>
>Caro Professor
José Pacheco Pereira,
>
>Um Despacho do Ministério da Defesa
Nacional extingue o Instituto de
>Odivelas Infante D. Afonso, fundado a
14 de janeiro de 1900 pelo
>Infante D. Afonso, irmão do rei D.
Carlos.
>O Instituto de Odivelas (IO), de acordo com este Despacho,
³funde-se² no
>Colégio Militar.
>
>
>Sei
que há grandes dramas sociais e enormes injustiças em Portugal para
>lá
dos media e do frenesim do momento imediato e mediático e que não
é
>politicamente correto defender escolas que, à partida, muitos acham
de
>³elite², ou nas palavras do Sr. Ministro Aguiar-Branco, de
casta.
>
>O Instituto de Odivelas funciona nas instalações que
incluem, em parte, o
>monumento nacional que é, desde 1910, o Mosteiro de
S. Dinis e S.
>Bernardo de Odivelas, fundado em 1295 pelo rei D. Dinis e
doado às
>freiras bernardas da Ordem de Cister.
>
>O Instituto
de Odivelas - Infante D. Afonso há mais de 100 anos que
>cuida e conserva
primorosamente tal monumento com mais de 700 anos de
>história e morada
eterna do rei D. Dinis. As alunas estudam nele,
>brincam nele e
respeitam-no. Sem graffitis ou intervenções da Parque
>Escolar. É uma
escola pública onde se pagam mensalidades calculadas em
>função do IRS,
mas não é uma PPP!
>
>Os monumentos nacionais e outros, como saberá
muito bem, implicam
>despesas e mais despesas em prol da identidade
histórica nacional. E são
>tantos aqueles a necessitar de intervenção
urgente!
>
>Visitei na Páscoa o Convento de Santa-Clara-a-Nova, em
Coimbra, morada
>eterna da Rainha Santa Isabel. Que trabalhos e
dificuldades enfrenta a
>Confraria da Rainha Santa Isabel! Que diferença
entre, por exemplo, o
>claustro daquele convento e o claustro Principal ou
o claustro da Moura
>do Mosteiro de Odivelas.
>
>É que
proteger o IO é uma espécie de ³2 em 1²: o Mosteiro de Odivelas e
o
>Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso, muito mais "rentável" do que
o
>³2 em 1² que levará inexoravelmente à extinção do IO e do
Colégio
>Militar. Este último tem 210 anos e é a segunda instituição de
ensino
>existente há mais tempo em Portugal, (a primeira é a Universidade
de
>Coimbra).
>
>Figuras públicas e políticas, da nossa vida
nacional têm defendido o IO:
>João Soares, Morais Sarmento, Medina
Carreira, Fernando Seara...
>
>Apelo a que que conheça as questões
pertinentes que o PCP coloca ao Sr.
>Ministro da Defesa
Nacional:
>
>
>
>Como
se compreende que no século XXI se pretenda fechar uma
instituição
>centenária que tanto deu a Portugal? Na monárquica Inglaterra
tal seria
>impensável! Na França republicana não se questiona a existência
da
>Maison d¹ Éducation de La Légion d¹Honneur!
>
>Agora tenho
de fazer uma declaração de interesses: sou professora de
>História no IO
há 22 anos. Tenho uma filha no IO e outra candidata ao 5.º
>ano que o
Despacho impede de ser admitida. Evidentemente, estou em casa e
>em causa
própria! Mas eu e as minhas filhas não somos "brâmanes". A minha
>filha
convive com colegas de muitas proveniências e situações
>sociofamiliares.
Não vive num ghetto privilegiado. Nunca assim foi no IO,
>desde 1900. A
título de curiosidade veja-se a diversidade, desde filhas
>de militares
órfãs e não órfãs, filhas de civis, internas e externas,
>brancas e
pretas, cristãs e muçulmanas, filhas de oficiais, de polícias e
>de
sargentos, filhas de licenciados e filhas de cozinheiras. E ainda,
a
>filha de Otelo Saraiva de Carvalho ou a mãe de Marcelo Rebelo de SousaŠ
A
>minha professora primária, antiga aluna do IO, era filha de um
ferreiro
>republicano de Odivelas.
