uma Filha ou uma Neta tua a entrar para um Colégio de forma precipitada e sem a
devida ponderação.
Não
preciso de te dizer mais nada.
Age
com à altura do valor que Portugal te reconhece.
Recebe
um abraço, 695.
Meu e
de todos nós.
Respeitosamente
Roberto Pedro Peig Dória Durão
37 do
Curso de 1969
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