O Embaixador de Israel em
Lisboa foi à Fundação Gulbenkian ofender Portugal e os portugueses,
gratuitamente.
Estamos seguros que a
generalidade da comunidade judaica não se revê nas suas
declarações.
Tal aconteceu, no passado dia
30 de Outubro, no âmbito da Conferência “Portugal e o Holocausto, aprender com o
passado, ensinar para o futuro”, patrocinada pela embaixada dos EUA e pelas
Fundação Luso-Americana e Gulbenkian.
Que disse então, S. Exª, que
noutras épocas o teria colocado a uma ténue distância de ser considerada
“persona non grata”?
Pois que:
Portugal foi o único país que
colocou a bandeira a meia haste durante três dias, quando soube da morte de
Adolf Hitler”, coisa que o Sr. Ehud Gol considera uma “nódoa”; criticou o facto
da casa de Aristides Sousa Mendes – que considera um “justo” – em Cabanas de
Viriato, não estar recuperada, dizendo para o portugueses não irem pedir “aos
EUA ou a Israel para tratarem da casa”, “façam vocês algo para promoverem a
imagem dos vossos justos” (e tece mais considerações sobre o antigo cônsul
português em Bordéus; não entende o facto de Portugal ter apenas um observador
na “Task Force internacional para a Educação, Memória e Investigação do
Holocausto”,[1] afirmando que já deveríamos ser membro de parte inteira; quer
que professores portugueses aprendam a ensinar o Holocausto, dando conta que
pressionou o Ministro da Educação nesse sentido.
E confessou, no fim, que o
culto da memória do Holocausto começou em Israel, porque os sobreviventes do
mesmo, vestiam sempre de mangas compridas por “terem vergonha do número inscrito
na pele”, e que eles – judeus da altura – “não tinham lutado o
suficiente.[2]
Afirmo não ter em mim qualquer
réstia de “anti-semitismo”, mas em atenção à verdade e tendo em mente a
dignidade do Estado Português – que espero venha a ter uma reacção adequada – e
dos portugueses, não posso deixar de dizer o que abaixo se
transcreve.
Comecemos pelo fim das palavras
do embaixador: pois lamento que tal se tenha passado da maneira que descreve
mas, nós portugueses, não temos responsabilidade alguma em nada do que o senhor
aponta.
E gostava de lembrar ao Sr.
Embaixador que os judeus não foram os únicos povos perseguidos, ou maltratados
no mundo. Creio, até, que não haja algum, que não tenha uma razão de queixa
qualquer.
Já reparou, e por ex., nas
vítimas de Tamerlão? Lembra-se das centenas de milhões de trucidados pelo
comunismo? E quem defende os “Peles-Vermelhas”, praticamente extintos no século
XIX, sendo os sobreviventes colocados em reservas?
Que dizer, enfim, das
perseguições feitas no Império Romano aos cristãos, durante os primeiros três
séculos do Cristianismo; será que devemos exigir aos actuais inquilinos do
Quirinal, que peçam desculpa por isso?
Como vê pode considerar-se
privilegiado por haver uma “organização intergovernamental” que trata do
Holocausto!
Eu se estivesse no papel do Sr.
Embaixador, estaria mais preocupado em perceber porque é que, dos 200 países
existentes no mundo, só 31 façam parte de tão filantrópica organização, em vez
de tentar morder a mão a quem, pela sua presença, dá lustre à
iniciativa.
A arrogância com que se exprime
assemelha-se a uma tentativa de apanhar moscas com… vinagre. Muito pouco
diplomático, nada profissional.
Não consta, por outro lado, que
tenham sido os alemães, os únicos a perseguirem os judeus (ou Sionistas?), ao
longo da História. E resta ainda perceber porque tal aconteceu num país de gente
evoluída, Pátria da Reforma e de grandes Filósofos e impulsionadora do
racionalismo e da ciência.
Nada justifica a matança
indiscriminada de pessoas, sejam eles quem forem, e seja por que for, mas convém
ter uma visão global das coisas para se ajuizar os eventos na sua
plenitude.
Lamentavelmente, os judeus
foram perseguidos e expulsos de quase todos os lugares da Europa, alguma vez,
nos últimos 1000 anos, E tal está longe de ter sido apenas por acção da
Inquisição. Seguramente que houve muitas injustiças, mas estará o povo judaico
isento de culpas?
Durante séculos houve o primado
da questão religiosa, hoje confinada à teologia entre os cristãos – mas não
entre os muçulmanos – mas tal tem que ser visto (como tudo o resto) à luz dos
conceitos das diferentes épocas.
Também podemos concordar que os
principais problemas dos Judeus derivam do facto da sua terra original ter
começado a ser ocupada há 2500 anos, obrigando à sua diáspora. Mas nisso, também
concordará, que ninguém hoje no mundo tem qualquer
responsabilidade.
