segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LÁ VÈRITÉ...


"Exma. Senhora Directora (Do Jornal "Público)

A propósito da notícia da agência Lusa, reproduzida no Público de sexta-feira 6, sobre a questão da ida de parte do arquivo da PIDE/DGS para Moscovo, recordo que o assunto foi abordado numa comunicação apresentada pelo Sr. Coronel José Aparício num colóquio que decorreu no Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa, nos dias 30 e 31 de Maio de 2012. Disse então aquele oficial, que teve altas responsabilidades na PSP depois do 25 de Abril, que numa noite em que saía de um restaurante perto do Governo Civil, viu paradas, no Largo de São Carlos, duas carrinhas nas quais um grupo de marinheiros carregava caixotes. Estranhou, fez um telefonema – não me recordo se disse para quem mas creio que não – e sugeriram-lhe que mandasse uns polícias averiguar o que se passava. O Coronel Aparício recusou, observando que não queria arriscar um conflito entre polícias e marinheiros, tendo-lhe sido então dito que mandasse seguir as carrinhas para se ver o que sucedia. As carrinhas – sempre segundo o Sr. Coronel Aparício – foram seguidas, verificando-se que se dirigiram ao aeroporto de Figo Maduro e aí passaram os caixotes para um avião da Aeroflot. A menos que os caixotes – e por que foram marinheiros a carregá-los – contivessem sardinhas, parece-me óbvio o seu conteúdo, face àquilo que já se sabe. Por outro lado, talvez não seja mau que por aí se conservem, pois se vierem para a Torre do Tombo, com a interpretação que por lá se faz da lei só se deixando consultar livremente documentos que tenham mais de 75 anos (os outros são sujeitos a expurgo sabe-se lá feito por quem) ainda será mais fácil aos historiadores portugueses irem até Moscovo."

Mário Matos e Lemos, Historiador, investigador-colaborador do CEIS 20, da Universidade de Coimbra.

Nota:Carta enviada

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