O ROUBO NAS PENSÕES
Mais uma vez, e como é hábito na sociedade portuguesa, quando se debate qualquer
tema, este é discutido de forma superficial e com muita algazarra, mas não se
discute aquilo que é verdadeiramente importante – a frieza da realidade
demonstrada pelos factos.
O Governo em geral, e o Primeiro-Ministro em particular, entendem (na minha opinião bem) que devemos alterar profundamente o sistema de pensões em Portugal pois aquilo que as pessoas descontaram ao longo dos anos não corresponde às reformas que usufruem. Totalmente verdadeira esta afirmação como demonstrarei de seguida.
A esquerda em geral e os grandes beneficiários (da direita) deste sistema estão naturalmente contra. Se por um lado (os de esquerda) acham que o dinheiro cai do céu, ou se não cai que outros - que não portugueses - nos devem pagar o nosso “armados em ricos”, por outro, os de direita - que recebem pensões milionárias fruto de apenas 4 ou 8 anos de trabalho “árduo”; todos eles acham que o actual sistema de pensões deve continuar.
Pois eu acho profundamente injusto e, já agora, inconstitucional que eu ande a pagar 11% do meu salário para as pensões destes senhores. Quando chegar a minha vez de me reformar não vai haver dinheiro para me pagar uma reforma com um sistema semelhante ou, em alterativa, não tenha reforma nenhuma mesmo. No entanto esta malta acha que é inconstitucional pagar mais impostos sobre a reforma ou levar um corte na reforma. O argumento é que as pessoas descontaram toda a vida para agora terem direito à reforma e que os cortes além de um roubo são inconstitucionais, etc, etc.
Nada poderia ser mais falso. Tal como referi, aqui vai a verdade demonstrada de forma simples através da única ciência exacta que conhecemos – a matemática:
Imaginemos que uma pessoa começou a trabalhar aos 25 anos, auferiu durante todo este tempo 1.000€ mensais e reforma-se aos 65 anos.
Temos assim 40 anos de descontos à razão de 11% ao mês sobre os 1.000€ = 110€; X 14 meses = 1.540€/ano; X 40 anos = 61.600€. Se pensarmos que depois de reformado este cidadão iria receber 80% da reforma (no sector público a percentagem é maior – 86% e no privado bem inferior – 56%) face ao seu último salário, teríamos 800€ mensais. Vamos ver então para quantos anos de reforma dão os 61.600€ que este cidadão descontou. 61.600€/800€ = 77 meses, ou seja, 5 anos e 5 meses (Subsídios Férias e Natal incluídos). Este cidadão deixaria de receber pensão pouco depois dos 70 anos.
Qual a esperança média de vida? Quantas pessoas recebem pensões mais elevadas com menos anos de descontos (na função pública reformam-se mais cedo que no privado e o número de anos de descontos é inferior)? E quantas há a receber pensões elevadas descontando menos de 11% do seu salário (há determinadas profissões em que se desconta bem menos e com regalias bem melhores na reforma)? Todas as situações de exceçao, e que dei alguns exemplos, desequilibram pela negativa estas contas que apresentei.
Se pegarmos no exemplo do cidadão comum vemos que é injusto ele receber esta reforma a partir dos 70 anos de idade. O exemplo torna-se mais injusto quando falamos, por exemplo, de um ex-presidente da Republica ou ex-governador do banco de Portugal ou ex-Presidente da Assembleia da Republica, um ex-deputado, etc. Pessoas como Mário Soares, Bagão Felix, Almeida Santos, Manuel Alegre, Manuela Ferreira Leite, entre outros, que recebem pensões milionárias e estão na casa dos 70 e 80 anos de idade, alguns deles quase 90; já há muitos anos que recebem imensamente mais do que descontaram e ainda por cima conseguiram estas reformas com 4, 8 e 10 anos de “dedicação à causa pública”.
Esta injustiça é transversal à diferença entre pensões da Função Pública (que percentualmente recebem mais trabalhando menos anos) e os do privado (trabalham mais anos e recebem percentualmente menos). É como se existissem dois Estados em Portugal em que os cidadãos do sector privado pagam as regalias do sector público.
E então caro compatriota, ainda acha que é inconstitucional, roubo ou injustiça taxar as pensões e/ou cortar as actuais pensões?
Termino propondo ao Governo que simplesmente se acabe com as pensões e que cada um poupe do seu ordenado para a reforma. Assim acabam-se as injustiças e ninguém pode reclamar com uma enorme “lata” que é injusto ou roubo que a minha geração trabalhe para lhes pagar as mordomias que nós nunca iremos ter (isto sim é roubo e injustiça e já agora, inconstitucional).
