SEM CLASSIFICAÇÃO
O Bloco de Esquerda quer saber se o ministro da Defesa teve conhecimento da cerimónia fúnebre privada do comandante Alpoim Calvão que decorreu esta quinta-feira de manhã a bordo de uma embarcação da Marinha e com a presença de figuras deste ramo.
"Sabendo-se que a Constituição determina que os elementos das Forças Armadas não podem aproveitar-se da sua arma, do seu posto ou da sua função para qualquer intervenção política, como é que o ministro da Defesa encara esta tomada de posição da Marinha Portuguesa sobre uma figura cujos contornos políticos são tão controversos e divisores na sociedade portuguesa?", pergunta ainda Mariana Aiveca.
A cerimónia realizada esta quinta-feira a bordo do navio Corte-Real contou com a presença de familiares, de militares e do Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). Nestas ocasiões, as cinzes costumam ser lançadas ao mar na zona do farol do Bugio. Com esta cerimónia, a Marinha cumpriu “o último desejo expresso do comandante Alpoim Calvão de poder voltar ao mar e honrar, desta forma, a memória de um herói militar que muito dignificou as Forças Armadas e o país”, anunciou em comunicado aquele ramo das Forças Armadas.
O comandante Guilherme Alpoim Calvão, o operacional que comandou a operação Mar Verde, a invasão da Guiné-Conacri no final de 1970 para resgatar prisioneiros de guerra portugueses, morreu no final de Setembro e nas cerimónias fúnebres na altura foi homenageado pelos fuzileiros.
Fonte da Marinha disse ao PÚBLICO que o CEMA tem competência e autonomia para decidir sobre este tipo de cerimónias fúnebres a bordo de meios da Marinha, que pode ser pedido pelos cidadãos e não apenas por militares. E especificou que o navio utilizado estava de prontidão para tarefas de busca e salvamento, não tendo sido preparada especialmente para a cerimónia.
Às críticas à utilização de meios públicos, a Marinha respondeu esta manhã com um comunicado em que “reafirma todo o seu empenho” na distinção ao antigo comandante e lhe tece rasgados elogios, classificando-o como um “líder nato, um patriota”, um “homem com H grande” que no campo de batalha “era respeitado pelos seus homens e muito mais pelo inimigo”
O ETERNO DN
O Bloco de Esquerda quer saber se o ministro da Defesa teve conhecimento da cerimónia fúnebre privada do comandante Alpoim Calvão que decorreu esta quinta-feira de manhã a bordo de uma embarcação da Marinha e com a presença de figuras deste ramo.
A pergunta dirigida ao ministro José Pedro Aguiar-Branco é assinada pela deputada Mariana Aiveca, na qual se refere que Alpoim Calvão é uma figura "controversa da História recente do país", tendo liderado o Movimento Democrático de Libertação de Portugal - "grupo bombista responsável por ataques terroristas contra pessoas e sedes partidárias", descreve a parlamentar.
"Não se percebe a que propósito, ou com recurso a que figura institucional, a Marinha portuguesa procedeu a esta cerimónia de homenagem", em que as cinzas do antigo comandante foram lançadas ao mar, assinala Mariana Aiveca. Caso o ministro da Defesa tenha tomado conhecimento deste ato fúnebre, o Bloco de Esquerda quer saber se anuiu em relação à sua realização."Sabendo-se que a Constituição determina que os elementos das Forças Armadas não podem aproveitar-se da sua arma, do seu posto ou da sua função para qualquer intervenção política, como é que o ministro da Defesa encara esta tomada de posição da Marinha Portuguesa sobre uma figura cujos contornos políticos são tão controversos e divisores na sociedade portuguesa?", pergunta ainda Mariana Aiveca.
A cerimónia realizada esta quinta-feira a bordo do navio Corte-Real contou com a presença de familiares, de militares e do Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). Nestas ocasiões, as cinzes costumam ser lançadas ao mar na zona do farol do Bugio. Com esta cerimónia, a Marinha cumpriu “o último desejo expresso do comandante Alpoim Calvão de poder voltar ao mar e honrar, desta forma, a memória de um herói militar que muito dignificou as Forças Armadas e o país”, anunciou em comunicado aquele ramo das Forças Armadas.
