ebate Forças Armadas
Manuel Cracei Dor
esse mundo fora, os
governantes
e respectivas
comunidades
respeitam os seus
militares
e tudo fazem para
garantir
umas Forças Armadas
à
altura das responsabilidades
que
cabem a uma instituição
dessa
natureza, dotando-as das
capacidades
e condições para a
prossecução
do nobre objectivo
da
defesa e garantias de segurança para que
foram
mandatadas.
Pelo
contrário, no país que nos
orgulhamos
de servir, os governantes e as
elites
dominantes consomem uma parcela
da sua
energia a descredibilizar esse
fundamental
instrumento de sustentação
do
Estado, aditando riscos maiores aos
que
vão acumulando em matéria de
preservação
de soberania da pátria cujos
interesses
foram incumbidos de acautelar.
Filhos
de uma geração arredada de
valores
cultivados pelos seus pais, os actuais
responsáveis
políticos não conhecem e,
porventura,
causa-lhes alguma estranheza
a
cultura de uma instituição como a
militar,
regida por normas de conduta
em que
sobressaem valores éticos, como
o
sentido de disciplina, a camaradagem,
a
solidariedade, o espírito de sacrifício
e de
serviço público, em clara oposição
ao
distante e supremo paradigma do
"mercado",
que tudo cilindra, ao ponto de
alienar
países e povos inteiros para satisfação
de
egoístas e gananciosos interesses.
Vem
isto a propósito de notícias que têm
vindo
a lume, relacionadas com a alegada
reforma
do Estado, em que as
Forças
Armadas
e os militares serão uma vez
mais
fustigados com leoninas e gravosas
medidas
que, adicionadas a tudo o que os
vem
afectando, traduzem bem o desvalor
conferido
a um dos pilares fundamentais do
Estado.
Exauridas
como estão as Forças Armadas,
só uma
irresponsabilidade sem limite
explica
o anunciado corte de 218 milhões de
euros
no seu orçamento.
Neste
contexto e sob o manto da
cegueira
fundamentalista de empobrecer
os
cidadãos deste país, têm surgido na
imprensa
alusões à peregrina ideia de
suprimir
o Suplemento da Condição Militar
(SCM)
aos militares na situação de reserva.
Porque
a desinformação,
sistematicamente
sustentada na distorção
dos
factos e até na própria mentira, faz
parte
de uma estratégia repetidamente
utilizada
para manipular a opinião pública,
procurando
descredibilizar os militares e
as
Forças Armadas, é para levar a sério uma
"encomenda"
noticiosa deste jaez!
E essa
intenção surge numa altura
em que
os militares têm, no respectivo
posto,
as suas remunerações reduzidas a
valores
correspondentes a dois/três postos
inferiores
à remuneração auferida em 2010.
Mais:
surge ainda quando, de acordo com
um
estudo recente, sustentado em dados
da
Direcção-Geral da Administração e do
Emprego
Público, em termos médios, a sua
remuneração-base
ocupa o 27.° lugar, num
conjunto
de 31 grupos socioprofissionais
da
Administração Pública! Depois dos
militares
contam-se
apenas
os técnicos
de
diagnostica
e
terapêutica,
assistentes
técnicos,
técnicos
operacionais
e a
Polícia
Municipal.
Por
outro lado,
considerando
que,
no âmbito da
remuneração
dos
militares,
o SCM
assume
a natureza
de
remuneração
certa
e permanente,
tendo
em conta
ainda
os descontos
que
sobre esse
valor
incidiram
durante
toda uma
carreira,
são óbvias
as
implicações que
a sua
subtracção
traria
ao já parco
rendimento
e ao
cálculo
da pensão
de
reforma. Os
efeitos
seriam
de
magnitude sísmica se e quando fosse
aplicada
uma medida cega desta natureza!
Finalmente,
importa ainda ter a noção de
que
está em causa um universo fustigado
de há
longos anos a esta parte por medidas,
qual
delas a mais penalizadora das condições
de
vida daqueles que um dia juraram servir
e
defender a pátria, se necessário com
o
sacrifício da própria vida, cumprindo
exemplarmente
as suas missões, altamente
exigentes
em diferentes domínios e aos quais
são
cerceados inúmeros direitos, liberdades
e
garantias constitucionalmente consagrados
para
os restantes cidadãos.
Mesmo
resistente, a corda um dia pode
partir-se...
Coronel, presidente da AOFA (Associação
de Oficiais das Forças Armadas)
Exauridas como
estão as FA,
só uma
irresponsabilidade
sem limite
explica o
anunciado
corte de 218
milhões de
euros no seu
orçamento
Sem comentários:
Enviar um comentário