O
11 de Março de 1975
I — DESCRIÇÃO CRONOLÓGICA DOS ACONTECIMENTOS
MARÇO DIA
8
17:00 — Praça das Flores — Através de contactos efectuados principalmente
por Miguel V.S. Champalimaud e tenente Nuno Barbieri reúnem-se vários
indivíduos, entre outros, coronel Durval de Almeida, José Maria Vilar Gomes,
João Alarcão Carvalho Branco, José Carlos V.S. Champalimaud, tenente Nuno
Barbieri e Miguel V.S. Champalimaud tendo estes dois últimos dito aos restantes
que estava planeada uma operação de grupos de extrema-esquerda, denominada
"Matança da Páscoa", na qual seriam mortos cerca de 1500 civis e militares entre
os quais o general Spínola.
Seria necessário assim desencadear uma acção para
neutralizar essa operação e que seria necessário também acompanhar o general
para Tancos donde se desencadearia toda a acção.
MARÇO DIA 9
22:00 — Praça
das Flores — Reúnem-se novamente alguns dos Indivíduos mencionados
anteriormente, com outros aguardando neste local instruções para seguirem para
Tancos.
Rua Jaú - Alcântara - Ao mesmo tempo desenrola-se uma reunião de
militares, entre os quais o general Tavares Monteiro, coronel Durval de Almeida,
tenente-coronel Xavier de Brito, tenente-coronel Quintanilha de Araújo, major
Silva Marques, tenente Nuno Barbieri e tenente Carlos Rolo onde este confirma a
"Matança da Páscoa" por notícias colhidas em Espanha, nos Serviços de Seguridad
Espanhola, donde chegara naquele momento. Estes elementos decidem dar
conhecimento e alertar o general Spínola dirigindo-se para Massamá.
MARÇO DIA
10
00:00 — Rua Jaú – Alcântara — Entretanto, por ordem do tenente Nuno
Barbieri, o alferes Jorge de Oliveira dirige-se à Praça das Flores onde indica
aos presentes que se devem dirigir para a Rua Jaú onde se encontram com outros
indivíduos, já contactados: José Maria Vilar Gomes, Miguel Champalimaud, António
Simões de Almeida, João Alarcão de Carvalho Branco, José Carlos Champalimaud,
António Ribeiro da Cunha, Gonçalo Bettencourt C. Ávila, Eurico José Vilar Gomes
que permaneçam neste local até lhes serem indicadas missões concretas.
02:15
— Massamá — Chegam à residência do general Spínola o general Tavares Monteiro,
coronel Durval de Almeida, tenente-coronel Xavier de Brito e tenente-coronel
Quintanilha onde falam com o general Spínola, a quem comunicam o que sabem.
É-Ihes por este, respondido já ter conhecimento dos factos através dos Serviços
Secretos Franceses. Entretanto o tenente Nuno Barbieri, tenente Carlos Rolo e
major Silva Marques planeiam o ataque ao emissor do Rádio Clube Português em
Porto Alto.
Depois destes contactos o general Tavares Monteiro e o coronel
Durval de Almeida dirigem-se para as traseiras da Igreja de S. João de Deus onde
se encontram com o tenente Nuno Barbieri que entretanto fora à Rua Jaú trazendo
consigo António Ribeiro da Cunha, José Maria Vilar Gomes e Miguel Champalimaud
que passam a fazer escolta armada àqueles três oficiais nos diversos contactos
que fazem em seguida.
10,30 — Lumiar — General Tavares Monteiro, coronel
Durval de Almeida, tenente Nuno Barbieri e os indivíduos que compõem a sua
escolta dirigem-se para casa do major Sá Nogueira, no Lumiar, onde almoçam e
donde fazem contactos nomeadamente com o comandante Alpoim Calvão e comandante
Rebordão de Brito.
