terça-feira, 19 de março de 2013

ÁS ARMAS


Sofia Fonseca
As associações de pais e de antigos alunos do Colégio Militar acusam o Ministério da Defesa de querer "destruir" aquela escola e o Instituto de Odivelas, que terão os dias contados caso sejam fundidas.
A Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar (APEEACM) alertou hoje para os perigos do projeto de reforma do ensino militar, que está a ser coordenado pelo Ministério da Defesa (MD).
Apesar de ainda não terem sido recebidos pelo MD, o presidente da associação de pais tem "90% de certezas" sobre o que ditam os planos que estão em cima da mesa: "Vão fechar o Instituto de Odivelas (IO) enquanto o Colégio Militar (CM) vai abrir como externato misto", contou à Lusa Paulo Amaral, presidente da APEEACM.
Há cerca de oito anos, foi experimentado o regime de externato no Colégio Militar e "não funcionou", recordou Paulo Amaral, sublinhando que o projeto governamental põe em causa a sobrevivência dos estabelecimentos militares de ensino e representa "mais custos para o país".
Paulo Amaral garante que "os pais não querem dinheiro do Estado" e têm propostas para que "gaste ainda menos do que gasta com as outras escolas".
No entanto, o MD ainda não respondeu ao pedido de audiência feito pela associação, que garante ter soluções alternativas benéficas para os cofres do Estado e para as duas escolas.
As propostas passam pela rentabilização das instalações, como "abrir o colégio a outras crianças durante as férias ou alugar espaços para inúmeras atividades, como seminários de liderança de empresas", exemplificou Paulo Amaral.
Além disso, a APEEACM defende que se poderia poupar com a aplicação de medidas como a partilha de professores nas três escolas - IO, CM e Pupilos do Exército. Por outro lado, as três escolas podiam "passar a ter apenas uma secretaria e uma lavandaria", exemplificou.
Num comunicado conjunto da APEEACM e Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar, as duas instituições sublinham que o ministro da Defesa se "prepara para condenar à destruição dois dos mais conceituados estabelecimentos militares de ensino (EME's), o Colégio Militar e o Instituto de Odivelas, desvirtuando por completo o modelo educativo das duas instituições".
Além de poder "aniquilar o modelo e os valores" do Colégio Militar e do Instituto de Odivelas, o MD "está, objetivamente, a pôr em causa o futuro e a sobrevivência dos dois estabelecimentos a médio prazo", lê-se no documento.
"Fundir pura e simplesmente as instituições, como pretende o Governo, misturar alunos internos com alunos externos, desvalorizar o sistema de internato, sem cuidar de preservar as identidades e culturas de cada estabelecimento, é condená-los a uma morte lenta, mas inexorável", alertam as organizações no documento.
A agência Lusa contactou o gabinete de imprensa do Ministério da Defesa que disse não prestar declarações sobre a reestruturação do ensino militar por o processo ainda estar a decorrer

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