terça-feira, 12 de maio de 2009

E A MARINHA PARA NADA SERVE


Quem o ouça parece ser obra dele:


Portugal submete hoje à apreciação das Nações Unidas (ONU) a sua proposta de extensão da plataforma continental que, caso seja aceite, irá duplicar a Zona Económica Exclusiva (ZEE) do país para os 3,6 milhões de quilómetros quadrados.
Destak/Lusa destak@destak.pt
Em entrevista à agência Lusa, o secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, João Mira Gomes, explicou a importância deste projecto - que levou quatro anos a ser elaborado - para o país e referiu algumas das áreas que Portugal pode explorar com a aprovação desta proposta, como a energia.
“A energia é um dos aspectos essenciais, não só as energias fósseis, como o petróleo ou o gás, mas também os minérios e moléculas que podem ser utilizadas na industria farmacêutica. Tudo isto são áreas que existem [no espaço marítimo nacional] embora não saibamos ainda toda a sua dimensão e todo o seu valor, apesar de sabermos que nos dias de hoje estes são sectores muito importantes”, afirmou Mira Gomes.
João Mira Gomes disse ainda que em termos ambientais Portugal poderá iniciar o “armazenamento no fundo do mar de dióxido de carbono da atmosfera”.
A Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, chefiada pelo engenheiro hidrográfico e oceanógrafo Manuel Pinto de Abreu, elaborou a proposta ao longo dos últimos quatro anos, onde através da ONU, Portugal pede à Comissão de Limites de Plataformas Continentais (CLPC) a duplicação da sua ZEE, que passa dos actuais 1800 milhões de quilómetros quadrados para os 3,6 milhões.
“Foram feitos mais de 1,8 milhões de quilómetros quadrados de levantamentos geográficos e geológicos, foram mais de 950 dias de mar”, referiu o secretário de Estado, sobre este projecto que envolveu um grupo fixo de 24 especialistas [entre cientistas, biólogos, geólogos e juristas] e outro grupo flexível que chegou às 70 pessoas.
A elaboração do projecto português contou também com o auxílio da Marinha Portuguesa, ao nível do Instituto Hidrográfico, e com a participação de oficiais e equipamento, e do ‘Remote Operated Vehicle’ (ROV), um robô submarino com capacidade de trabalhar até 6 mil metros de profundidade e que só existe em mais cinco países da Europa.
“Para que a CLPC aceite a proposta portuguesa, o projecto tem de provar que existe uma continuidade geológica entre a nossa plataforma actual e o resto, encontrar denominadores e composições comuns através das amostras”, afirmou João Mira Gomes, referindo que em todo o processo foram retirados “mais de 10 milhões de toneladas de rocha”.
“Para nós este processo é tão importante como foram os descobrimentos, são os descobrimentos do século XXI”, considerou.
O secretário de Estado da Defesa disse ainda Portugal pode “entregar e acrescentar elementos à sua proposta durante a avaliação”, mas que não é previsível que seja conhecido o veredicto sobre o projecto português “antes de 2013 ou 2014”.
“O trabalho não acaba na segunda-feira [hoje], estamos a trabalhar com países como Cabo Verde [na extensão da plataforma daquele país] e lançamos também uma proposta no âmbito da CPLP, para que se estabeleça uma estratégia para os oceanos”, disse João Mira Gomes.

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