Mais um de má memória. Um desastre este consulado!
Cortes em cima de cortes; desconsideração permanente; piadas e informalidades de mau gosto; infeliz despedida do anterior Cemgfa; chuva de demagogia bem articulada; enfim, uma desgraça completa.
Brindou-nos com o “granel” na saúde militar; a vergonha dos congelamentos nas promoções e a inenarrável e achincalhante, inspecção das Finanças, aos Ramos.
Finou-se com a degradação da categoria do Comando da NATO, em Oeiras, para uma função inexpressiva – uma derrota inquestionável do Estado Português.
Saiu, assim, de sendeiro depois de ter dado umas quantas facadas na Instituição Militar (IM). Um “práfrentex”que se prazia de tratar generais por tu (e eles deixavam), e de tecer alegorias de gosto duvidoso. Passamos a vida a aturar politicos absolutamente impreparados para os cargos que lhes são atribuídos, vá-se lá saber porque bulas, e ninguém lhes assenta as costuras.
O homem saiu em beleza:
Chamou os quatro chefes militares, na véspera de ir pregar para outra freguesia (o chefe do Exército não estava tendo enviado o chefe de gabinete) e, depois de mais uma tentativa alegórica (será que ele lê a bíblia?), entre chefes militares e instrumentistas de uma orquestra sinfónica, abriu uma gaveta donde retirou quatro medalhas de ouro de serviços distintos (vá lá que foi sem palma, mas ele também não saberia a diferença), e entregou-as a cada um dos quatro estrelados, cujo “fácies” gostaria de ter visionado, na altura. E eles aceitaram…
A menina que ele escolheu para chefe de gabinete, em vez do major general que sempre assessorou o MDN, certamente não estará por dentro dos meandros do Regulamento da Medalha Militar, nem das regras da instituição, para poder alertar a “malhadora personagem”de que não se distribuem condecorações, nas FAs, como beijos e abraços nas campanhas eleitorais. A ignorância sempre foi atrevida, mas deve haver limites para a imbecilidade.
Mais grave, porém, é a herança que vai deixar para o próximo ministro (é curioso que ambos foram escolhidos para irem à reunião do Grupo de Bildeberg, em 1996) – já aí está outro que não fez recruta e a quem vai ser preciso ensinar tudo – a questão da devolução de dinheiro, que o Ministério das Finanças - mancomunado com o seu colega da Defesa - quer que se faça, referente a promoções ocorridas em 2010, e que consideram ilegais.
As promoções fazem-se, há décadas, segundo regras fixadas em leis e regulamentos e a competência para as fazer também está devidamente legislada – e parece ser isto que está verdadeiramente em causa…
As FAs limitaram-se a cumprir o estatuído do anterior e que se explica em termos simples:
Quando um militar sai do respectivo Ramo para ir prestar serviço fora do mesmo – e há muitas situações destas – dá vaga a qual é preenchida por quem está imediatamente à sua esquerda na lista de antiguidade. O sistema é equilibrado quando os referidos militares voltam ao Ramo e quando não existe vaga, ficam supranumerários, ocupando a vaga logo que esta ocorra. O sistema é bom, está testado pelo tempo e é adequado à expedita gestão de pessoal, os quais estão condicionados pelas imposições da condição militar – não tem paralelo em nenhuma outra profissão.
Ora tudo isto foi posto em causa por um qualquer adiantado mental das Finanças que deve julgar que pode gerir a IM do mesmo modo que os partidos políticos. Ainda por cima querendo passar para a opinião pública o ónus da desconfiança, incompetência e irresponsabilidade. O que representa mais uma agressão gratuita a juntar à desconsideração e desvalorização das FAs consubstanciada na outorga medalhistica ministerial.
Já assisti a um golpe de estado e à queda de um regime politico, por muito menos do que isto. Repito, por muito menos do que isto.
J.Brandão Ferreira
25/06/2011
Com a devida vénia
J.Brandão Ferreira
25/06/2011
Com a devida vénia
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