quinta-feira, 25 de abril de 2013

A LER


ebate Forças Armadas
Manuel Cracei Dor esse mundo fora, os
governantes e respectivas
comunidades respeitam os seus
militares e tudo fazem para
garantir umas Forças Armadas
à altura das responsabilidades
que cabem a uma instituição
dessa natureza, dotando-as das
capacidades e condições para a
prossecução do nobre objectivo
da defesa e garantias de segurança para que
foram mandatadas.
Pelo contrário, no país que nos
orgulhamos de servir, os governantes e as
elites dominantes consomem uma parcela
da sua energia a descredibilizar esse
fundamental instrumento de sustentação
do Estado, aditando riscos maiores aos
que vão acumulando em matéria de
preservação de soberania da pátria cujos
interesses foram incumbidos de acautelar.
Filhos de uma geração arredada de
valores cultivados pelos seus pais, os actuais
responsáveis políticos não conhecem e,
porventura, causa-lhes alguma estranheza
a cultura de uma instituição como a
militar, regida por normas de conduta
em que sobressaem valores éticos, como
o sentido de disciplina, a camaradagem,
a solidariedade, o espírito de sacrifício
e de serviço público, em clara oposição
ao distante e supremo paradigma do
"mercado", que tudo cilindra, ao ponto de
alienar países e povos inteiros para satisfação
de egoístas e gananciosos interesses.
Vem isto a propósito de notícias que têm
vindo a lume, relacionadas com a alegada
reforma do Estado, em que as Forças
Armadas e os militares serão uma vez
mais fustigados com leoninas e gravosas
medidas que, adicionadas a tudo o que os
vem afectando, traduzem bem o desvalor
conferido a um dos pilares fundamentais do
Estado.
Exauridas como estão as Forças Armadas,
só uma irresponsabilidade sem limite
explica o anunciado corte de 218 milhões de
euros no seu orçamento.
Neste contexto e sob o manto da
cegueira fundamentalista de empobrecer
os cidadãos deste país, têm surgido na
imprensa alusões à peregrina ideia de
suprimir o Suplemento da Condição Militar
(SCM) aos militares na situação de reserva.
Porque a desinformação,
sistematicamente sustentada na distorção
dos factos e até na própria mentira, faz
parte de uma estratégia repetidamente
utilizada para manipular a opinião pública,
procurando descredibilizar os militares e
as Forças Armadas, é para levar a sério uma
"encomenda" noticiosa deste jaez!
E essa intenção surge numa altura
em que os militares têm, no respectivo
NUNO FERREIRA SANTOS
posto, as suas remunerações reduzidas a
valores correspondentes a dois/três postos
inferiores à remuneração auferida em 2010.
Mais: surge ainda quando, de acordo com
um estudo recente, sustentado em dados
da Direcção-Geral da Administração e do
Emprego Público, em termos médios, a sua
remuneração-base ocupa o 27.° lugar, num
conjunto de 31 grupos socioprofissionais
da Administração Pública! Depois dos
militares contam-se
apenas os técnicos
de diagnostica
e terapêutica,
assistentes
técnicos, técnicos
operacionais e a
Polícia Municipal.
Por outro lado,
considerando
que, no âmbito da
remuneração dos
militares, o SCM
assume a natureza
de remuneração
certa e permanente,
tendo em conta
ainda os descontos
que sobre esse
valor incidiram
durante toda uma
carreira, são óbvias
as implicações que
a sua subtracção
traria ao já parco
rendimento e ao
cálculo da pensão
de reforma. Os
efeitos seriam
de magnitude sísmica se e quando fosse
aplicada uma medida cega desta natureza!
Finalmente, importa ainda ter a noção de
que está em causa um universo fustigado
de há longos anos a esta parte por medidas,
qual delas a mais penalizadora das condições
de vida daqueles que um dia juraram servir
e defender a pátria, se necessário com
o sacrifício da própria vida, cumprindo
exemplarmente as suas missões, altamente
exigentes em diferentes domínios e aos quais
são cerceados inúmeros direitos, liberdades
e garantias constitucionalmente consagrados
para os restantes cidadãos.
Mesmo resistente, a corda um dia pode
partir-se...
Coronel, presidente da AOFA (Associação
de Oficiais das Forças Armadas)
Exauridas como
estão as FA,
só uma irresponsabilidade
sem limite
explica o
anunciado
corte de 218
milhões de
euros no seu
orçamento

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