15,00 — Aeroporto — Dirigem-se ao Aeroporto o general
Tavares Monteiro, coronel Durval de Almeida e José Maria Vilar Gomes onde se
encontram com o tenente-coronel Xavier de Brito e tenente-coronel Quintanilha
que vinham de fazer vários contactos com Unidades. Daqui seguem novamente para o
Lumiar onde vão chegando mais indivíduos como o comandante Calvão, major Silva
Marques, tenente Anaia e tenente Carlos Rolo. Nesta reunião é feito o ponto da
situação avaliando-se as forças que estão do lado dos revoltosos e meios
disponíveis. Definidas as missões de cada um, os presentes vão abandonando o
local ficando combinado o encontro de todos eles e do grupo de civis que se
encontravam ainda na Rua Jaú, na portagem da Auto-Estrada de Vila Franca de
Xira, onde esperariam pela chegada do general Spínola, seguindo daí para
Tancos.
21:30 — Massamá — Fazendo-se transportar num Mercedes alugado, o
general Spínola dirige-se, para a portagem da A. E. de Vila Franca de Xira,
acompanhado de uma escolta composta por civis armados.
22:00 — Portagem da A.
E. — O general Spínola, e seus acompanhantes, partem com destino a
Tancos.
22:30 — O brigadeiro Morais, comandante da Região Militar de Tomar,
desloca-se a Santarém e procura o coronel Alves Morgado, comandante da E.P.C.,
tentando aliciá-lo. Não conseguindo a adesão pretendida, insiste, através de um
contacto telefónico, cerca de 3 quartos de hora mais tarde. O novo encontro tem
lugar junto do café Central. Esta tentativa não logrou melhor êxito, mas o
coronel Morgado não denuncia as intenções dos revolucionários. Terceira
insistência é tentada na manhã seguinte, através de um enviado do brigadeiro
Morais - o capitão Veloso e Matos.
23:00 — No Restaurante "Fateixa", em
Carcavelos, o tenente-coronel Xavier de Brito encontra-se com o tenente-coronel
Almeida Bruno que, para o efeito, convocou o major Monge e capitão Luz Varela. O
objectivo deste encontro foi tentar aliciar o tenente-coronel Bruno e o major
Monge.
23:30 — Tancos — Chega à unidade o general Spínola, acompanhado do
tenente-coronel Carlos António Quintanilha Reis de Araújo, major Jaime Tomás
Zuquete da Fonseca, e 1°Tenente Carlos Alberto Juzarte Rolo que se dirigem a
casa (Bairro Militar) do major António Martins Rodrigues. Após alguns momentos,
chegam ao mesmo local o brigadeiro Francisco José de Morais, general Tavares
Monteiro, coronel Orlando Amaral, comandante Calvão, coronel Durão, coronel
Durval, coronel Moura dos Santos, general Damião, tenente-coronel Xavier de
Brito, major Simas, major Garoupa e outros.
MARÇO DIA 11
00:00 — Tancos —
Começam a chegar à B.A.3 mais elementos conspiradores que se reúnem em casa do
major Martins Rodrigues.
01:40 — É montado um sistema de segurança da Unidade
e é regulada a entrada de elementos vários que entretanto chegavam e cujas
viaturas não eram revistadas.
02:00 — Com a presença dos principais
responsáveis pelo golpe, é feito o ponto da situação e o planeamento das
operações a desencadear durante a manhã.
02:30 — O comandante da Base,
coronel Moura dos Santos, e o coronel Orlando Amaral contactam telefonicamente o
coronel Proença no Comando da 1.a Região Aérea, tendo lugar em seguida e ainda
em casa do major Martins Rodrigues uma reunião na qual se ultimam os pormenores
do golpe a desencadear.
08:00 — O coronel Moura dos Santos reúne alguns
oficiais e sargentos da unidade, aos quais dá conhecimento do que se vai
desenrolar. Simultaneamente o mesmo é feito por alguns oficiais, comandantes de
esquadra, major Mira Godinho, major Neto Portugal, e capitão Brogueira em
relação aos pilotos das suas esquadras, atribuindo-lhes em seguida as missões
respectivas.
09:00 — São feitos "breefings" ao pessoal. Com a presença do
coronel Moura dos Santos, major Zuquete, major Mesquita, major Mira Godinho,
major Neto Portugal e outros, o general Spínola faz uma alocução aos pilotos dos
helicópteros e dos T-6, em que se afirma estar a assistir-se à prostituição das
Forças Armadas e ser necessário intervir para manter a continuidade e a pureza
do processo desencadeado no 25 de Abril.
