O
coordenador da comissão de acompanhamento da reestruturação dos colégios
militares afirmou hoje, no parlamento, que estes estabelecimentos "não são nem
nunca serão autossuficientes", porque esse é um cenário "impossível e
inviável".
"Terão
que ter sempre uma parte de incentivo público. Tem que haver um compromisso de
financiar uma parte deste ensino, isso parece-me óbvio", afirmou o coordenador
da Comissão Técnica de Acompanhamento da Reestruturação dos Estabelecimentos
Militares de ensino não superior, Joaquim Azevedo, numa audição na Comissão de
Defesa da Assembleia da República.
Quando
a reforma das instituições militares foi anunciada pelo Ministério da Defesa, as
associações de pais e antigos alunos destes colégios vieram a público apresentar
propostas de financiamento alternativas que, garantiam, rentabilizariam as
instituições militares ao nível das outras escolas do sistema geral.
Hoje,
na comissão parlamentar, Joaquim Azevedo garantiu que a comissão de
acompanhamento "não recebeu nenhuma proposta específica" e declarou-se muito
cético, por exemplo, relativamente à capacidade do Instituto de Odivelas, com
encerramento anunciado para 2016, de reverter necessidades de financiamento
público anual na ordem dos três milhões de euros.
O
coordenador da comissão de acompanhamento acrescentou que as propinas pagas
pelos pais apenas cobrem entre 20 a 25% dos custos totais, e admitiu que não
faria sentido, na atual conjuntura económica, propor um aumento das
mensalidades.
Joaquim
Azevedo reconheceu que o fim do ensino diferenciado e a passagem para o modelo
de internato misto "é uma opção política", mas sublinhou que não encontrou, do
lado dos pais, qualquer justificação para contrariar a mudança, até porque
quando questionados sobre as razões que os levam a inscrever os filhos nas
instituições militares, "raramente o ensino diferenciado é apontado como uma
razão para a escolha", dando-se primazia à qualidade do ensino, por
exemplo.
O
responsável da comissão de acompanhamento sublinhou que não existe, entre o
Instituto de Odivelas e o Colégio Militar, um projeto de ensino verdadeiramente
diferenciado, e que são muitas vezes "questões emotivas e corporativas" a
sobreporem-se aos argumentos "racionais" que fundamentam a oposição à alteração
de modelo.
"Há
claramente um desconforto muito grande com as mudanças, mas não há nenhum
obstáculo em cima da mesa que diga que as coisas têm de ser assim [que têm de
permanecer inalteradas]", disse Joaquim Azevedo, que adiantou ainda que há já 70
inscrições de meninas para integrar o regime de externato do Colégio Militar, a
partir do próximo ano letivo.
Joaquim
Azevedo afirmou que nunca foi objetivo da reestruturação "interferir na matriz
educativa" dos colégios militares, porque "se trata de projetos importantíssimos
para o país", mas sublinhou que "há medidas de racionalização que não se podem
evitar".
Ainda
que reconheça que "os projetos educativos são bons" nos colégios militares, o
coordenador da comissão de acompanhamento frisou, no entanto, que não têm sido
suficientemente atraentes para captar jovens e que nos últimos anos estes
estabelecimentos têm vindo a perder alunos.
Daí que
esteja em marcha uma campanha de divulgação, em Portugal e nos Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), realizada através do corpo diplomático,
com o objetivo de "recrutar alunos no mercado internacional", porque não se pode
limitar o acesso a alunos portugueses, declarou Joaquim Azevedo.
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