Ao ser empossado como Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
assume o Senhor General Luís Araújo o mais elevado cargo da hierarquia militar,
sendo-lhe conferidas as mais altas responsabilidades a nível do comando
operacional das forças e do aconselhamento militar aos órgãos de soberania com
competência na área da Defesa Nacional.
Uma palavra de profundo reconhecimento é devida ao General Valença Pinto, que
termina o seu mandato. É da maior justiça salientar a elevada competência e o
apurado sentido do interesse nacional com que desenvolveu o processo de
transformação das nossas Forças Armadas, bem como a forma altamente dignificante
como representou Portugal nas organizações internacionais de que fazemos parte,
prestigiando o País e as suas instituições militares.
Assume o Senhor General Luís Araújo as suas funções numa conjuntura externa
complexa e objecto de profundas mudanças.
A NATO aprovou, em Lisboa, um novo conceito estratégico, a fim de se adequar
aos desafios e ameaças que enfrentamos. É com sentido de responsabilidade que
Portugal reitera o seu empenhamento no âmbito desta Organização, adaptando e
aprontando as suas forças para a nova tipologia de missões que nos é
solicitada.
O novo conceito comporta também uma maior concertação estratégica e de
capacidades entre a NATO e a União Europeia, já perspectivada, aliás, no Tratado
de Lisboa e que se revela essencial para a racionalização dos esforços e dos
meios postos à disposição das duas organizações, na promoção da segurança e
defesa colectivas.
Por outro lado, o fortalecimento da lusofonia e da Comunidade de Países de
Língua Portuguesa é um desafio a vencer e uma oportunidade a explorar.
Partilhamos de um conjunto de valores, de uma história e de uma língua comuns
que temos obrigação de defender e de difundir, em respeito pelo nosso passado e
como investimento no nosso futuro. De entre as múltiplas frentes envolvidas,
destacaria aqui, naturalmente, a cooperação técnico-militar com os países de
expressão portuguesa.
No plano interno, o apoio das Forças Armadas à população e a cooperação com
as forças e serviços de segurança revelam-se cada vez mais necessários, em
função das ameaças transnacionais e dos próprios riscos associados a um
ecossistema instável.
O desempenho das missões não pode, bem entendido, ser desligado dos
constrangimentos financeiros que caracterizam a actual situação do País. Importa
actuar com equilíbrio e racionalidade, por forma a atenuar o impacto das
restrições orçamentais no reequipamento, na gestão dos efectivos e no produto
operacional das Forças Armadas.
E há, desde logo, que estabelecer criteriosamente um conjunto de prioridades
na afectação de recursos e no redimensionamento de estruturas, num quadro de
dificuldades que os militares compreendem.
Senhor General Araújo,
Entre as áreas de esforço que se perfilam no mandato de Vossa Excelência,
encontram-se certamente a consolidação e o desenvolvimento das reformas em
curso, na sequência da legislação aprovada nos últimos dois anos.
Destacarei, por um lado, o desenvolvimento dos processos de racionalização e
integração de estruturas nas Forças Armadas, em particular nas áreas do comando
conjunto e do ensino superior militar e, por outro, a conclusão da instalação do
Hospital das Forças Armadas, em cuja sede caberá encontrar as soluções que
melhor se adaptem aos objectivos definidos.
Não será de todo compreensível que outros interesses, que não os da
instituição, se sobreponham à operacionalidade e à qualidade do serviço prestado
aos elementos das Forças Armadas e à família militar.
A integração e partilha de outros serviços e capacidades militares afigura-se
também como um caminho que a actual conjuntura geopolítica permite e que a
situação económica que enfrentamos aconselha.
Impõe-se, ainda, proceder à análise do impacto das restrições orçamentais na
Lei de Programação Militar, restabelecendo prioridades de modo a garantir, em
primeira instância, o cumprimento das missões que nos estão cometidas no âmbito
dos compromissos actualmente assumidos.
A nossa segurança e a nossa afirmação como Estado têm, cada vez mais, de ser
prosseguidas longe do território nacional, exigindo, no quadro das alianças
internacionais, uma aposta crescente na segurança cooperativa e na repartição
solidária de esforços, recursos e capacidades.
As Forças Armadas constituem-se, neste quadro, como instrumento indispensável
da política externa do Estado e factor preponderante para o sucesso das missões
humanitárias e de apoio à paz.
A coordenação da participação e emprego das Forças Nacionais Destacadas no
exterior do Território Nacional merecerá, certamente, a melhor atenção de Vossa
Excelência, assim como a cooperação entre as Forças Armadas e os serviços de
protecção civil, para o apoio às populações em situações de risco e
emergência.
Os Portugueses confiam e reconhecem-se nas suas Forças Armadas.
O reconhecimento do desempenho das nossas Forças Armadas tem sido
consequência da coesão reforçada que manifestam, das referências e valores em
que a sua organização mostra assentar e do elevado grau de preparação
evidenciado no cumprimento de missões complexas e de risco, nos mais diversos
teatros de operações, o que lhe tem granjeado justo prestígio
além-fronteiras.
Senhor General Luís Araújo,
A longa e bem-sucedida carreira de Vossa Excelência confere-lhe a experiência
e as competências necessárias para o exercício das altas funções em que está
investido, assim como a autoridade para congregar os esforços e as dinâmicas da
Instituição Militar na prossecução dos objectivos superiormente definidos e para
proporcionar ao poder político os melhores fundamentos para a tomada de
decisão.
Vossa Excelência saberá, certamente, encontrar a forma mais adequada de
cumprir a exigente missão que agora lhe é confiada, a bem de Portugal e das suas
Forças Armadas. Contará, para tanto, com o apoio e a solidariedade institucional
do Presidente da República e Comandante Supremo.
Obrigado.
1 comentário:
O que é que ele disse ???
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