O comandante Guilherme Alpoim Calvão, o operacional que comandou a operação Mar Verde, a invasão da Guiné-Conacri no final de 1970 para resgatar prisioneiros de guerra portugueses, morreu no final de Setembro e nas cerimónias fúnebres na altura foi homenageado pelos fuzileiros.
Fonte da Marinha disse ao PÚBLICO que o CEMA tem competência e autonomia para decidir sobre este tipo de cerimónias fúnebres a bordo de meios da Marinha, que pode ser pedido pelos cidadãos e não apenas por militares. E especificou que o navio utilizado estava de prontidão para tarefas de busca e salvamento, não tendo sido preparada especialmente para a cerimónia.
Às críticas à utilização de meios públicos, a Marinha respondeu esta manhã com um comunicado em que “reafirma todo o seu empenho” na distinção ao antigo comandante e lhe tece rasgados elogios, classificando-o como um “líder nato, um patriota”, um “homem com H grande” que no campo de batalha “era respeitado pelos seus homens e muito mais pelo inimigo”
O ETERNO DN
Duas semanas após a morte do comandante Alpoim Calvão, a Marinha embarca hoje familiares, amigos e jornalistas na fragata Corte Real para assistirem à cerimónia de lançamento das cinzas ao mar.
Essa cerimónia do foro privado extravasa as honras fúnebres militares a que Alpoim Calvão teve direito aquando da sua morte, a 30 de setembro, o que provocou estranheza e indignação de várias fontes civis e militares com o que consideram ser mais um exemplo de uso indevido de dinheiros públicos.
A Marinha, cujo chefe do Estado-Maior vai participar na cerimónia, respondeu ao DN que se trata da prestar "a homenagem devida" a Alpoim Calvão "e o cumprimento da sua última vontade!"
"O comandante Alpoim Calvão não é um qualquer cidadão", adiantou o porta-voz da Marinha.
A Marinha, cujo chefe do Estado-Maior vai participar na cerimónia, respondeu ao DN que se trata da prestar "a homenagem devida" a Alpoim Calvão "e o cumprimento da sua última vontade!"
"O comandante Alpoim Calvão não é um qualquer cidadão", adiantou o porta-voz da Marinha.
A Marinha é uma organização quase milenar com um sentido de dever e honra, que faz com que preste a mais justa e elementar homenagem a um herói nacional e da Marinha, no seu adeus final. Colocar em questão e utilizar este ato solene para atacar a Marinha é para nós inclassificável. O comandante Alpoim Calvão era um homem com H grande, um português destemido, que em campo de batalha era respeitado pelos seus homens e muito mais pelo inimigo. Após o fim da Guerra o Comandante Alpoim Calvão voltou à Guiné onde foi bem recebido por aqueles contra quem havia combatido e que o consideravam um verdadeiro amigo. Foi dos poucos portugueses que investiu na Guiné e nunca abandonou o seu povo. Era um Homem que não se agachava sob o fogo inimigo, um líder nato, um patriota, um marinheiro que muito nos honrou.
O Comandante Alpoim Calvão é um herói nacional a quem a Marinha reafirma todo o seu empenho em o distinguir com esta última homenagem.
REACÇÃO DO ALMIRANTE NUNO MATIAS
Nuno Vieira
Matias
PERGUNTAS DO JORNALISTA DO DN
A propósito da cerimónia de lançamento das cinzas do cmt Alpoim Calvão ao mar, gostávamos de colocar algumas questões:
Onde vai ser o local da cerimónia?
Foi pedida autorização para lançar as cinzas ao mar, quando e a quem, ou isso não é necessário?
O NRP Corte-Real fará a viagem propositadamente para a cerimónia?
Qual vai ser o seu custo e quem vai pagar?
Que exemplo dá aqui a Marinha, em relação ao uso de dinheiros públicos?
