"O comandante Alpoim Calvão, o operacional que comandou a
"operação Mar Verde" durante a guerra colonial na Guiné, recebeu ontem
"a única medalha que não tinha" das mãos do comandante do Corpo de
Fuzileiros.
"Acertámos contas com a justiça", cuja celeridade
"levou 41 anos" a ser feita com a imposição da Medalha de Comportamento
Exemplar, declarou o contra-almirante Luís Picciochi, nas cerimónias do
"Dia do Fuzileiro" que ontem decorreram na Escola de Fuzileiros (Vale de
Zebro, Barreiro).
Alpoim Calvão, que na sua brilhante folha de
serviços ostenta também algo quase único - uma ordem de serviço que
simultaneamente o condecora, pune e transfere para a frente de combate
no final da década de 1960 - na carreira de um soldado, lembrou ontem ao
DN as razões de nunca ter recebido aquela condecoração.
"A razão
próxima foi por ter sido incorrecto com o ministro da Marinha, Manuel
Pereira Crespo, a longínqua por ter recusado tirar a punição a um
oficial", recordou Alpoim Calvão, 73 anos, por entre as interrupções
motivadas por cumprimentos e abraços de antigos subordinados. As
situações estão directamente relacionadas, por a incorrecção perante o
ministro ter ocorrido durante a recusa ao pedido que o governante lhe
fazia para retirar a pena aplicada ao referido oficial.
A punição,
aplicada perante "2000 homens formados" na parada da Escola de
Fuzileiros, justificou-se porque o oficial em causa escrevera "uma coisa
habilidosamente insultuosa" para Alpoim Calvão, adiantou o capitão-de-
-mar-e-guerra já distinguido com a Ordem Militar da Torre e Espada, do
Valor, Lealdade e Mérito - a mais alta condecoração portuguesa - e duas
cruzes de guerra, entre outras.
A cerimónia de ontem contou com a
tradicional participação de algumas centenas de antigos fuzileiros e
familiares, numa cerimónia assumida oficialmente pela Marinha desde 2009
e que até então era organizada apenas pela Associação de Fuzileiros.
Numa
parada onde estavam expostos alguns dos meios materiais que equipam o
Corpo de Fuzileiros, bem como companhias de militares do batalhão de
infantaria da Armada, a Escola dos 'fuzos' atribuiu também o nome de
Alpoim Calvão à ponte-cais ali existente, adiantou ao DN o
contra-almirante Luís Picciochi.
A cerimónia ficou assinalada
ainda pelo desfile de 30 guiões de antigas unidades dos fuzileiros,
tropas especiais cujas origens remontam ao final do século XVI e
descendem da mais antiga força militar permanente portuguesa - o Terço
da Armada, fundado em 1621."
Actualmente, os fuzileiros têm
militares seus destacados no Afeganistão
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