Os meios aéreos destinados a atacar
o R.A.L.1, aviões T-6, helicópteros e helicanhões começam a ser
municiados.
09:40 — Montijo — Por ordem do comandante da B.A.6, coronel
Moura de Carvalho são postos de alerta todos os meios aéreos, os aviões Fiat G91
e helicópteros Alouette III, enquanto se tomam medidas para defesa imediata da
Unidade, utilizando a companhia de Polícia Aérea conjuntamente com a companhia
nº 122 de Pára-quedistas comandada pelo capitão Terras Marques, que se
encontrava estacionada na B.A.6.
10:45 — Tancos — Começam a descolar os
primeiros meios aéreos destinados a atacar o R.A.L.1. Estes meios eram
constituídos por:
- 2 T-6 armados com metralhadoras e ninhos de foguetes
anti-pessoal, pilotados pelo major Neto Portugal e segundo-sargento Moreira,
tendo como missão o bombardeamento das instalações do R. A. L. 1, antenas da R.
T. P. e Forte do Alto do Duque.
- 10 Allouette III, transportando um grupo
de 40 para-quedistas. Dois dos helicópteros estão armados com canhão e têm como
missão o bombardeamento do R.A.L.1. São pilotados pelos majores Zuquete e Mira
Godinho, tendo aos canhões os alferes Oliveira e primeiro-cabo Carapeta,
respectivamente.
Nesta operação insere-se também o lançamento sobre Lisboa de
panfletos, missão que é executada por dois dos heli-transportadores, pilotados
pelos capitão Oliveira e tenente Jacinto. Os restantes heli-transportadores são
pilotados pelos alferes Chinita, alferes Afonso, alferes Mendonça,
segundo-sargento Ladeira, segundo-sargento Souto e furriel Emaúz.
- 3
Noratlas com 120 pára-quedistas destinados a cercar o R.A.L.1.
- 2 T-6
desarmados, com missão de intimidação. São pilotados pelo capitão Faria e
alferes Melo, ambos da B.A.7 e em diligência na B.A.3.
11:00 — Monte Real — O
comandante da B.A.5, coronel Naia Velhinho, na sequência de uma indicação que
lhe é transmitida de Lisboa por via normal, coloca essa base em estado de
prevenção rigorosa. Dessa situação decorreu a manutenção em alerta dos aviões a
jacto F-86F, armados com metralhadoras.
11:15 — Montijo — A B.A.6 entra de
prevenção rigorosa.
11:20 — Tancos — Descola, com destino a Monte Real
(B.A.5) um avião Aviocar pilotado pelo major Mesquita levando a bordo o coronel
Orlando Amaral, na situação de reserva e tenente-coronel Quintanilha, adjunto do
Chefe da 2.a Repartição do E.M.F.A., em missão de aliciamento.
11:30 — Monte
Real — Aterra o avião Aviocar vindo de Tancos (B.A.3), o qual transporta o
coronel Orlando Amaral e o tenente-coronel Quintanilha. Estes vão à presença do
comandante da B.A.5 a quem, na presença dos majores Simões e Ayala, anunciam a
existência de uma operação comandada superiormente pelo general Spínola e pelo
C.E.M.F.A., no caso da Força Aérea, a qual pretende repor a pureza do espírito
do 25 de Abril. O tenente-coronel Quintanilha revela que a operação já se terá
iniciado com um ataque aéreo ao R.A.L.1 e pede então ao coronel Velhinho que
envie aviões F-86F para fazer passagens baixas de intimidação sobre o R.A.L.1,
Avenida da Liberdade e COPCON. O comandante da base hesita, telefona para os
seus superiores em Lisboa donde não obtém esclarecimentos.
Entretanto o major
Simões faz uma sessão de esclarecimento aos pilotos da esquadra dos F-86F,
explicando-lhes por sua vez aquilo que ouvira no gabinete do comandante da base.
Nessa sessão alguns oficiais manifestam-se abertamente desconfiados e descrentes
do que lhes é dito, opondo-se a colaborar naquilo que consideram um golpe da
direita.
O coronel Orlando Amaral e o tenente-coronel Quintanilha regressam a
Tancos e com estes o major Cóias da B.A.5
11:30 — Todas as Unidades da Força
Aérea estão de prevenção rigorosa.
