quarta-feira, 18 de junho de 2014

CLARO, POIS CLARO

"O general Garcia dos Santos demitiu-se de vogal do Conselho das Ordens Nacionais, em sinal de rutura aberta com o Presidente da República, Cavaco Silva, que o havia convidado para o cargo em 2011.
Em declarações ao Observador, o militar explicou que foi a atitude “coerente”, depois das críticas que fez ao Presidente da República a propósito dos 40 anos do 25 de abril. “Como me insurgi contra ele e como estou num cargo que depende dele, achei que não posso ser incoerente”, explicou, considerando que Cavaco Silva “é o principal culpado pela situação do país”.
Garcia dos Santos foi o responsável pelo plano de transmissões do golpe do 25 de abril, mais tarde foi chefe da Casa Militar do Presidente da República Ramalho Eanes e chefe do Estado-maior do Exército. Presidiu ainda à antiga Junta Autónoma das Estradas, a convite de um Governo de António Guterres.
Num almoço comemorativo dos 40 anos do 25 de abril, na sede da Associação 25 de abril, o general afirmou que “Portugal anda sem rumo” e acusou Cavaco de ser “um cobarde e uma nulidade completa”. Lembrando o percurso académico e político de Cavaco Silva, Garcia dos Santos defendeu ainda que o Presidente “sabia perfeitamente como devia pôr cobro à situação que o país atravessa”: há cinco anos “devia ter dado dois murros na mesa” e chamado os partidos para se entenderem a fim de resolver os problemas do país.
A exoneração do Conselho das Ordens Nacionais, a pedido do militar, tem a data de 3 de junho, ou seja, poucos dias antes da cerimónia do Dia de Portugal, em que foram condecoradas várias personalidades escolhidas pela Chancelaria das Ordens Honoríficas.
Garcia dos Santos era o único militar naquele Conselho (um dos vários que compõem a Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas), ao lado de figuras como o economista Jacinto Nunes, a cientista Elvira Fortunato, a ensaísta e professora catedrática Maria Alzira Seixo ou o ex-chefe da Casa Civil do Presidente da República Jorge Sampaio, José Bonifácio Serra."
In "O Observador", com a devida vénia


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