quarta-feira, 23 de julho de 2008

VLADIMIR MAIAKOWSKY


Na primeira noite eles se aproximam
e colhem uma flor do nosso jardim,
e não dizemos nada.

Na segunda noite já não se escondem.
Pisam as flores, matam o nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles
entra ,sósinho,em nossa casa
rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada


*suicidou-se , aos 37 anos , envergonhado , triste e submisso

2 comentários:

Almir Polycarpo disse...

No Brasil, a tomada do Estado pelo partido oficial nos obriga a refletir sobre esta antiga poesia. Lutemos ao menos para manter a voz na garganta.

marcunster disse...

Concordo integralmente com Almir Polycarpo. A cada dia, cada vez mais, pisam nossas flores, matam nosso cão, e permanecemos silentes. Incapases de manisfestar nossa indignação. Isto é preocupante.