"O
socialista João Soares afirmou hoje que se for eleito com Paulo Mota Pinto para
o Conselho de Fiscalização das ‘secretas' ambos poderão apresentar propostas
"rapidamente" para melhorar a fiscalização dos serviços e os poderes do
Parlamento.
Numa
audição conjunta da comissão de Assuntos Constitucionais e de Defesa a propósito
da sua indicação, pelo PS, para integrar o Conselho de Fiscalização do Sistema
de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), João Barroso Soares disse ser
totalmente contra a realização de escutas e contra a fusão do Serviço de
Informações de Segurança (SIS) e do Serviço de Informações Estratégicas de
Defesa (SIED).
"Sou
contra a fusão, o modelo que temos é bom e funciona bem, foi para este modelo
que fui convidado e é nele que conto trabalhar", afirmou o deputado do
PS.
Em
resposta ao PCP sobre a sua posição relativamente às interceções, Soares disse
que "talvez pela marca da PIDE" (fez parte da comissão de extinção da polícia
política) é totalmente contra, até porque, defendeu, não têm tido grande
utilidade.
"Com a
exceção do Pablo Escobar na Colômbia já há uns anos, não me lembro de um grande
terrorista que tenha sido apanhado [devido a escutas]",
observou.
João
Soares disse no entanto não ser "ingénuo" e saber que "a esmagadora maioria dos
serviços fazem escutas telefónicas com ou sem
autorização".
Ainda
numa resposta ao deputado comunista António Filipe, que advertiu para a
necessidade de alargar os poderes de fiscalização do Parlamento, nomeadamente no
acesso a matérias sob segredo de Estado, o antigo presidente da Câmara Municipal
de Lisboa garantiu ainda que, se for eleito para este órgão, e "sem estar a
fazer campanha eleitoral", fará "propostas rapidamente nessa
matéria".
O
socialista disse acreditar que será possível, "com pequenas alterações",
encontrar "formas intermédias" de aumentar a fiscalização e "evitar essa
situação de menoridade" da Assembleia.
"Tenho
a esperança que o próximo CFSIRP não tenha de andar a correr atrás do prejuízo,
espero que possa ter uma ação preventiva e que, dada a vontade e proatividade
que temos, tenhamos condições para evitar outros escândalos, seja qual for a sua
dimensão", declarou.
João
Barroso Soares disse ainda concordar que os serviços de informações podem ser
importantes para os agentes económicos e revelou que por exemplo enquanto ocupou
funções na OSCE procurou fazer esse tipo de ligação.
"Em
missões na Ásia Central ou no Cáucaso, para facilitar a entrada em mercados que
não tinham sido ainda trabalhados pelos agentes económicos nacionais, eu acho
que tem de haver filtragem evidentemente, mas uma boa parte dessa informação tem
de ser útil", afirmou.
Já
sobre os registos de interesses, Soares disse não ter nada contra e deu o seu
exemplo pessoal, provocando algumas gargalhadas entre os deputados presentes ao
especificar que pertence ao PS desde a fundação, à Maçonaria desde 1974, ao
Belenenses "desde o tempo do Matateu" ou ao Aeroclube de
Portugal.
O
parlamentar do PS frisou que a indicação de Paulo Mota Pinto para integrar o
CFSIRP lhe deu maior "conforto em aceitar" também o
convite.
Na
intervenção inicial, Soares fez ainda uma "avaliação muito positiva da forma
como os serviços estão organizados", considerando que têm "sido bastante
eficazes" e funcionado sem "dificuldades de maior", apesar de "um ou outro
pequeno escândalo"."
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