sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

BRAVO

António Raposo, 62 anos, sempre disse que, quando chegasse à reforma, ia retribuir o que a vida lhe deu. Foi oficial da marinha de guerra portuguesa e acha que agora é que tem tempo para poder dar aos outros. Foi por isso que ´.
Em 2011, pôs-se a enviar emails para organizações nacionais e internacionais de voluntariado. Finalmente soube do projecto Mais Valia da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), um programa de voluntariado para maiores de 55 anos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Foi escolhido para ir para Luanda: durante cerca de um mês, trabalhou com a Fundação Fé e Cooperação, a fazer um levantamento das organizações sociais angolanas e das necessidades que têm ao nível da formação.
De acordo com a coordenadora da implementação do projecto, Elisa Santos, à excepção de algumas ordens religiosas, não haverá em Portugal muitas iniciativas vocacionadas para o voluntariado além-fronteiras para pessoas nesta faixa etária. A ideia é conciliar o voluntariado com o envelhecimento activo e potenciar “os conhecimentos profissionais, práticos, académicos e também a experiência de vida desta franja da população”.
O limite máximo das missões é de dois meses, uma vez que não se pretende “substituir os recursos locais” nem “criar dependências dos voluntários”. A ideia também não é ocupar potenciais empregos: as missões são curtas e têm objectivos “muito definidos, tendo quase um carácter cirúrgico”
A selecção dos candidatos foi acompanhada por uma psicóloga e os voluntários ainda passam por uma fase de formação, na qual se abordam, entre outras, questões ligadas à cooperação e desenvolvimento, às relações interpessoais, à gestão de expectativas e à inserção em contextos diferentes. A bolsa já conta com 60 pessoas prontas para partir.
A directora do programa Parcerias para o Desenvolvimento da FCG, no qual está inserido o projecto Mais Valia, Maria Hermínia Cabral, diz que os voluntários com mais 55 anos têm “pujança”, “saber acumulado” e “um gosto imenso pela descoberta”: “Estão a devolver aquilo que a sociedade lhes deu”, diz.
É o caso de António Raposo: “Sempre tive como objectivo chegar à idade da reforma fisicamente em bom estado e dar o que a vida me proporcionou. Tive uma vida privilegiada, nada de especial, uma boa carreira profissional, que me realizou. Não tenho razão de queixa, tenho é razões para poder dar mais aos outros que eventualmente tenham menos”, nota.
Apesar de ter ficado em Luanda, conta que chegou “a fazer a barba com água que tirava do depósito da sanita”: “Foi uma enormíssima lição e experiência de vida. Para dar mais valor àquilo que temos.


 

1 comentário:

Anónimo disse...

Bravo Zulo.
Fernando Boaventura
SAJ. REF