Passos Coelho tentou envolver mais o seu ex-adversário José Pedro Aguiar-Branco ao dar-lhe a coordenação da revisão do programa do PSD, mas o processo não acabou da melhor forma. O ministro da Defesa ficou desiludido pelo facto de o líder do PSD ter aproveitado pouco o seu trabalho de revisão do programa do partido. Faltou ao Conselho Nacional, onde o programa rescrito por Passos Coelho foi apresentado e votado, alegadamente por motivos de agenda. Mas não quer alimentar a polémica.Aguiar-Branco «quis fazer um texto diferente e inovador», comentou ao SOL fonte próxima do actual ministro da Defesa e adversário de Passos nas últimas eleições internas. «Se fosse ele o líder, é claro que o texto seria outro», acrescentou.
Aguiar-Branco viajou no passado sábado de manhã (altura em que decorria o Conselho Nacional) para os EUA, para uma visita oficial que começava na segunda-feira. Podia ter adiado o seu voo para Washington, mas entendeu que não valia a pena.
Passos Coelho deu a conhecer a sua versão a Aguiar-Branco dois dias antes do Conselho Nacional. O ministro da Defesa aceitou a decisão, mas terá reafirmado o seu entendimento sobre o trabalho que o ocupou nos últimos nove meses.
O documento, com apenas 12 páginas, tem apenas três capítulos: um sobre «o princípio personalista», outro sobre «um juízo realista» e o terceiro sobre «a social-democracia portuguesa».
Curiosamente, as diferenças entre os textos de Aguiar-Branco e Passos são menores do que as que existem entre o programa que vai ser sufragado em Congresso e aquele que ainda está em vigor – feito em 1992 por Cavaco Silva.
O texto de Passos Coelho considera que «a intervenção excessiva do Estado foi causa de desequilíbrios e pobreza» e critica a Constituição por «ser um espartilho que contém um modelo de sociedade pré-fixado».
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