Os sucessivos ocupantes da
“Terra Santa”, outrossim, passaram a ter direitos na sua ocupação, sem embargo
de todos devermos reconhecer ao “Povo do Livro” serem o caso único na
Humanidade, de se ter conseguido manter como Nação, durante dois milénios, sem
governo nem território.
E deles temos a admirar a sua
inteligência e empreendedorismo – não é por acaso que são judeus a maioria dos
detentores do Prémio Nobel.
Todavia, meta a mão na
consciência: não se isolaram? Não especularam? Não açambarcaram? Não se tornaram
mestres na “arte” da usura?
Já reparou, o Sr. Gol, agora
que vive em Lisboa que, na linguagem popular portuguesa, quando quer designar
algo de mal se usa, por vezes, o termo “judiarias”? E que dizer do uso, por
vezes racista, que representa o tratamento de “Goyim” para todos os que não
pertencem à “tribo”? (Convém lembrar que só o filho de uma judia,
independentemente do pai, é considerado judeu).
Será que é por se considerarem
o “povo eleito” apesar de Javé os ter, aparentemente, condenado às mais duras
penas – observe-se o termo “judeu-errante”, também da linguagem popular? Possuem
ou perseguem algum desígnio de vingança permanente? Terá isso a ver com um
hipotético domínio do mundo pela via financeira?
Insiste o Sr. Embaixador em que
os professores portugueses ensinem o que foi o Holocausto – presume-se que por
uma formula pré-estabelecida. Mas que despautério vem a ser
este?
Será que teve, ao menos, a
amabilidade de oferecer alguma contrapartida? Entenderá que o MNE inaugure um
“guichet” onde os embaixadores, por cá acreditados, possam ir fazer as sugestões
(ou será imposições?) que entendam que a escola lusa passe a ensinar sobre os
respectivos países?
Será que o embaixador português
em Jerusalém pode ir ao “Knesset” propôr que faça parte dos compêndios
escolares, como o rei D. João II aceitou receber os Judeus expulsos de Espanha,
em 1492?
Podemos exigir uma quota de
exportação para alheiras, a fim de exemplificar como os seus hipotéticos
antepassados que aqui viveram, tentavam passar por
cristãos?
E que tal umas lições de
História sobre o ramo Sefardita de modo a que os Ashkenazy se pudessem dar
melhor com eles?
Ora, por
favor!...
Cita o Sousa Mendes que a
propaganda de alguns dos seus, de mãos dadas com os inimigos políticos do
Professor Salazar, tentaram transformar num mito, que não tem nada a ver com a
realidade. E chama-lhe “justo”, quando “justíssimo” foi o processo disciplinar
que lhe foi instaurado (fora aqueles que já acumulara desde 1917) e, para a
gravidade dos quesitos a que respondeu resultou, até, bastante
benévolo!
Informe-se da verdadeira
história e de tudo o que lhe está associado e depois
falamos.
E, que se saiba, ninguém em
Portugal, lhe pediu ajuda para reparar a casa do antigo cônsul que, se morreu na
miséria, foi porque nunca soube administrar os seus bens, face à vida que
levava.
Diz que em Israel só existem
dois portugueses como “justos” entre os 25.000 nomes que lá figuram. Pois talvez
devessem ponderar colocarem mais uns quantos, já que durante a II Guerra Mundial
passaram por Portugal cerca de 70.000 refugiados judeus, que foram bem tratados
e hospedados, facilitando-se o trânsito para os destinos que entendessem, ou a
ficarem por cá, como muitos fizeram.
Resta a questão da bandeira a
meia haste, aquando da morte de Hitler – a que um professor presente na sala lhe
respondeu de forma infeliz, alegando viver-se, na altura, em ditadura, o que é
irrelevante para o caso.
O que não é irrelevante é o
facto do governo português – que era neutro, apesar da tardia “neutralidade
colaborante”, com ingleses e americanos – ter cumprido, apenas, as normas
protocolares em vigor quando morria um chefe de estado. Do mesmo modo que outros
países neutrais também o fizeram, ao contrário do que afirmou. E nunca se
apresentaram condolências.
Condolências que foram
apresentadas, pessoalmente, pelo Presidente do Conselho à frente de todo o
governo, na embaixada dos EUA, duas semanas antes, aquando do falecimento do
Presidente Roosevelt.
Já agora recorda-se, não ter
sido apenas Hitler a perseguir os judeus, mas todos os países ocupados ou
aliados da Alemanha, em maior ou menor grau. Como, por ex., a França de
Vichy.
Por tudo isto a “nódoa” de que
nos acusa só existe na sua mente.
Se precisar de benzina, também
se arranja.
Shalom.
Brandão Ferreira
Ten.Cor PILAV(R)
Brandão Ferreira
Ten.Cor PILAV(R)
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