terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CABINDA, UÉ


Portugal só falará de Cabinda se falhar a OPA lançada pelo MPLA sobre.... Portugal

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Por ORLANDO CASTRO * - Alto Hama*



A UNITA no seu anteprojecto de Constituição elegeu a descentralização político-administrativa de Cabinda, por entender que é, era, seria, a via para a resolução da "complexidade dos problemas históricos" do que chama enclave.

A proposta referia que só essa "descentralização" permite "maior agilidade, participação democrática e eficiência" na administração territorial e "consolidação da paz política e social" em Cabinda.

Talvez por ter sido escrita em português, a proposta da UNITA não conseguiu ser digerida pelos donos do poder que, diga-se, só falam uma língua: o mplaês.

E eu penso, desde há muito tempo, que Cabinda não faz parte de Angola e que, por isso, deve ser um país independente. Dir-me-ão alguns, sobretudo os que se julgam donos de uma verdade adquirida nos areópagos da baixa política angolana ou portuguesa, que isso é uma utopia.

Mais coisa menos coisa, são os mesmos que há umas dezenas de anos diziam o mesmo a propósito da independência de Angola, de Moçambique, da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de Timor-Leste. São os mesmos que há pouco tempo diziam algo semelhante a propósito do Kosovo. São os mesmos que nesta altura dizem o mesmo quanto ao País Basco.

Mas, tal como se disse em relação a Angola e ao Kosovo, um dia destes estará por aqui alguém a falar da efectiva independência de Cabinda.

Até que esse dia chegue continuará a indiferença (comprada com o petróleo de Cabinda), seja de Portugal, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa ou até mesmo da comunidade internacional.

Portugal continua, como vem sendo hábito recente, de cócoras porque – com razão – teme que qualquer hostilidade em relação ao soba de Luanda (cidade que hoje comemora 434 anos) possa fazer com que Angola retire a Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre Portugal. E se isso acontecer será uma chatice.É por isso que Cabinda nunca consta oficialmente da agenda de encontros oficiais entre o consórcio que lidera a OPA e as entidades que gerem Portugal, caso do Governo e do presidente da República.

Eu sei que, no contexto africano, Portugal é do ponto de vista prático uma carta fora do baralho. Cada vez mais o poder do MPLA entende que as autoridades portuguesas fazem tudo o que ele quiser. Até agora tem sido assim. Até conseguem que Anibal Cavaco Silva, enquanto presidente da República, quando fala de Angola sinta necessidade de esclarecer que o país vai de Cabinda ao Cunene...

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