As
associações de militares nunca foram recebidas pelo actual Presidente da República
(PR), mas esperam, com a vigília de hoje junto ao Palácio de Belém para que Cavaco Silva actue para preservar a
família militar" dos cortes impostos pelo Orçamento do Estado de 2012.
"Esperamos fazer que o PR, como
Comandante Supremo das Forças Armadas, fique mais sensível aos problemas dos
militares e possa exercer a sua influência, não promulgando o orçamento ou pedindo a
sua fiscalização preventiva" pelo Tribunal Constitucional, afirmou ontem
ao DN o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), Manuel
Cracel.
Para o presidente da Associação Nacional
de Sargentos (ANS), Lima Coelho, "não se trata apenas das associações, mas
do universo da família militar" - em nome da qual foi feita uma manifestação no
passado dia 12, em Lisboa, que terminou com os milhares de participantes a
assobiarem fortemente Cavaco Silva.
Uma semana depois desse protesto e no dia
seguinte ao seu regresso dos EUA, Cavaco Silva recebeu em Belém o chefe do
Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA), general Luís Araújo - numa
audiência divulgada publicamente, o que causou uma dupla surpresa em diferentes
fontes ouvidas pelo DN: o anúncio em si mesmo e o facto de essa ser a
primeira vez que Cavaco Silva recebia o seu principal chefe militar, a quem deu
posse em Fevereiro passado.
Como "o Presidente tem tido tanta
preocupação em convidar a família militar para cerimónias públicas como o 10 de
Junho, dando visibilidade aos ex combatentes e aos deficientes das Forças
Armadas, agora não faz sentido que fique insensível aos apelos desse universo a
que dá atenção nos dias festivos", sustentou o sargento-chefe Lima Coelho.
Segundo o coronel Manuel Cracel, o facto
de Cavaco Silva nunca ter recebido os dirigentes associativos reflecte "a postura
de alguma ausência do PR face à realidade militar em geral. No caso das
associações, olha-as como um elemento que julga desnecessário ouvir";
acrescentou.
Lima Coelho mostrou-se mais cáustico
perante a recusa de Cavaco Silva em ouvir as associações, frisando que há
"uma leitura com várias vertentes" para uma atitude que rompe totalmente com a prática
dos antecessores - particularmente de Jorge Sampaio - e dos restantes órgãos de
soberania.
De acordo com o líder dos sargentos,
"ou o Presidente está mal informado ou está mal assessorado sobre as
associações" e os seus objectivos. Outra hipótese, admitiu Lima Coelho, é Cavaco Silva
"ter um qualquer preconceito que não faz sentido, pois há uma lei que
suporta a existência das associações e o PR sabe que a
legislação deve ser cumprida". Note-se que nem o chefe da Casa Militar do
Presidente ouviu as associações sobre os problemas socioprofissionais dos militares.
Sem comentários:
Enviar um comentário