Por Marcos Perestrello (actual Secretário de Estado da Defesa), em Agosto de 2009, no "Expresso".
Completo este mês 38 anos. Pertenço às primeiras gerações que, de forma generalizada, não prestaram serviço militar. Já apurado na inspecção e com incorporação marcada na Base Aérea da Ota para meados de Junho de 94, recebi um postal que me mandava ficar na reserva. A mesma notificação foi recebida por todos os que naquela data se deveriam apresentar.
Anos mais tarde, tive o privilégio de fazer o curso de Auditor, no Instituto de Defesa Nacional, o que me permitiu conhecer com mais profundidade as questões militares e compreender melhor a importância das Forças Armadas.
Quando, em 1999, por razões profissionais, conheci de perto muitos militares, tive a oportunidade de confirmar que a grande maioria deles exerce as suas funções de acordo com princípios de honradez, patriotismo, lealdade e profissionalismo.
Os que, como eu, estão à beira dos 40 anos vivem num país integrado no espaço europeu, onde apenas conheceram a paz. Somos uns privilegiados face às gerações que nos antecederam. Só de forma indirecta convivemos com a guerra, por via de pais, tios ou avós que combateram em África.
Não é este o momento para discutir aqui as vantagens e inconvenientes da existência do Serviço Militar Obrigatório. Preocupa-me, no entanto, o afastamento progressivo e o desconhecimento da generalidade das novas gerações face à realidade militar.
As missões internacionais, que as Forças Armadas Portuguesas têm desempenhado com elevado brio, demonstram a importância da instituição militar na Defesa Nacional e na afirmação do país, pois permitem que Portugal participe activamente nos cenários geoestratégicos em que está inserido.
Mas, antes disso, não podemos esquecer que os portugueses devem aos militares a Revolução do 25 de Abril. Sem derramamento de sangue, os "capitães" derrubaram a ditadura e, em pouco tempo, devolveram o poder aos civis, voltando aos quartéis com a única recompensa de terem a consciência tranquila por haverem cumprido o seu dever para com Portugal.
Os militares fizeram a revolução fundadora do regime, mas não quiseram receber qualquer privilégio institucional ou corporativo. Muitos deles até foram pessoalmente prejudicados.
Pelo que fizeram, pelo que são e representam, são credores do respeito e reconhecimento do país e do poder político civil, que o representa. Acresce que a carreira militar é permanentemente sujeita a formação e avaliação e obedece a regras exigentes, onde a progressão depende do mérito, competência e experiência.
A democracia tem, por isso, que ser capaz de atribuir aos militares um estatuto profissional que esteja à altura da sua dignidade e do seu papel, que não é inferior ao de outros corpos do Estado.
A urgência desta atribuição e deste reconhecimento é grande. O Portugal democrático deve aos seus militares uma justiça que é também uma reparação por esquecimentos inaceitáveis.
Anos mais tarde, tive o privilégio de fazer o curso de Auditor, no Instituto de Defesa Nacional, o que me permitiu conhecer com mais profundidade as questões militares e compreender melhor a importância das Forças Armadas.
Quando, em 1999, por razões profissionais, conheci de perto muitos militares, tive a oportunidade de confirmar que a grande maioria deles exerce as suas funções de acordo com princípios de honradez, patriotismo, lealdade e profissionalismo.
Os que, como eu, estão à beira dos 40 anos vivem num país integrado no espaço europeu, onde apenas conheceram a paz. Somos uns privilegiados face às gerações que nos antecederam. Só de forma indirecta convivemos com a guerra, por via de pais, tios ou avós que combateram em África.
Não é este o momento para discutir aqui as vantagens e inconvenientes da existência do Serviço Militar Obrigatório. Preocupa-me, no entanto, o afastamento progressivo e o desconhecimento da generalidade das novas gerações face à realidade militar.
As missões internacionais, que as Forças Armadas Portuguesas têm desempenhado com elevado brio, demonstram a importância da instituição militar na Defesa Nacional e na afirmação do país, pois permitem que Portugal participe activamente nos cenários geoestratégicos em que está inserido.
Mas, antes disso, não podemos esquecer que os portugueses devem aos militares a Revolução do 25 de Abril. Sem derramamento de sangue, os "capitães" derrubaram a ditadura e, em pouco tempo, devolveram o poder aos civis, voltando aos quartéis com a única recompensa de terem a consciência tranquila por haverem cumprido o seu dever para com Portugal.
Os militares fizeram a revolução fundadora do regime, mas não quiseram receber qualquer privilégio institucional ou corporativo. Muitos deles até foram pessoalmente prejudicados.
Pelo que fizeram, pelo que são e representam, são credores do respeito e reconhecimento do país e do poder político civil, que o representa. Acresce que a carreira militar é permanentemente sujeita a formação e avaliação e obedece a regras exigentes, onde a progressão depende do mérito, competência e experiência.
A democracia tem, por isso, que ser capaz de atribuir aos militares um estatuto profissional que esteja à altura da sua dignidade e do seu papel, que não é inferior ao de outros corpos do Estado.
A urgência desta atribuição e deste reconhecimento é grande. O Portugal democrático deve aos seus militares uma justiça que é também uma reparação por esquecimentos inaceitáveis.
"Começa bem , se assim continuar a pensar"
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