11:45 — Deslocam-se à B.A.3, de
helicóptero, o brigadeiro Lemos Ferreira e o tenente-coronel Sacramento Marques,
como delegados do C.E.M.F.A. e C.E.M.E., para procurarem esclarecer a
situação.
11:50 — R.A.L.1 — Esta Unidade é atacada pelos revolucionários que
na sua missão vêm a atingir as casernas dos soldados e os principais edifícios
do aquartelamento, resultando na morte do soldado Joaquim Carvalho Luís e 14
feridos. Neste, ataque são consumidas 220 munições de metralhadoras calibre
7,7mm e 99 foguetes Sneb 37mm anti pessoal dos T-6 e 318 munições de MG-151 de
20mm dos helicanhões.
11:50 — Montijo — Aterram dois helicópteros Alouette
III, estando um armado. O héli desarmado aterra numa das ruas de acesso à placa,
tendo deixado um pára-quedista ferido e cujo piloto, o alferes Chinita, também
ferido, vem a ser recuperado pelo héli canhão uns metros mais à frente.
12:00
— Aeroporto de Lisboa — É encerrado o tráfego civil.
12:00 — Quartel do Carmo
— Oficiais da G.N.R. no activo e outros já afastados do serviço, comandados pelo
general Damião, prendem o comandante-geral e outros oficiais.
12:20 — Tancos
— Descolam 3 Allouette, transportando 12 elementos para uma acção armada contra
as antenas do R.C.P., em Porto Alto. Um dos helicópteros está armado com canhão
e é pilotado pelo segundo-sargento Leitão, tendo ao canhão o segundo-sargento
Bernardo de Sousa Holstein. Os outros dois hélis são pilotados pelos alferes
Llaurent e segundo-sargento Serra.
12:20 — Montijo — Descolam 5 helicópteros
com destino a Tancos (B.A.3) tendo um deles transportado o pára-quedista ferido
ao Hospital da Força Aérea no Lumiar e juntando-se aos outros na
Chamusca.
12:50 — Lisboa — A 5.a Divisão do E.M.G.F.A. emite a seguinte
mensagem a todas as Unidades do Exército, Armada, Força Aérea, G.N.R., P.S.P. e
G.F.:
"O COPCON, a Comissão Coordenadora do M.F.A. e a 5.a Divisão do
E.M.G.F.A. alertam todas as unidades para se colocarem em estado de mobilização
para destruir forças rebeldes contra-revolucionárias que neste momento atacam
unidades do M.F.A.."
Este rádio foi seguido de outro semelhante enviado para
comandos militares das Ilhas Adjacentes e África.
13:00 — Porto Alto — Um
grupo de civis armados e comandados por 2 militares atacam o emissor do Rádio
Clube Português, interrompendo a emissão desta estação em onda média.
Os
atacantes faziam-se transportar em 2 helicópteros seguindo num o major Silva
Marques, António Simões de Almeida, João Alarcão Carvalho Branco e José Carlos
Champalimaud e no outro o 1°tenente Nuno Barbieri, José Maria Vilar Gomes,
Eurico José Vilar Gomes, António Ribeiro da Cunha e Miguel
Champalimaud.
Deste ataque resultou a paralisação da emissão e destruição de
material de elevada monta.
O general Spínola tenta aliciar, pelo telefone, o
major Jaime Neves, comandante do Batalhão de Comandos nº 11, que lhe responde só
obedecer à hierarquia a que está sujeito, o COPCON, com quem aliás já tinha
estado em contacto. O general Spínola procura, ainda, falar com o
tenente-coronel Almeida Bruno que está presente, mas que se esquiva.
Pouco
antes ou depois desta diligência o general Spínola estabelece contacto com o
tenente-coronel Ricardo Durão tentando obter por via deste e do capitão
Salgueiro Maia, a adesão da E.P.C. O capitão Salgueiro Maia não atende este
telefonema.
