Carlos César, presidente do
Governo Regional dos Açores, tornou-se o ilustrativo exemplo de como a política,
quando já se julga que não pode descer mais baixo, ainda tem mais um degrau para
descer no mundo da amoralidade. Os subsídios aos funcionários atingidos pelos
cortes nos vencimentos, que segundo ele não ultrapassam três milhões de euros,
nem chegam a ser uma medida populista.
Atingem um núcleo restrito de
técnicos superiores, chefes de divisão, directores e subdirectores, nos quais se
incluem naturalmente o contingente dos seus mais leais serviçais políticos. Os
‘boys’ de César. Não tem a ver com ultraperiferia nem com a atracção de novos
quadros, como alguém argumentou, pois não vai surgir desta decisão cesarista um
movimento migratório de quadros técnicos para os Açores. Tem apenas a ver com
ambição e perfil de quem nos governa. Tido como um dos eventuais substitutos de
Sócrates, o que daqui resulta é que quer atingir Sócrates. Não pela criação de
uma política nobre, mas à cotovelada.
O subsídio de César não foi para
os funcionários pobres das ilhas. Foi para aqueles que mais ganham, e ao mesmo
tempo um valente pontapé no Governo central do seu Partido. Em nome dos Açores?
Não. Em nome da Autonomia? Não. Em nome dos interesses estratégicos de César. Um
general que não alimenta as tropas corre o risco de deserções.
A sua decisão não foi apenas uma
afronta ao Governo da República. É um escárnio sobre os funcionários que nas
mesmas condições, em zonas mais pobres do que os Açores, estão comprometidos com
o apertar do cinto orçamental. É o desprezo absoluto pela política nacional por
troca com os prémios de jogo que decidiu pagar às suas clientelas regionais. Diz
que este ano a massa resulta de umas obra num campo de futebol que não se farão.
E para o ano? E para o ano seguinte? É claro que acabarão por pagar aqueles que
viram no resto do país os seus salários cortados. Não admira pois que esta
mediocridade moral nem consiga receber o apoio do seu Partido.
É levar demasiado longe o
caciquismo. Aos limites do vómito. Porém, regozija-se o Bloco de Esquerda, o
símbolo maior do refilanço pré-juvenil com e sem causas. E…. Manuel Alegre! É
doloroso ver um candidato a Presidente da República preso a esta imundície moral
por necessidade de votos. Dirão alguns que é coisa menor comparando com os
muitos milhões do BPN e de outros imbróglios afins. Seria verdade se o dinheiro
fosse a medida de todas as coisas. Mas não é. A maior das medidas é o sentido de
Pátria, assumida com elevada responsabilidade e rigor. E isto César não sabe o
que é.
Francisco Moita Flores
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