por FERNANDO SEARA
Comemora-se neste ano o quinquagésimo aniversário da criação da especialidade "Comandos". O que ocorreu em Zemba, Angola, em 1962. Atualmente o Centro de Tropas Comandos está sedeado, desde Abril de 2008, na serra da Carregueira (Sintra).
Os Comandos são um dos Corpos das Forças Armadas Portuguesas que marcaram a hodierna História Pátria com incomparáveis páginas de coragem, de bravura e de capacidade indómita para defender as cores da Bandeira Nacional, a Independência Nacional e a Liberdade de todos os Portugueses.
Falar de Comandos é identificar o que hoje se designa por "tropas de elite", por militares altamente preparados, capazes de cumprir as mais difíceis missões nas mais inverosímeis condições.
Falar de Comandos é falar de homens com qualidades que os distinguem e com uma invulgar disponibilidade para dar a sua vida pela sua Pátria e pelo seu Povo. E pela democracia contra todos os totalitarismos e fundamentalismos contemporâneos.
Seria fastidioso neste momento recordar tanto e tanto que devemos ao Corpo de Comandos, como Portugueses. Desde logo a nossa liberdade confirmada a 25 de novembro de 1975 - data bem próxima e que importa não esquecer - e que hoje fruímos como património colectivo inalienável.
E nestes tempos em que tão pouco se fala de Pátria, em que as Forças Armadas são vítima por parte de alguns de uma injustificada falta de reconhecimento como uma das traves mestras do colectivo que todos constituímos como Nação, é oportuno, devido e justo que se recorde quem as serve com denodo, assim servindo a Pátria como insuperável dedicação.
Na atualidade do nosso mundo, os homens e as instituições possuem, cada vez mais, a necessidade de recorrer às suas Tradições, como forma intrínseca de identificação dos seus propósitos, reconhecendo que essa intenção sustenta a vontade que o Homem tem quanto cria e recria o seu tempo.
Creio que na nossa contemporaneidade, universalmente globalizada, o Homem precisa de indicadores que lhe identifiquem a sua interdependência em relação ao mundo em que vive e, consequentemente, lhe deem os valores que atestam a sua razão, o seu saber e o seu destino.
Importa mostrar, nas vésperas de mais um 25 de Novembro, o nosso reconhecimento a uma instituição, na representação plena dos atos praticados, das posturas e comportamentos assumidos, enfim, no reconhecimento dos homens que, na anonímia da sua passagem, contribuíram para uma ação consciente do dever cumprido e do contributo realizado, que dignificam e dão razão histórica a um povo e a um país. Mas os Comandos identificam-se, também, com a sua "divisa" e o respetivo "lema".
Quando escolhemos uma "Divisa" queremos exprimir com os símbolos das palavras uma ideia que nos serve de guia ou de motivação. E, quando a adotamos, no seio de um grupo, queremos com esse ato condensar valores que justifiquem propósitos comuns.
Como é do conhecimento corrente, a palavra "Lema" vem do grego (lémma), que significa algo recebido, ganho, como um presente. Ora, o significado da "Divisa" dos Comandos Portugueses é a representação perfeita de uma dualidade composta pela dádiva recebida e pelo presente oferecido, retirado do verso latino da Eneida de Virgílio: Audaces Fortuna Juvat, que significa, como todos sabem, "A Sorte Protege os Audazes".
Na nossa interpretação, a sorte apontada é a nossa liberdade e a audácia é o nosso desejo de querer algo mais, algo melhor - por vezes, até, de mudança -, mas sempre num sentido de responsabilidade, vontade e ousadia.
Os símbolos identificativos das tropas de Comandos do Exército Português reconhecidos no uso da sua boina vermelha, do seu grito de guerra Mama Sumé! - que na significância da língua pátria representa "Aqui Estamos, Prontos para o Sacrifício!" -, nos variados e distintos rituais iniciáticos e cerimoniais, ou, até, na identificada originalidade da sua Ordem Unida ou no seu Destroçar, são representativos de uma postura de devoção e de solidariedade, forjadas num carácter em que predominam a lealdade, a vontade, a fidelidade, a obediência e a determinação. A firme determinação.
In DN
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