segunda-feira, 14 de maio de 2012

BONS TACHOS


O médico brasileiro Evandro Lucena será, provavelmente, o funcionário mais bem pago do Ministério da Saúde e quiçá do governo angolano. O especialista em cardio-cirurgia, colocado no Hospital Josina Machel em Luanda, aufere US $40 mil mensais, segundo apurou o Maka AngolaO salário do expatriado é 12 vezes superior ao do seu colega angolano com a mesma especialidade e do director do hospital, Alberto Paca, que ganham pouco mais do que o equivalente a US $3 mil por mês.
A escassez de especialistas na área não deve justificar a discrepância de salários entre o que aufere o angolano, formado no exterior do país, e o cidadão brasileiro. Mais grave ainda é a existência de médicos, formados também no exterior, com bolsas de estudo pagas pelo governo e que actualmente se encontram no desemprego.  Como ilustração, três especialistas em cardio-cirurgia, formados recentemente no Brasil, às expensas dos Serviços de Saúde Militar (SAMM), regressaram ao país e estão em casa, à espera de colocação.
No Hospital Militar, para onde se dirigiram, para colocação, por terem sido bolseiros do exército, receberam um estranho conselho. O director clínico da unidade, o general António Carvalho, sugeriu-lhes que procurassem emprego em outras unidades hospitalares. Segundo o general, afirmam as fontes, a cardio-cirurgia não é prioridade naquele hospital. “Há mais gente a morrer de paludismo do que de problemas do coração”, sentenciou o director clínico que, curiosamente, sofreu uma cirurgia ao coração, no exterior do país. Enquanto prestam serviços de subsistência, em clínicas privadas, os referidos médicos estão apenas obrigados a apresentarem-se à unidade militar uma vez por semana. O investimento público feito para a formação dos quadros não só é desperdiçado como mais fundos públicos estão a ser drenados para pagar um médico estrangeiro, quando bem poderia servir para empregar os especialistas angolanos no Hospital Josina Machel.
Para além do principesco salário auferido por Evandro Lucena, o médico brasileiro também é candongueiro. É ele quem fornece ao Hospital Josina Machel todo o material atinente à sua especialidade (instrumentos, linhas de sutura, meios informáticos), o que viola gravemente os preceitos da lei e levanta sérios problemas de ordem ética.
Fonte:Rafael Marques
 

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