Já houve outro caso do género?
A Marinha prestou as honras fúnebres devidas ao cmt Alpoim Calvão no seu funeral. Sendo esta uma iniciativa adicional, a Marinha organizará uma cerimónia similar a outro cidadão que manifeste a mesma vontade?
Grato pela atenção
Manuel Carlos Freire
PS: Envio-lhe isto com conhecimento às editoras da seção
EXPLICAÇÃO DO COMANDANTE PAULO VICENTE DO GAB.DO CEMA
Com os melhores cumprimentos,
Paulo Rodrigues Vicente
Comandante"
REACÇÃO DO ALMIRANTE NUNO MATIAS
Exmo
Senhor Provedor
Li o texto em assunto
no DN de hoje e sinto o dever de cidadania de lhe manifestar a mais veemente
repulsa pela sua publicação. É que as pátrias, as instituições e os cidadãos
enobrecem-se com atos dignos, mas sujam-se com atitudes vis. O Senhor Comandante
Calvão dignificou e enobreceu Portugal e a sua história. Aquele escrito hoje
publicado serve apenas para tentar aviltar, sem razão, sem sentido e
estupidamente um herói nacional.
Servi sob as ordens
do Senhor Comandante Calvão e combati a seu lado na Guiné. Aprendi a admirar e a
respeitar o seu sentido do dever, mesmo nas situações mais arriscadas, a sua
capacidade de sacrifício sem limites e a coragem heroica só própria dos grandes
homens. Admirei-o ainda mais quando tomei conhecimento da Operação Mar Verde,
onde conseguiu, alem da libertação de 26 presos portugueses, que sofriam as mais
indignas condições numa prisão de Conacri, o afundamento de sete lanchas rápidas
lança torpedos e de uma lancha de desembarque. Exercer com o feito uma forte
coação sobre a Guiné Conacri.
Se o Jornalista
Freire for capaz de raciocinar, pense o que teria acontecido, se apenas uma
daquelas lanchas de fabrico soviético tivesse afundado um dos nossos transportes
de tropas com milhares de cidadãos portugueses a
bordo.
Aprendi desde jovem a
considerar o "Diário de Notícias" como um jornal de referência. Contudo,
escritos como o referido e outros que o seu autor já tem produzido contra a
Marinha, obrigam-me a inverter a minha opinião. Constituem um verdadeiro
nojo.
Com os meus
cumprimentos
Cidadão português e
Almirante Reformado
RESPOSTA DO PROVEDOR DO LEITOR
Por mim, gostaria perceber também como é que a Direção
do DN aceita a prática de publicar comentários de fontes anónimos, interdita
pelo n.º 6 do Código Deontológico, mesmo que tais comentários surjam
apresentados como perguntas, com uma sintaxe curiosa, dando a ideia de que só
parte da pergunta é ipsis verbis,
sendo certo que o jornalista autor da notícia já foi negativamente referido na
coluna do provedor do leitor – e voltará a sê-lo, pela recalcitração – pelo
recurso às fontes anónimas comentadoras.
Mais gostaria de perceber o critério da Direção do
jornal em atribuir 4-colunas-4, de alto a baixo, a um episódio de delapidação de
dinheiros públicos – onde até o BES vem à baila – que representa, segundo a
verificação do jornalista, um gasto de “290 euros mais IVA” se o lançamento de
cinzas fosse feito de veleiro funerário.
Além disso não seria mau que se explicasse a razão por
que a acusação preenche todo o lead
da notícia e a resposta de fonte identificada só comece a aparecer na
segunda coluna. Noutros tempos, o jornalismo utilizava a abertura da notícia
para dar a conhecer as duas posições em confronto.
Fique claro que não tenho nem nunca tive qualquer
espécie de simpatia, nem sequer contacto com o comandante Alpoim Calvão. Mas
simpatizo e luto por um jornalismo de causas que valem a pena e não se consuma
em coisas mínimas.
