quarta-feira, 9 de outubro de 2013

ÁS ARMAS

Por ter sido verificado que estas escolas não davam lucro, decidiu-se fechar o Instituto de Odivelas, que era a escola que menos prejuízo dava e que estava no lugar mais alto do ranking
Muito se tem falado e discutido sobre o Instituto de Odivelas (IO), o Colégio Militar (CM), os números, o género.
Na semana passada teve lugar a inquirição de testemunhas no âmbito da providência cautelar da APEEAIO para que o MDN retroceda no seu plano de fusão do IO e CM. Ao ouvir as testemunhas do MDN fiquei espantada com a leviandade com que o ministério tratou todo este assunto.
Uma das testemunhas, directamente ligada ao gabinete da secretária de Estado e que acompanhou todo o processo, alegou que da parte do IO o MDN não recebeu nenhuma proposta. Como?! No final de 2012, a APEEAIO apresentou pessoalmente ao Ministro da Defesa Nacional, numa reunião bilateral, um plano de sustentabilidade e viabilidade do IO, que voltou a ser discutido numa reunião no início do ano corrente com o então secretário de Estado da Defesa Nacional e em meados do ano numa reunião conjunta com a Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (AAAIO). A testemunha mencionou que só lhe foram entregues "umas quantas cópias de PowerPoint com gráficos e setas". Que ignorância! Que leviandade! Que menosprezo pelas propostas apresentadas - mas que não impede o MDN de dizer que ouviu sempre as associações.
O MDN alega que mandou elaborar estudos e mais estudos, tendo até sido criada uma comissão técnica de acompanhamento (CTA). O actual coordenador da CTA fala em "grande êxito de integração" - teremos ouvido bem? Como podem falar em grande êxito quando no CM estão 2 (duas!) alunas no 10.o ano e 5 (cinco!) no 7.o ano? Mais: quando foi perguntado ao coordenador da CTA quantas alunas havia no CM, ele não sabia. Como é possível o coordenador da CTA não saber quantas alunas estão no CM, como estão a decorrer os primeiros dias, se as obras foram feitas ou não?! Que acompanhamento é este?
O estudo liderado pelo professor Marçal Grilo foi feito abrangendo a totalidade das três escolas, sem se ter em conta as especificidades de cada uma delas. Por ter sido verificado que estas escolas não davam lucro, decidiu-se fechar o Instituto de Odivelas, que era a escola que menos prejuízo dava e que estava no lugar mais alto do ranking. Uma pergunta: qual é a escola pública que dá lucro? No entanto, graças às medidas tomadas nos últimos dois anos, o IO está à beira de atingir o break-even. Este ano, faltam-lhe somente 14 alunas para esse ponto - que teria sido excedido caso o MDN tivesse autorizado as inscrições no 5.o ano. O estado investe mas esse investimento dá frutos. Ao contrário do que acontece em muitas outras escolas públicas, em que os alunos reprovam ano após ano e nos quais o Estado gasta o triplo ou mais sem resultado, no IO as alunas aplicam-se a fundo, estudam arduamente e o resultado está à vista: este ano, 95% entraram na primeira fase de ingresso no ensino superior, 67% na primeira escolha, três alunas em Medicina.
Com tantos estudos mandados elaborar pelo MDN, não existe nenhum sobre o futuro do património. O Instituto de Odivelas funciona no Mosteiro de São Dinis, em Odivelas, do século xii (onde se encontra o túmulo do Rei Poeta), cujos custos de manutenção são inseridos nos custos da escola. A nossa pergunta é bem clara e ainda não teve resposta do MDN: o que vai acontecer ao Mosteiro de São Dinis? Há rumores que apontam interesses económicos privados. Não queremos acreditar em boatos, mas sabemos que não há fumo sem fogo.
O Instituto de Odivelas tem de continuar aberto e a funcionar no Mosteiro de São Dinis em Odivelas. As alunas continuam cada vez mais alto. Que dizer de uma escola onde três alunas foram admitidas em Medicina e a grande maioria foi para os cursos da sua primeira escolha? Cada vez mais alto!
Presidente da Direcção da
Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas

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