Escrevo, não escrevo? Afinal, sem grande empenho, decidi-me
a escrever.
Porquê? Leio sempre as «Cartas dos Leitores» e faço-o por
duas razões; a primeira para compartilhar outras preocupações e a segunda é
para aquilatar dos critérios de quem selecciona as cartas publicadas.
Fazem-se descobertas interessantes, mesmo que de certo modo
subjectivas.
A carta do Sr. António Catita (AC) de 2012-08-04 no «Expresso»,
onde a sua opinião deve ser altamente considerada (outra a 18/8 e de novo a
1/9), trata de «Os Acertos das Contas do Estado» em que justamente, na nossa
opinião, considera «inaceitável que a TAP ou a RTP fossem vendidas» e sugere
«uma medida que nações poderosas (Estados Unidos, França, Espanha) /adoptaram/…:
cortar drasticamente nas missões militares, nas despesas em efetivos e
armamentos e, por que não, tentar fazer receita com a venda dos submarinos e
outros aparelhos de combate.»
Nada de novo! Repete o exaustivamente veiculado pela
Comunicação Social.
Penso que um Jornalismo responsável tentaria esclarecer AC,
lembrando que guerras é o que mais vai
acontecendo neste mundo e, pior, que há muito que se prevê que venham a ocorrer
e por razões tão actuais como o problema da falta de água. Mas pretextos não
faltarão onde convier a inconfessáveis interesses.
Se os poderosos podem diminuir as suas Forças, aos fracos
convém, se não puderem aumentá-las, tê-las bem treinadas de modo a não serem pesos
mortos nas suas Alianças e em causas internacionais, para que possam invocá-las
em extrema causa… nacional.
Cita AC a Espanha cujas FA.s, curiosamente, não cessam de
crescer face a inimigos externos que não vislumbramos mas que no assunto da
água que de lá nos vem, tem posto o mar onde nos mapas de todo o mundo começa
Portugal. Aliás os “nuestros Hermanos” declararam oficialmente, há anos, que
além dos quatro submarinos que tinham, estavam dispostos a aumentar, aos 9 (nove)
novos submarinos, mais três se Portugal perdesse essa capacidade.
Terá AC a noção da dimensão da nossa ZEE ou da Plataforma
Continental (PC - território submerso) que a ONU reconhecerá a Portugal? Dos
ilícitos que temos de fiscalizar na ZEE ou das riquezas que, na PC, teremos de vir
a defender da cobiça alheia? Ou, já agora, das correspondentes espanholas?
Quantos submarinos por Km 2 de mar… espanhol? E de mar … português, actual
(ZEE) e futuro(PC)?
E saberá AC como vai a Europa de submarinos?
Das nações europeias tradicionalmente neutras, a Suécia e a
Suíça dispõem de F.A.s significativas, modernas e treinadas e os seus cidadãos
não se queixam e até têm muito orgulho nelas. A Suíça sendo sede das maiores
Companhias de Navegação da Europa (a par da Dinamarca!) é uma Potência Marítima
que não tem (ainda) submarinos mas que tem,
ao longo da vida, Serviço Militar… Obrigatório.
Nós não temos Marinha de Comércio, da de pesca é o que se
sabe e em termos Navais-Militares, seguindo AC, caminharíamos para um Zero
Naval como o do Ultimatum com que, impotentes, os nossos mais antigos Aliados
(!) nos usurparam o Mapa Cor-de-Rosa.
A solução económica seria termos três submarinos mas
infelizmente não produzimos riqueza para o nosso país ter os que precisa mas
apenas para os dois submarinos e para os milhões mal parados dos que, impunes,
nos terão defraudado e que, certamente, preocupam AC com toda a razão.
A propósito, no momento em que o «Expresso» publica uma elucidativa
«História de Portugal», induzir num povo
a ideia de que o horror da Guerra nunca mais lhe baterá à porta não será, se
ainda existir tal, Crime de Lesa Pátria? Uma dúvida que perpassa o meu
espírito.
Rui Manuel Ramalho Ortigão Neves
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