"Exma.
Senhora Directora (Do Jornal "Público)
A
propósito da notícia da agência Lusa, reproduzida no Público de sexta-feira 6, sobre a questão da ida de parte do
arquivo da PIDE/DGS para Moscovo, recordo que o assunto foi abordado numa
comunicação apresentada pelo Sr. Coronel José Aparício num colóquio que
decorreu no Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa, nos dias 30 e 31 de Maio
de 2012. Disse então aquele oficial, que teve altas responsabilidades na PSP
depois do 25 de Abril, que numa noite em que saía de um restaurante perto do
Governo Civil, viu paradas, no Largo de São Carlos, duas carrinhas nas quais um
grupo de marinheiros carregava caixotes. Estranhou, fez um telefonema – não me
recordo se disse para quem mas creio que não – e sugeriram-lhe que mandasse uns
polícias averiguar o que se passava. O Coronel Aparício recusou, observando que
não queria arriscar um conflito entre polícias e marinheiros, tendo-lhe sido
então dito que mandasse seguir as carrinhas para se ver o que sucedia. As
carrinhas – sempre segundo o Sr. Coronel Aparício – foram seguidas,
verificando-se que se dirigiram ao aeroporto de Figo Maduro e aí passaram os
caixotes para um avião da Aeroflot. A menos que os caixotes – e por que foram
marinheiros a carregá-los – contivessem sardinhas, parece-me óbvio o seu
conteúdo, face àquilo que já se sabe. Por outro lado, talvez não seja mau que
por aí se conservem, pois se vierem para a Torre do Tombo, com a interpretação
que por lá se faz da lei só se deixando consultar livremente documentos que
tenham mais de 75 anos (os outros são sujeitos a expurgo sabe-se lá feito por
quem) ainda será mais fácil aos historiadores portugueses irem até Moscovo."
Mário Matos e Lemos, Historiador, investigador-colaborador
do CEIS 20, da Universidade de Coimbra.
Nota:Carta enviada
Nota:Carta enviada
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