segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

MAY WE, Dr. Judice?

A aventura começa ainda este mês. Um navio e almirante portugueses ao comando de uma força da OTAN, numa longa e complexa missão - enfrentar piratas e fazer a Aliança Atlântica passar em mares nunca antes navegados.
Quando, no dia 17, a fragata "Álvares Cabral" zarpar da Base Naval do Alfeite, a OTAN inicia aquela que vai ser uma das suas mais importantes missões, a mais longa viagem operacional fora da sua área tradicional de responsabilidade, rumo ao Índico, um exibir de bandeira que vai chegar à Índia, Paquistão e Austrália, associado à necessidade de pacificar as águas que medeiam o Corno de África, assediadas pelos ataques dos piratas.
A força, designada por Standing NATO Maritim Group (SNMG) é constituída por oito navios de outros tantos Estados da Aliança, Portugal, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Noruega e Dinamarca e sucede à antiga STANVFORLANT. Ao comando vai estar o contra-almirante Pereira da Cunha, que curiosamente embarcou nos anos 90 sob o comando do então contra-almirante Reis Rodrigues, o primeiro oficial português a comandar a STANAVFORANT.
E uma das principais missões passa pelo trazer da estabilidade às águas que medeiam o Corno de África, como aponta, em declarações ao JN, o contra-almirante Pereira da Cunha, ameaçadas pela pirataria. "Há vários grupos de piratas a actuar, mas há três principais identificados a actuar", aponta o oficial português.
Até à chegada à região, prevista em Março, a força vai ser sujeita a um conjunto de exercícios para enfrentar a ameaça dos piratas, uma novidade plena para fragatas e destroyeres da SNMG.
O alvo dos modernos piratas é a navegação comercial, com raptos de tripulações e sequestro de navios, para conseguir o resgate, e as últimas informações dão conta de 15 navios e guarnições sequestrados.
A missão da SNMG é manter os corredores de navegação abertos e garantir a segurança da navegação, mas não estão previstas acções em terra, se bem que a actividade dos piratas esteja identificada, assim como os pontos de origem, vilas piscatórias ao longo da costa da Somália. Há, pois, o risco de que logo que a força da OTAN deixe a zona ou a força da União Europeia na região termine o mandato - acaba no final do ano -, o problema volte a surgir em força. Os navios mercantes têm usado todos o meios legais - estão proibidos de usar armas - para combater as embarcações de piratas, desde o lançamento de objectos pesados, óleo de máquinas até ao disparo de pistolas de sinais luminosos.
Pereira da Cunha não acredita que os piratas, armados com armas ligeiras e roquetes, queiram fazer frente aos navios da OTAN. "Normalmente rendem-se ou fogem".

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