13:00 — Tancos — descolam 2 aviões T-6, pilotados pelos
segundo-sargento Gomes da Silva e furriel Falcão. Estão armados com
metralhadoras e ninhos de foguete anti-pessoal e têm como missão o ataque ao
R.A.L.1. A mesma hora descola um Allouette, armado com um canhão, pilotado pelo
alferes Jofre, com o alferes Figueiredo ao canhão tendo como missão o ataque ao
R.A.L.1. e outros possíveis objectivos.
13:10 — Lisboa — A Emissora Nacional
interrompe a sua programação normal e passa a transmitir directamente do Centro
de Esclarecimento de Informação Pública da 5.a Divisão do E.M.G.F.A.,
aconselhando a população de Lisboa a manter-se calma e vigilante em união com o
M.F.A. e seus órgãos representativos
13:20 — O major Rosa Garoupa telefona
para o major Casanova Ferreira comandante da P.S.P. de Lisboa, a pedir-lhe a
ocupação do Rádio Renascença e que pusesse "no ar" esta Emissora (na altura em
greve) com o fim de emitir comunicados dos revolucionários, acções que se não
concretizam.
13:22 — Monte Real — Descola a primeira parelha de F-86F,
comandada pelo major Ayala, a qual cumpre a missão que fora pedida ao coronel
Velhinho, sendo alvejada no COPCON.
13:30 — Lisboa — É transmitido pela E.N.
o primeiro comunicado da 5.a Divisão.
13:30 — Tancos — Descola um helicóptero
Allouette III a fim de transportar o brigadeiro Morais, de Tomar para a E.P.C. e
no regresso transporta, além deste, o tenente-coronel Ricardo Durão e o capitão
Salgueiro Maia. Aterram 5 helicópteros Allouette Ill vindos da B.A.6
13:30 —
Uma força da G.N.R. constituída por 5 moto-blindados aparece nas imediações do
G.D.A.C.I., tentando ocupar e desligar a antena da R.T.P. em Monsanto. Foram
interpelados e intimados a retirar por forças do COPCON o que fizeram
imediatamente.
14:00 — Monte Real — descola a segunda parelha de F-86F,
comandada pelo capitão Calhau, o qual acabará por sobrevoar os mesmos pontos de
Lisboa da primeira e ainda a estrada Santarém-Lisboa. A ambas as parelhas foi
dada ordem de não abrir fogo.
13:50 — Tancos — Descola um helicóptero
Allouette III, pilotado pelo tenente-coronel Quintanilha o qual se desloca com o
major Cóias à B.A.5, seguido por dois aviões Aviocar transportando
pára-quedistas.
Aí tenta garantir a neutralidade da base, ameaçando,
inclusivamente, que os pára-quedistas a ocupariam. Em seguida, quando alguns
sargentos, alertados por camaradas de Lisboa, tentam prender o tenente-coronel
Quintanilha, este evade-se no helicóptero acompanhado pelos Aviocar com
pára-quedistas que, entretanto, se tinham mantido sobrevoando a base de Monte
Real. As três aeronaves regressam então a Tancos.
14:30 — Tancos — Descolam
para Lisboa 2 aviões T-6, armados com metralhadoras e ninhos de foguetes
anti-pessoal, pilotados pelo segundo-sargento Jordão e segundo-sargento
Carvalho, tendo a missão de ataque a objectivos não apurados. A mesma hora,
descolam 2 aviões Noratlas, transportando uma companhia de tropas pára-quedistas
(75 homens) para Lisboa, para reforço da companhia anterior. Ainda à mesma hora,
descolam 2 aviões Aviocar, transportando 25 homens (pára-quedistas) para a
B.A.5
14:45 — É transmitido o primeiro comunicado emanado do Gabinete do
Primeiro-Ministro do seguinte teor:
"Esclarece-se a população terem-se
verificado hoje, de manhã, incidentes envolvendo forças militares reaccionárias
em tentativa desesperada de travar o processo revolucionário Iniciado a 25 de
Abril. Tais incidentes consistiram numa tentativa de ocupação do R.A.L.1,
envolvendo meios aéreos e terrestres. A situação encontra-se sob controle, pelo
que se apela para que a população se mantenha calma, sem abrandar contudo a sua
vigilância. A aliança entre o Povo e as Forças Armadas demonstrará, agora como
sempre, que a revolução é irreversível".