>
>Mas mesmo que não
tivesse nada a ver com o IO, não poderia ignorar o
>contributo desta
escola para o Portugal positivo e permanente que
>sobreviveu, enquanto
instituição sólida e válida, à I República, ao
>Estado Novo e ao
PREC.
>
>Eu não sou do mundo do jogo político ou de táticas e
estratégias, ao
>sabor de sondagens, do calendário eleitoral, de
interesses pouco públicos
>mais velados ou mais descarados, se a expressão
me é permitida. Eu sou do
>mundo do país real. Conheço bem o meu país e
dou-o a conhecer às minhas
>filhas e às minhas alunas. As meninas de
Odivelas são um valor nacional.
>
>Quanto à reforma do IO/CM/IPE, há
propostas das associações de antigos
>alunos e de antigas alunas e das
associações de pais e encarregados de
>educação. O trabalho que o Coronel
José Serra, atual Diretor, tem feito
>no IO tem sido excecional: a
Comissão da Defesa Nacional da Assembleia da
>República constatou-o eŠ
bateu-lhe palmas!
>
>Apelo a que conheça o trabalho hercúleo que
associações de antigas alunas
>e de antigos alunos, de pais e de
encarregados de educação vêm
>desenvolvendo, concluindo que facilmente e a
curto prazo se atingirá a
>sustentabilidade económica das escolas em
separado.
>
>Apelo a que conheça a opinião, agora cautelosa, de
Marçal Grilo que
>presidiu a uma comissão de trabalho para a reforma do
CM/IO/IPE.
>
>Há anos que as alunas do IO são medalhadas e premiadas
pelo seu mérito,
>trabalho e esforço. Entram nas universidades e na vida
ativa e tornam-se
>cidadãs reconhecidas pelo seu método, organização,
espírito de equipa,
>pelas suas qualidades científicas, técnicas e
humanas.
>
>O Projeto Educativo do IO é válido. Convido-o a visitar
o site do IO.
>
>
>Um simples
capitão afirmou em 1903: ³O Instituto é um estabelecimento de
>largo
futuro e bem merece a proteção de todos os militares e
poderes
>públicos".
>
>Cavaco Silva afirmou; ³O (...)
Instituto de Odivelas é uma instituição de
>elevada credibilidade, que
interessa a Portugal acarinhar e incentivar, e
>da qual têm saído mulheres
que têm prestado relevantes serviços ao País
>nas diversas áreas da
cultura, das artes e das ciências, fazendo votos
>para que continue a
preservar e honrar a sua história, as suas tradições
>e os seus
princípios.² (Discurso do Presidente da República Professor
>Doutor Aníbal
Cavaco Silva, aquando do 110.º Aniversário do Instituto de
>Odivelas, a 14
de janeiro de 2010. Página Oficial da Presidência da
>República
Portuguesa).
>
>O preconceito e a ignorância que norteiam alguns
políticos levam-nos a
>tomar medidas para ³inglês ver², julgando que se
vive no IO ²à grande é à
>francesa², ignorando o passado, apenas dele se
servindo para a eterna
>³lição² dos discursos de ocasião, de pompa e de
circunstância, ou para
>expressões históricas das quais pouco ou nada
conhecem. Não sabem,
>também, que existe numa cabeceira gótica que
sobreviveu ao terramoto de
>1755, a escultura de alabastro de Nossa
Senhora da Conceição oferecida,
>em 1900, pela rainha D. Maria Pia às
alunas; não sabem da riqueza que é o
>património histórico, artístico e
educativo Mosteiro de
>Odivelas/Instituto de Odivelas.
>
>Por
formação pessoal e profissional, seguirei os meus dias com o lema
que
>adotei e no qual acredito: "A memória cativa as coisas num lugar
fabuloso
>que é onde mora a esperança." (Agustina
Bessa-Luís).
>
>E não pode ser de outra forma!
>DUC IN
ALTUM!
>Grata pela atenção
dispensada,
>Cumprimentos,
>Margarida Cunha
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