José Bourdain * Politólogo
O Governo em geral, e o Primeiro-Ministro em particular, entendem (na minha opinião bem) que devemos alterar profundamente o sistema de pensões em Portugal pois aquilo que as pessoas descontaram ao longo dos anos não corresponde às reformas que usufruem. Totalmente verdadeira esta afirmação como demonstrarei de seguida.
A esquerda em geral e os grandes beneficiários (da direita) deste sistema estão naturalmente contra. Se por um lado (os de esquerda) acham que o dinheiro cai do céu, ou se não cai que outros - que não portugueses - nos devem pagar o nosso “armados em ricos”, por outro, os de direita - que recebem pensões milionárias fruto de apenas 4 ou 8 anos de trabalho “árduo”; todos eles acham que o actual sistema de pensões deve continuar.
Pois eu acho profundamente injusto e, já agora, inconstitucional que eu ande a pagar 11% do meu salário para as pensões destes senhores. Quando chegar a minha vez de me reformar não vai haver dinheiro para me pagar uma reforma com um sistema semelhante ou, em alterativa, não tenha reforma nenhuma mesmo. No entanto esta malta acha que é inconstitucional pagar mais impostos sobre a reforma ou levar um corte na reforma. O argumento é que as pessoas descontaram toda a vida para agora terem direito à reforma e que os cortes além de um roubo são inconstitucionais, etc, etc.
Nada poderia ser mais falso. Tal como referi, aqui vai a verdade demonstrada de forma simples através da única ciência exacta que conhecemos – a matemática:
Imaginemos que uma pessoa começou a trabalhar aos 25 anos, auferiu durante todo este tempo 1.000€ mensais e reforma-se aos 65 anos.
Temos assim 40 anos de descontos à razão de 11% ao mês sobre os 1.000€ = 110€; X 14 meses = 1.540€/ano; X 40 anos = 61.600€. Se pensarmos que depois de reformado este cidadão iria receber 80% da reforma (no sector público a percentagem é maior – 86% e no privado bem inferior – 56%) face ao seu último salário, teríamos 800€ mensais. Vamos ver então para quantos anos de reforma dão os 61.600€ que este cidadão descontou. 61.600€/800€ = 77 meses, ou seja, 5 anos e 5 meses (Subsídios Férias e Natal incluídos). Este cidadão deixaria de receber pensão pouco depois dos 70 anos.
Qual a esperança média de vida? Quantas pessoas recebem pensões mais elevadas com menos anos de descontos (na função pública reformam-se mais cedo que no privado e o número de anos de descontos é inferior)? E quantas há a receber pensões elevadas descontando menos de 11% do seu salário (há determinadas profissões em que se desconta bem menos e com regalias bem melhores na reforma)? Todas as situações de exceçao, e que dei alguns exemplos, desequilibram pela negativa estas contas que apresentei.
Se pegarmos no exemplo do cidadão comum vemos que é injusto ele receber esta reforma a partir dos 70 anos de idade. O exemplo torna-se mais injusto quando falamos, por exemplo, de um ex-presidente da Republica ou ex-governador do banco de Portugal ou ex-Presidente da Assembleia da Republica, um ex-deputado, etc. Pessoas como Mário Soares, Bagão Felix, Almeida Santos, Manuel Alegre, Manuela Ferreira Leite, entre outros, que recebem pensões milionárias e estão na casa dos 70 e 80 anos de idade, alguns deles quase 90; já há muitos anos que recebem imensamente mais do que descontaram e ainda por cima conseguiram estas reformas com 4, 8 e 10 anos de “dedicação à causa pública”.
Esta injustiça é transversal à diferença entre pensões da Função Pública (que percentualmente recebem mais trabalhando menos anos) e os do privado (trabalham mais anos e recebem percentualmente menos). É como se existissem dois Estados em Portugal em que os cidadãos do sector privado pagam as regalias do sector público.
E então caro compatriota, ainda acha que é inconstitucional, roubo ou injustiça taxar as pensões e/ou cortar as actuais pensões?
Termino propondo ao Governo que simplesmente se acabe com as pensões e que cada um poupe do seu ordenado para a reforma. Assim acabam-se as injustiças e ninguém pode reclamar com uma enorme “lata” que é injusto ou roubo que a minha geração trabalhe para lhes pagar as mordomias que nós nunca iremos ter (isto sim é roubo e injustiça e já agora, inconstitucional).
José Bourdain * Politólogo
2 comentários:
Uma conta descabida, pois o desconto que fazemos deverá ser encarado como um depósito a prazo, gerador de dividendos capitalizáveis. O senhor politólogo Bourdain deveria saber fazer as contas com os respectivos juros compostos. Enfim, pura demagogia.
Falta acrescentar aos 11% do trabalhador os 23% sobre o ordenado que a entidade patronal no privado, descontava tambem para a Segurança Social, por cada trabalhador
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