domingo, 21 de abril de 2013

O COISO



Ministro da Defesa anuncia o fim do Instituto de Odivelas e cria condições para o encerramento a curto prazo do Colégio Militar


O actual Ministro da Defesa pretende realizar mudanças profundas, sem o mínimo de preparação, num período muito curto, com necessidade de investimentos elevados e com resultados que serão obviamente desastrosos.
Os Antigos Alunos, que apelam a acções concretas e sustentadas há mais de 10 anos, consideram inaceitável que uma infra-estrutura escolar excelente do nosso País seja subaproveitada em termos de frequência de alunos e de valorização de activos com prejuízos inaceitáveis e desnecessários, e acreditam que o modo irreflectido da mudança só irá agravar e nunca resolver este problema
É ainda lamentável e inaceitável que o Ministro da Defesa trate de forma ligeira o futuro de uma instituição bicentenária, que tanto contribuiu e continua a contribuir para o nosso País, formando jovens nas suas dimensões estruturantes da cidadania e da liderança, através de um modelo educativo único, assente nos pilares Académico, Desportivo e Militar:
• Por alguma razão é a instituição mais condecorada em Portugal
• Por alguma razão os nomes de artistas, cientistas, estadistas, militares e outros que se formaram no Colégio Militar estão em mais de duas mil ruas e avenidas em Portugal.
• Por alguma razão 1 em cada 73 alunos, desde sempre formados pelo Colégio Militar, foram condecorados com a Ordem da Torre e Espada, tendo também o Colégio formado cinco dos dezasseis presidentes da República Portuguesa (teriam sido seis não fora o destino do General Humberto Delgado).
• Por alguma razão foi a escola por onde passaram mais atletas olímpicos portugueses.
• Por alguma razão, num estudo quantitativo recente dirigido a pais e encarregados de educação, surge como a instituição de ensino secundário com maior notoriedade.
• Por alguma razão a comunidade de Antigos Alunos é tão unida e activa, nas vertentes de apoio e solidariedade, ao longo da vida, com os mais idosos e com os que passam por períodos de maiores dificuldades.
Quando no início do mandato o Ministro da Defesa anunciou reformas, acreditou-se que iria finalmente surgir um trabalho profissional de valorização da instituição. Quando o Ministro da Defesa visitou o Colégio Militar em 28 de Outubro de 2011 foi isso que prometeu mas infelizmente não cumpriu.
Após duas comissões para definir e programar as mudanças a concretizar, uma delas presidida pelo Prof. Marçal Grilo, surgiu em Setembro de 2012 um Despacho confuso, criando uma terceira comissão, com um mandato incompreensível, para definir e acompanhar mudanças pouco claras, num prazo completamente irrealista.
Lamentavelmente não foram envolvidas entidades que conhecem profundamente o Colégio Militar e as suas necessidades, como as Associações de Pais e Antigos Alunos.
Em 8 de Abril deste ano um Despacho do Ministro da Defesa comunica um programa de reformas, a concretizar em 2 anos, que prevê o encerramento do Instituto de Odivelas e a construção de um edifício novo nas instalações do Colégio Militar para instalar um internato feminino, garantindo-se que a fusão dos dois estabelecimentos evitaria a perda de postos de trabalho.
Em suma, uma trapalhada que o Ministro da Defesa poderia e deveria ter evitado!
A Associação de Antigos Alunos disse sempre que alguns aspectos da reforma deveriam ser objecto de uma reflexão mais aprofundada, tal como referido no relatório da comissão presidida por Marçal Grilo, e que a sua implementação deveria decorrer num período de 5 a 8 anos. O Ministro da Defesa pretende realizar uma reforma em 2 anos, sem qualquer aprofundamento ou preparação adequada.
Estamos em Abril, em plena fase de inscrições para o próximo ano lectivo e os encarregados de Educação não sabem o que vai ser o próximo ano lectivo, não sabendo se devem ou não manter os filhos neste desnorte.
É assim que se pretende aumentar o número de Alunos e aumentar a sustentabilidade? Quais são as verdadeiras intenções do Ministro da Defesa?
Chegou a hora de agir com bom senso e competência!
Sem investimentos e com capacidade de gestão adequada o Colégio Militar pode rapidamente gerar proveitos em vez de prejuízos, aproveitando a sua infra-estrutura ímpar e continuando a contribuir para um País que precisa cada vez mais de jovens formados com valores de cidadania e liderança.
As mudanças anunciadas pelo Ministro da Defesa poderão na sua maioria ser equacionadas e até talvez possam vir a ser implementadas. No entanto, a sua preparação e calendarização tem de ser feita de forma realista, profissional e participada.
Temos que lutar pela suspensão imediata do Despacho n.º 4785/2013 de 8 de Abril e evidenciar que o Colégio Militar, com algumas medidas concretas e de rápida implantação, tem condições para, a muito curto prazo, ser auto-sustentável.
Em paralelo, sem pôr em causa a sustentabilidade referida e a identidade do Colégio Militar, deverão ser seriamente equacionadas as reformas mais profundas, de forma empenhada, participada, realista e profissional.
Todos sabemos que liderança sem conhecimento e mudanças sem preparação são a garantia de fracasso. Por respeito institucional ao Colégio e por amor ao nosso País não podemos aceitar este destino para o Colégio Militar.
Direcção da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar
Lisboa, 11 de Abril de 2013

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