Abraço
Oscar
Mascarenhas
PERGUNTAS DO JORNALISTA DO DN
A propósito da cerimónia de lançamento das cinzas do cmt Alpoim Calvão ao mar, gostávamos de colocar algumas questões:
Onde vai ser o local da cerimónia?
Foi pedida autorização para lançar as cinzas ao mar, quando e a quem, ou isso não é necessário?
O NRP Corte-Real fará a viagem propositadamente para a cerimónia?
Qual vai ser o seu custo e quem vai pagar?
Que exemplo dá aqui a Marinha, em relação ao uso de dinheiros públicos?
Já houve outro caso do género?
A Marinha prestou as honras fúnebres devidas ao cmt Alpoim Calvão no seu funeral. Sendo esta uma iniciativa adicional, a Marinha organizará uma cerimónia similar a outro cidadão que manifeste a mesma vontade?
Grato pela atenção
Manuel Carlos Freire
PS: Envio-lhe isto com conhecimento às editoras da seção
EXPLICAÇÃO DO COMANDANTE PAULO VICENTE DO GAB.DO CEMA
"Boa noite Manuel Carlos Freire,
Relativamente às questões que coloca informo o seguinte:
1. A Cerimónia vai decorrer a bordo do NRP Corte-Real, como sabe, efetuada junto à saída da barra de lisboa tal como a vontade expressa pelo Comte Alpoim Calvão;
2. O regime jurídico da remoção, transporte, inumação, exumação, trasladação e cremação de cadáveres, de cidadãos nacionais ou estrangeiros, bem como de alguns desses atos relativos a ossadas, cinzas, fetos mortos e peças anatómicas (Decreto-Lei n.º 411/98, de 30 de dezembro), diz que as cinzas resultantes de cremações podem ser entregues, dentro de recipiente apropriado, a quem tiver requerido a cremação, sendo livre o seu destino final. Ou seja, não existe regulamentação quanto ao destino que cada um pode dar às cinzas;
3. O NRP Corte-Real integra o dispositivo naval padrão, de prontidão a qualquer situação de SAR e quaisquer outras tarefas que lhe forem atribuídas no período de 16 a 23 de Outubro. Não vai portanto fazer esta viagem propositadamente;
4. O custo e o seu pagamento está inserido na missão que vai desempenhar e respectivo orçamento para a atividade operacional da Marinha, que julgo não me ser questionado nestas suas perguntas;
5. Qualquer um poderá recorrer à Marinha para este cerimonial (Despacho 9/99 de Sexa Alm CEMA) . Existem durante o ano vários pedidos que são satisfeitos de acordo com as nossas possibilidades;
6. O Manuel Carlos Freire emite a opinião de que a Marinha prestou as devidas honras ao Comte Galvão no seu funeral. É a sua opinião;
7. Permita-me que clarifique a da marinha, se na verdade qualquer cidadão poderá manifestar esta vontade, o Comte Alpoim Calvão não é um qualquer cidadão. Foi um oficial que entre inúmeras condecorações, recebeu o distintivo da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e era Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, com Palma, que como sabe diz respeito a Méritos excecionalmente distintos no exercício das funções dos cargos supremos dos órgãos de soberania ou no comando de tropas em campanha, a feitos excecionais de heroísmo militar ou cívico e a Atos e ou serviços excecionais de abnegação e sacrifício pela Pátria e pela Humanidade;
8. Pergunta o Manuel Carlos Freire: Que exemplo dá aqui a Marinha, em relação ao uso de dinheiros públicos?
9. A Marinha responde: A homenagem devida e o cumprimento da sua última vontade!
Paulo Rodrigues Vicente
Comandante"
3 comentários:
A sra. METE NOJO, SRA DEPUT...!
Gostei da atitude do CEMA. Espero que em breve haja um Curso da Escola Naval cujo Patrno seja o Comandante Alpoim Calvao
Triste país o nosso que não honra os seus heróis e muito menos os nossos militares.
Infelizmente a culpa acaba por ser um pouco de todos que deixamos que isto chegue a este ponto.
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