15:00 — Tancos — Descola um
Allouette III, armado com canhão, tendo como missão o ataque às antenas da
Emissora Nacional. É pilotado pelo segundo-sargento Souto e Silva e leva ao
canhão o capitão Jordão. A mesma hora, descolam 2 T-6, desarmados, pilotados
pelo alferes Melo e alferes Correia, com a missão de intimidação.
15:00 —
Tancos — Soldados e sargentos da B.A.3 amotinam-se contra os conspiradores e
arrombam as viaturas civis utilizadas pelos elementos estranhos donde retiram
armamento.
15:15 — A grande maioria dos pára-quedistas que atacaram o
R.A.L.1 depõem as armas e juntam-se aos militares desta Unidade. O brigadeiro
Otelo Saraiva de Carvalho dá conta ao País da normalização da situação.
15:30
— Tancos — Descola um Allouette III a fim de transportar o capitão Ramos à
E.P.C., Batalhão de Comandos e COPCON, não executando estas duas últimas
missões.
A mesma hora, descolam 2 aviões T-6, armados com metralhadoras e
ninhos de foguetes anti-pessoal, para ataque a objectivos não identificados. São
pilotados pelo segundo-sargento Brandão e pelo furriel Bragança.
Ainda à
mesma hora, descolam 2 Allouette III, um transportando para o Regimento de
Caçadores Pára-quedistas o general Spínola e alguns elementos e outro armado com
canhão para protecção daquele oficial durante a sua permanência naquela unidade.
São pilotados pelo major Zuquete e major Godinho respectivamente.
16:20 —
Tancos — Descolam 4 Allouette III um equipado com canhão, que faz a protecção
dos restantes e nos quais alguns militares efectuam a evasão.
17:15 — O
primeiro-ministro, brigadeiro Vasco Gonçalves, dirige, pela TV e Rádio, uma
alocução ao povo português na qual denuncia a acção como tendo sido “um golpe
contra-revolucionário”
19:00 — Badajoz — O general Spínola, acompanhado de
sua mulher, chega à Base Aérea de Talavera la Real.
II — RELAÇÃO DOS ACUSADOS
PELO MFA DE ESTAREM ENVOLVIDOS NAS OPERAÇÕES
— Militares
General António
Sebastião Ribeiro de Spínola
General António Ferreira de L. Freire
Damião
General piloto aviador (Res.) Rui Tavares Monteiro
Brigadeiro
Francisco José de Morais
Brigadeiro piloto aviador Jorge Manuel Brochado de
Miranda
Coronel piloto aviador Augusto Paulo Moura dos Santos
Coronel
piloto aviador Casimiro de Jesus Pintado Abreu Proença
Coronel piloto aviador
José Eugénio Ferreira da Naia Velhinho
Coronel piloto aviador (Res.) Orlando
José Saraiva Gomes do Amaral
Coronel piloto aviador (Res.) Durval Serrano de
Almeida
Coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão
Coronel Carlos José
Machado Alves Morgado
Coronel da GNR (Res.) José Martiniano Moreno
Gonçalves
Coronel da GNR (Res.) Manuel Pereira Espadinha
Milreu
Capitão-de-mar-e-guerra (Res.) Paulo Manuel B. da Costa
Santos
Tenente-coronel piloto aviador Carlos António de Quintanilha Reis de
Araújo
Tenente-coronel de cavalaria Ricardo Durão
Tenente-coronel João de
Almeida Bruno
Tenente-coronel Vasco Augusto da S. Pinto e
Simas
Tenente-coronel Alexandre M. G. Dias Lima
Tenente-coronel António da
Silva Osório Soares Carneiro
Tenente-coronel da GNR Fernando Alberto Xavier
de Brito
Capitão-de-fragata Heitor Prudêncio dos Santos Patrício
Major
piloto aviador António Martins Rodrigues
Major piloto aviador António Manuel
de Sales Mira Godinho
Major piloto aviador Bernardo Manuel Dinis de
Ayala
Major piloto aviador Jaime Tomás Zuquete da Fonseca
