A dificuldade no acesso ao serviço de marcação de consultas tem sido motivo de queixas por parte dos utentes do HFA, que atende um universo de cem mil pessoas
O Hospital das Forças Armadas vai recorrer a serviços externos para reforçar a marcação de consultas, anunciou hoje o ministro da Defesa Nacional, que recusou qualquer "trapalhada" no processo de fusão dos hospitais militares.
"Como crítica que temos que reconhecer, as consultas, a dificuldade de marcação das mesmas e atendimentos telefónicos. Tem-nos chegado muitas críticas, muitas delas com inteira razão", afirmou o ministro José Pedro Aguiar-Branco, que está a ser ouvido na comissão parlamentar.
O ministro anunciou que já deu "instruções para que fosse obtido apoio externo especializado" visando agilizar a marcação de consultas, admitindo que "do ponto de vista interno não foi fácil" corresponder às necessidades verificadas.
A dificuldade no acesso ao serviço de marcação de consultas tem sido motivo de queixas por parte dos utentes do HFA, que atende um universo de cem mil pessoas.
Aguiar-Branco adiantou que atualmente são realizadas cerca de 350 consultas médicas por dia no HFAR.
Na audição, o deputado do PCP António Filipe considerou que o processo de fusão dos hospitais militares está a ser uma "trapalhada com graves prejuízos para os cidadãos que tem de recorrer ao HFAR" e defendeu que há responsabilidades que devem ser assumidas".
O deputado questionou o ministro sobre consultas médicas que são realizadas em contentores instalados no recinto da Base do Lumiar, onde se localiza o HFAR, considerando que "se se fechou o hospital militar da Estrela para abrir contentores, alguma coisa correu mal".
Sobre este ponto concreto, também contestado pelo BE, Aguiar-Branco sublinhou que "não é o ministro que avalia isso" e que "a supervisão é da direção do hospital", composta por "médicos militares que com certeza desejam o melhor para utentes militares" e afirmou que a situação é transitória.
"Sendo transitória, não é ideal mas também não se pode dizer que não seja digna", considerou, recusando que o processo de fusão dos hospitais militares, que o ministro deu por concluída "com sucesso" e com uma "antecipação de oito meses", tenha sido feito "à pressa".
"Não há trapalhada nenhuma", afirmou o ministro, que tinha, numa primeira parte da audição, anunciado a aprovação, em janeiro, de concursos públicos para o reforço da capacidade e expansão do HFAR com prazo de execução de 120 dias. Os concursos, no montante global de 5,5 milhões de euros, destinam-se a "reforçar a capacidade de internamento, instalação de consultas externas, prestação de cuidados em ambulatório" e incluem a "aquisição da câmara hiperbárica".
Questionado pelo deputado do PS, Marcos Perestrello, sobre as queixas da Associação dos Deficientes das Forças Armadas relativas ao atraso no fornecimento de próteses, Aguiar-Branco admitiu "constrangimentos que resultam do regime jurídico" que regula aqueles procedimentos.
O ministro considerou que se trata de um problema "de natureza humanitária e de justiça" que está a "tentar superar, atenuando e minimizando", adiantando que decorrem contactos com o laboratório militar para "adquirir de forma mais célere" aquele material.
Questionado sobre o destino a dar ao edifício do ex-hospital militar da Estrela, Aguiar-Branco disse que "pretende-se que venham a ter a maior rentabilidade possível".
Quanto aos recursos humanos, o ministro disse que "compete aos ramos a respetiva reabsorção" de pessoal, acrescentando que "se houver excedentários terão de se integrar no plano de redução de efetivos que está em curso" no âmbito da reforma 2020.
*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa
1 comentário:
Manel seria interessante que alguém perguntasse também
Porque é que muito do material existente nos hospitais continua a degradar-se sem qualquer aproveitamento. Seremos assim tão ricos ?
Porque é que nos hospitais dos ramos uma consulta de Urologia demorava, na pior das hipóteses, um mês e agora, pelo menos num caso que eu conheço ultrapassou os 2 meses ?
Porque é que uma consulta de otalmologia demorava, na pior das hipóteses,um a dois meses e agora vai demorar 10( considerando a data da marcação pela net) ou 7 após a marcação presencial?
Porque é que, pelo menos numa das especialidades referidas, é possivel obter uma consulta, numa entidade privada, durante as horas normais de serviço, realizada por um médico militar, com uma demora que não chega a uma semana ?
Abraço do E. Gomes
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