«Removido»
da SIC-Notícias
Por Alfredo Barroso
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CAROS amigos (poucos),
simpatizantes (alguns) e conhecidos (muitos),.
... .Cumpro o «doloroso dever»
de participar ? para gáudio de quem detesta as minhas opiniões e não me pode ver
nem pintado que fui, no dia 2, «removido», por telefone, do programa
«Frente-a-Frente» da SIC Notícias, no qual participava desde o ano de
2004.
Digo «removido», porque me parece ser um bom compromisso entre o termo
«dispensado» (politicamente correcto) e os termos «despedido» ou «corrido»
(politicamente incorrectos). Justificações da «remoção»:
i) necessidade de
«renovar» a lista de «paineleiros», naturalmente «remoçando-a» (presumo que um
velho rezingão como eu será substituído por um daqueles moçoilos geniais que
agora dirigem o PS);
ii) deixar de pagar as participações no
«Frente-a-Frente» (150 euros cada uma), porque a SIC Notícias está paupérrima e
passará a aceitar apenas «voluntários» (claro que tiveram o cuidado de não me
perguntar se eu queria ser um deles?).
Terminam assim 17 anos consecutivos de
colaboração com órgãos de comunicação social do grupo «Impresa»: oito anos e
meio como cronista do EXPRESSO, de que fui removido no auge da invasão do
Iraque; outros oito anos e meio como colaborador da SIC Notícias, de que fui
removido no auge da «guerra» declarada há poucos dias pelo «megafone» de Vitor
Gaspar, Pedro Passos Coelho. Suponho que é uma «guerra» contra a esmagadora
maioria dos portugueses, que continuam a empanturrar-se de bifes todos os
dias?
Mas é claro que não deixa de ser exaltante imaginar a satisfação que
esta notícia irá causar em figuras tão proeminentes como a augusta
vice-presidente (da AR) Teresa Caeiro, o austero advogado José Luís Arnaut ou o
venerável empresário Ângelo Correia ? que se recusavam a enfrentar-me há já
alguns meses com o beneplácito dos responsáveis pelo programa.
Não ignoro,
todavia, que o gáudio não se confina ao chamado «arco do poder», nos seus três
tons habituais: cor de laranja azeda, azul cueca e cor-de-rosa fanada. Também
vai entrar de roldão em alguns órgãos de comunicação social do regime,
politicamente correctos, onde não faltam opinadores tão chatos ou peneirentos
como «intocáveis», e digníssimos «pilares» do statu quo que não apreciam
dissidências políticas nem franco-atiradores (a não ser quando haja escândalo
que aumente as audiências e/ou os leitores).
A única coisa que se me oferece
dizer, sem me rir, neste momento, é a seguinte: quando se perde poder ou a
aparência dele, por mais ínfimo que seja; quando não se tem a protecção de um
partido, ou de uma «igreja», ou de uma associação «cívica» semi-clandestina, ou
de um grupo de pressão, ou de um «sacristão», ou de um «patrão», ou de um
«padrinho», etc., etc., etc. ? o «lonesome cowboy» escusa de armar ao
pingarelho, e não tem outro remédio se não o de meter a viola no saco e ir para
a caça aos gambozinos.
Saudações democráticas,
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