Instituto de Odivelas - Uma luta justa contra o seu encerramento
"Carinhosamente conhecido por Meninas de Odivelas, o Instituto de Odivelas foi fundado em 1900 pelo Infante D. Afonso de Bragança e encontra-se sob a alçada do Estado-Maior do Exército português e a tutela do Ministério da Defesa Nacional (MDN). Apesar de a sua fundação ter tido por objectivo e missão a educação de filhas de militares, de elementos da GNR, da PSP e de pessoal militarizado, o Instituto, que é hoje o único Colégio feminino com internato do país, alberga mais de 50% de educandas filhas de civis.
Vai sendo moda que, face a qualquer constrangimento financeiro, as primeiras medidas que o governo e todos aqueles que assinaram o Memorando de entendimento com a tróica germano-imperialista – PS, PSD e CDS – avancem, seja com o encerramento ou a fusão, seja com o desmantelamento ou, ainda, a venda de activos importantes para assegurar direitos e benefícios para o povo e quem trabalha.
Centenas de alunas, progenitores e professores do Instituto de Odivelas voltaram a proclamar esta 6ª feira, quer na concentração em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, quer na manifestação que os levou até ao Ministério da Defesa Nacional, o que se pode ler na Petição em defesa da Escola que neste momento circula nas redes sociais e não só: “O Instituto de Odivelas é uma Escola de valores, de competência e de rigor, forma mulheres equipadas para entender e lidar com a complexidade de situações que a vida oferece”, para além de garantir “…às famílias das alunas uma escola segura, que sempre se soube adaptar à realidade envolvente e tirar partido dela”, concluindo que “... para algumas alunas foi a sua única família, para outras uma extensão da sua família natural, para todas um espaço educativo de alto nível, capaz de despertar e estimular a curiosidade científica, o espírito crítico, ideais de acção em prol da comunidade e espírito de camaradagem”.
Se nem razões que se prendem com a história impedem o governo, através do MDN e do Estado-Maior do Exército de encerrar a Escola, muito menos, razões que se prendem com o “património constituído pelos laboratórios, as infraestruturas docentes e as colecções reunidas no Instituto para o ensino das ciências” que “ombreiam entre os melhores do país” os impedirão!
O que é certo é que é cada vez maior a procura do Instituto por parte de famílias e alunas, quer de várias regiões do país, quer de países de Língua Oficial Portuguesa, havendo presentemente um número recorde de solicitações para aceitação de inscrições na Escola.
Isto porque a escola soube conquistar, ao longo dos mais de 100 anos de existência, respeito e credibilidade que se reflectem no aumento da procura assinalado e contrariam as razões invocadas para o seu encerramento e transferência para o Colégio Militar.
Isto porque a escola soube conquistar, ao longo dos mais de 100 anos de existência, respeito e credibilidade que se reflectem no aumento da procura assinalado e contrariam as razões invocadas para o seu encerramento e transferência para o Colégio Militar.
Professores, gestores, trabalhadores e alunas, todos reconhecem que “ …a Escola soube dotar-se de uma gestão equilibradíssima e moderna, que, com os meios existentes e os inevitáveis planos de racionalização de recursos, soube estabelecer parcerias, acordos e convénios com o Município (de Odivelas, nota da redacção) que potenciam o valor da inserção da mesma no seu ecossistema geográfico e social, e que constitui uma mais valia inegável para a cidade de Odivelas”.
Todos reconhecem, ainda, que “…a diversidade do ensino é uma das riquezas dos sistemas educativos, apanágio de uma sociedade moderna, democrática e livre” e que, como tal, “também aqui não se vislumbra motivo que aponte para tal conclusão extrema”.
Quanto ao executivo camarário e a Susana Amador, presidente da CMO, não bastam declarações, em privado, de apoio e solidariedade à causa da manutenção do Instituto de Odivelas. Terá de ser público, visível e coerente. Senão, dos rumores que correm àcerca do destino que está traçado para o Mosteiro onde a escola está instalada, isto é, um Aparthotel, um Hotel de charme ou uma Pousada de luxo, só se poderá retirar uma ilação. Que quem terá de licenciar tais projectos – a Câmara Municipal de Odivelas – já terá de estar ao corrente da sua existência.
O encerramento, desmantelamento ou transferência do Instituto de Odivelas deixará pais e alunas mais pobres, é certo. Como mais pobre ficará o município de Odivelas e o país, se tal ameaça se vier a concretizar. Quanto mais rapidamente pais e alunas, munícipes de Odivelas e povo em geral, construírem fortes pontes de unidade e se capacitarem de que esta luta tem de se enquadrar na luta pelo derrube deste governo vende pátrias, liderado por Cavaco, Coelho e Portas, maiores serão as hipóteses de a sua luta pela manutenção desta prestigiada escola ter o sucesso que o país merece."
In Público
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