Major piloto
aviador João Carlos da Silva Arantes e Oliveira
Major piloto aviador Joaquim
Manuel Matono Cóias
Major piloto aviador José Augusto Valente de Oliveira
Simões
Major piloto aviador César António Duarte Neto Portugal
Major
piloto Luís José dos Santos Mesquita
Major FA (Res.) Luís Aires da Câmara Sá
Nogueira
Major pára-quedista Joaquim Manuel T. Mira Mensurado
Major
pára-quedista José Henrique Catroga Inês
Major pára-quedista Nuno António
Bravo Mira Vaz
Major de artilharia Fernando José de Morais Jorge
Major de
artilharia Vítor Manuel Silva Marques
Major de cavalaria Manuel Soares
Monge
Major de cavalaria Nuno Álvaro de Couto Bastos de Bívar
Major Carlos
Alberto da S. Pinto e Simas
Major Manuel Francisco Matoso Ramalho
Major
Teotónio José de Carvalho Ribeiro Pereira
Major João António Branco M. da
Rosa Garoupa
Major José Eduardo Fernando Sanches Osório
Major da PSP Luís
António de Moura Casanova Ferreira
Major da GNR Rui dos Santos Ferreira
Fernandes
Major da GNR (Res.) Joaquim Simões Pereira
Major (Ref.) Joaquim
Evónio Rodrigues de Vasconcelos
Capitão-tenente Guilherme Almor de Alpoim
Calvão
Capitão-tenente fuzileiro Alberto Rebordão de Brito
Capitão piloto
aviador Hermínio de Almeida Oliveira
Capitão piloto aviador João César França
Brogueira
Capitão piloto aviador Mário José Bento Jordão
Capitão piloto
José Luís Lopo Tuna
Capitão piloto Luís Eduardo de Paiva Faria
Capitão
pára-quedista António Joaquim Ramos
Capitão pára-quedista Armando Almeida
Martins
Capitão pára-quedista João Carlos Albuquerque Pinto
Capitão
pára-quedista João Paulo Valente Santos
Capitão pára-quedista José Augusto
Martins
Capitão pára-quedista José Manuel Silva Pinto
Capitão
pára-quedista José Manuel Terras Marques
Capitão pára-quedista José Maria da
Silva Gonçalves
Capitão pára-quedista Manuel Bação da Costa Lemos
Capitão
pára-quedista Sebastião José Pinheiro Martins
Capitão FA Fernando Abel
Ferreira
Capitão FA José Neto Pessoa de Amorim Rosa
Capitão de artilharia
Carlos Alberto Marques Abreu
Capitão de artilharia Rui Manuel Martins
Reis
Capitão de infantaria Virgílio C. Vieira da Luz Varela
Capitão
Eduardo Alberto de Veloso e Matos
Capitão Henrique de Morais da Silva
Caldas
Capitão Norberto Crisante de Sousa Bernardes
Capitão Armando
Ramos
Capitão Carlos Alberto Moreira de Bettencourt
Capitão da GNR Afonso
Eduardo de M. Lopes Mateus
Capitão da GNR Armando José Abrantes
Viana
Capitão da GNR Fernando José da Câmara Lomelino
Capitão da GNR José
de Almeida Coelho
Capitão da GNR QC Armindo Fernandes Pereira
Capitão da
GNR QC Henrique Fernando M. M. de C. Valério da Silva
Primeiro-tenente Carlos
Alberto Juzarte Rolo
Primeiro-tenente fuzileiro Benjamim Lopes de
Abreu
Primeiro-tenente fuzileiro Raul Eugénio D. da Cunha e
Silva
Primeiro-tenente José Maria Silva Horta
Primeiro-tenente Nuno Manuel
Osório de Castro Barbieri
Tenente piloto Adelino José da Silva
Cardoso
Tenente piloto Agostinho José Barbosa do Couto
Tenente piloto
Alfredo Jordão Henriques
Tenente piloto Vítor Manuel Sequeira Fróis de
Figueiredo
Tenente piloto Fernando Esteves Guerra
Tenente piloto Filipe de
Jesus dos Santos
Tenente miliciano piloto aviador Fernando António Félix
Lourenço
Tenente miliciano piloto aviador Joaquim António Norte
Jacinto
Tenente pára-quedista José Manuel Duarte Fernandes
