NOTA: Este magnífico Militar e Homem foi Comandante de uma zona de guerra onde um elemento da CACINE também esteve.
Nascido na Madeira, foi muito jovem para Lisboa, onde fez o curso secundário no Liceu de Pedro Nunes. Concluído o ensino secundário, frequentou os estudos preparatórios militares na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ingressando de seguida no Curso de Infantaria da Escola do Exército, que terminou em 1939, como primeiro classificado do seu curso.
Em 1951 concluiu o curso de Estado-Maior com a classificação de Distinto. Em 1968, após a frequência do curso de Altos Comandos do Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM), no qual teve a classificação de Muito Apto, foi promovido a brigadeiro e em 1972 a general. Em 1953, frequentou o curso de Comando e Estado-Maior do Exército Norte-Americano, no Command and General Staff College, em Fort Leavenworth, Kansas.
Ao longo da sua carreira, foi comandante do Regimento de Artilharia n.º 1, professor e director dos Cursos de Estado-Maior, chefe do Estado-Maior do Quartel-General da Região Militar de Angola, comandante da Zona Militar Leste de Angola e comandante-chefe e governador da Guiné Portuguesa. Exerceu também as funções de adido militar e aeronáutico junto da Embaixada de Portugal em Londres.
Entre 1968 e 1970 foi Ministro do Exército do governo presidido por Marcelo Caetano. Em 21 de Setembro de 1973 tomou posse como governador da Guiné Portuguesa e comandante-chefe do Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), em substituição do general António de Spínola, que cessara funções a 6 de Agosto[2]. Ocupava estes cargos aquando da Revolução de 25 de Abril de 1974, à qual não aderiu[3]. Em consequência, foi preso no 26 de Abril de 1974, no Forte da Amura, em Bissau, pelos seus subordinados que faziam parte do Movimento das Forças Armadas[4]. Regressado a Lisboa, passou à situação de reserva em 14 de Maio de 1974, por despacho da Junta de Salvação Nacional.
Ao longo da sua carreira foi condecorado com a Medalha de Ouro de Valor Militar, com palma, com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos, com palma e com a grã-cruz da Medalha de Mérito Militar.
Em co-autoria com os generais Joaquim da Luz Cunha, Kaúlza de Arriaga e Silvino Silvério Marques publicou o livro de depoimentos África, Vitória Traída[5].
1 comentário:
Vai amanhã ser enterrado na cidade do Porto um dos maiores Generais que tive a honra de conhecer, ser seu subordinado em Angola e, pela sua generosidade, também seu amigo.
Da sua vida militar e das suas extraordinárias qualidades de Comando não devo, não posso e nem sei falar, pois sou infinitamente pequeno para tal poder ajuizar. Posso, porém, falar do Amigo, do Mestre Generoso que, durante anos, me aconselhou e corrigiu até alguns dos textos aquando iniciei esta minha tarefa de contar histórias. Na luz coada da biblioteca e no restaurante da Sociedade de Geografia, tive oportunidade de escutar detalhes, ouvir e esclarecer factos, circunstâncias e acontecimentos, recentes ou mais afastados, referentes ao tempo histórico que nos tocou viver.
Em nenhuma ocasião dei conta de ter guardado ódios ou ressaibiamentos sobre as muitas injustiças que lhe foram feitas. Mesmo quando detalhava sobre esses tempos e traições, de tantos que reputara terem sido seus amigos e colaboradores, encontrava, sempre, no humor e na generosidade do seu enorme coração, a atenuante de comportamentos indecorosos. No seu coração não havia espaço para o ódio.
Neste tempos de pigmeus foi um Homem diferente.
Quando assentarem as poeiras e nada mais possa restar de uma Pátria Independente senão outro grito como aquele deixado no Estreito das Termópilas, serão os Historiadores que lhe farão a Justiça que os contemporâneos lhe negaram em vida. Do seu espólio e do acervo de documentos emergirá o Homem, modesto e simples, estudioso e reflexivo, que planeava com detalhe e agia com determinação e coragem, indiferente a políticas mas sempre atento e pronto a poder servir Portugal.
Foi assim quanto Soldado, Estadista e Governante.
Na Guerra, como General Comandante da Zona de Intervenção do Leste de Angola, foi já reconhecidamente admirado por aqueles que na circunstância eram o Inimigo, como o grande vencedor que foi muito além da sua Missão, abrindo escolas, hospitais, pontes e estradas, que garantiram às populações o desenvolvimento negado em séculos de colonização: o derradeiro General vencedor!
O Senhor General Bethencourt Rodrigues, "COMANDO" Honorário, foi agraciado ao longo da sua carreira militar com a Medalha de Ouro de Valor Militar, com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos com Palma, e com a Grã-Cruz da Medalha de Mérito Militar.
Clarins, toquem a SILÊNCIO.
Morreu hoje um SOLDADO de Portugal !
Paz à sua alma.
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