«A imagem que me ocorre é a de uma monumental bofetada na cara do Estado português. Por todo o esforço diplomático que foi colocado neste processo, por todo o empenho que aos mais variados níveis do Estado português foi colocado neste assunto, por tudo aquilo que foi feito, pela contínua disponibilidade manifestada ainda há dois dias pelo senhor ministro dos Negócios Estrangeiros para trabalhar com os Estados Unidos quanto a um bom desfecho sobre este assunto», disse Vasco Cordeiro aos jornalistas, em Ponta Delgada.
O presidente do executivo açoriano disse que ainda hoje vai pedir audiências com caráter de urgência ao Presidente da República, Cavaco Silva, e ao primeiro-ministro, Passos Coelho, «uma vez que a palavra está agora do lado do Estado português».
Vasco Cordeiro lembrou que «ainda há dois dias» o ministro Rui Machete afirmou que «o desfecho» do processo das Lajes poderia ter «um impacto nas relações bilaterais entre Portugal e os Estados Unidos da América [EUA]».
«Pois muito bem, o desfecho é conhecido e importa agora passar das palavras aos atos», afirmou.
Também o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação, Bebidas e Similares, Comercio, Escritórios e Serviços dos Açores (SABCES) considerou que o Estado português não se soube impor na negociação com os Estados Unidos sobre a Base das Lajes.
«O que nos preocupa, tratando-se de uma negociação, é a fragilidade do Estado português», salientou, em declarações à Lusa, Vítor Silva, considerando que Portugal «devia impor como condição a manutenção do atual número dos trabalhadores portugueses».
Os Estados Unidos anunciaram hoje uma redução gradual dos trabalhadores portugueses da Base das Lajes, nos Açores, de 900 para 400 pessoas, ao longo deste ano. Os civis e militares norte-americanos passarão de 650 para 165.
A informação foi dada pelo embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Robert Sherman, numa conferência de imprensa.
Para o dirigente do SABCES, um dos sindicatos que representam os trabalhadores portugueses da Base das Lajes, esta decisão pode ter «consequências nefastas» na região do ponto de vista económico e social.
«Esta situação é lamentável. Todo este processo tem sido lamentável», frisou, alegando que a redução «já vem sendo posta em prática há muito tempo», com impacto na economia local, nomeadamente na restauração e no mercado imobiliário.
Vítor Silva considerou que a postura dos norte-americanos exige uma «posição diferente do Estado português», porque Portugal não está a retirar contrapartidas da utilização da Base das Lajes.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, concelho onde está situada a Base das Lajes, remeteu declarações para mais tarde, tendo em conta que ainda não teve conhecimento oficial do que foi transmitido pelos Estados Unidos ao ministro da Defesa português.
Também o presidente da Comissão Representativa dos Trabalhadores portugueses na Base das Lajes recusou prestar declarações até reunir toda a informação sobre esta matéria. "
Nota: Pensava-mos que um País livre não queria ter bases estrangeiras, até porque , e esta em particular, se torna num alvo conspícuo evidente.
A FAP é que devia lá ter muito mais aviões e militares
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