Tenente
pára-quedista Levy da Silva Correia
Tenente FA António Rogério Magalhães da
Mota
Tenente de cavalaria QC António Gonçalo Canavarro Teixeira
Rebelo
Tenente da GNR Albino Araújo Correia
Tenente da GNR Antero Manuel
Rebelo
Tenente da GNR Armando Carlos Alves
Tenente da GNR José Alberto
Gomes Rosado Faustino
Tenente da GNR José Manuel Martins Poças
Tenente da
GNR Luís Duarte Quaresma de Oliveira e Santos
Tenente miliciano José Alberto
Gouveia Barros
Segundo-tenente fuzileiro João Catulos Cansado
Corvo
Segundo-tenente fuzileiro Manuel Maria Peralta de Castro
Centeno
Segundo-tenente Pedro Henrique Malheiro R. de Meneses
Alferes
miliciano piloto aviador Abel Dias Correia
Alferes miliciano piloto aviador
Gil José Vaz Afonso
Alferes miliciano piloto aviador Jorge Manuel Costa de
Oliveira
Alferes miliciano piloto aviador José Manuel Ribeiro
Mendonça
Alferes miliciano piloto aviador Luís Filipe Mateus Palma de
Figueiredo
Alferes miliciano piloto aviador Jorge Manuel Pinto de Melo
Ramalho
Alferes miliciano piloto aviador José Manuel Belo C. de
Mira
Alferes miliciano piloto aviador Flávio Vítor Paulino
Llaurent
Alferes piloto Rui Jofre Soares Dias Ferreira
Alferes
pára-quedista Eurico da Silva Santos
Alferes pára-quedista Fernando Pires
Saraiva
Alferes pára-quedista SG Domingos Francisco Marquinhas
Camboias
Alferes pára-quedista SG Joaquim Manuel Paulino
Alferes
pára-quedista SG José Valentim Gomes
Alferes da GNR António Farias
Carvalho
Aspirante piloto aviador Lourenço Abrantes de Carvalho
Aspirante
fuzileiro António Joaquim Areias de Carvalho
Aspirante da Academia Militar
António Arnaldo R. B. Lopes Mateus
Aspirante da Academia Militar Mário Rui
Correia Gomes
Primeiro-sargento da GNR António Ramos
Lopes
Segundo-sargento miliciano piloto Carlos Alberto Gomes da
Silva
Segundo-sargento miliciano piloto Bernardo de Sousa e
Holstein
Segundo-sargento miliciano piloto António Manuel Carrondo
Leitão
Segundo-sargento miliciano piloto Carlos Manuel Leite
Moreira
Segundo-sargento miliciano piloto Jaime Manuel de Melo
Brandão
Segundo-sargento miliciano piloto José Carlos Cristão
Serra
Segundo-sargento miliciano piloto José Manuel Henriques de Campos
Carvalho
Segundo-sargento miliciano piloto Adriano Francisco O. Martins
Jordão
Segundo-sargento miliciano piloto António José Oliveira
Ladeiras
Segundo-sargento miliciano piloto João Henriques Pereira Souto e
Silva
Segundo-sargento da GNR António Mendes Monteiro
Segundo-sargento da
GNR António Farinha Dionísio Alves
Furriel miliciano piloto António Pedro
Costa Quintela Emauz
Furriel miliciano piloto Manuel Rosa Bragança
Furriel
miliciano piloto Raul Augusto Duarte Condessa Falcão
Primeiro-cabo da GNR
Cândido José Teixeira
Primeiro-cabo da GNR João Quinteres dos
Santos
Segundo-cabo da GNR José Florival Gens Gomes
Soldado da GNR António
Joaquim Carrilho
Soldado da GNR António Marvanejo Miranda
Soldado da GNR
José Anastácio Nunes
Soldado da GNR José Rosendo Prates Calado
Soldado da
GNR Martinho de Sousa Merêncio
— Civis
António I. Ribeiro da Cunha
António
Maria R. Simões de Almeida
Bernardino José da C. Gonçalves Moreira
Eurico
José da Costa Vilar Gomes
Gonçalo Bettencourt Correia e Ávila
João Diogo
Alarcão de Carvalho Branco
José Carlos Vilardebó Sommer Champalimaud
José
Maria da Costa Vilar Gomes
Miguel Vilardebó Sommer Champalimaud