sexta-feira, 2 de novembro de 2012

UMA VERGONHA 2


Ao Contra Almirante Tenreiro foi-lhe instaurado um processo, pela Armada, logo em Maio de 1974, pelo qual foi julgado. Das muitas acusações que lhe foram feitas saiu ilibado de todas, mas mesmo assim esteve preso. E, também, foi expulso da Armada. Na sequência, exilou-se para o Rio de Janeiro,[2] onde faleceu em 22/3/94. Nunca teve direito a nenhuma pensão, morreu pobre – tendo sido ajudado pelo industrial Tomé Feteira - e foi sepultado com a farda da Marinha Brasileira, de que era Almirante honorário.[3]

Não se conhece o “processo”/razões pelas quais foram expulsos da Marinha, com a concomitante perda do posto, pelo que apenas se pode especular que as razões (revolucionárias) se fundam no facto do primeiro ser PR em exercício, de um governo deposto por um golpe de estado e, o segundo, por ser tido como um dos principais apoiantes do Regime Político, suportado pela Constituição de 1933.

Podiam, na altura, tê-los sumariamente executado, ou feito outras coisas, mas ficaram-se pelo exposto. Vamos levar isto à conta da “excitação” do momento e das quenturas revolucionárias. Mas, depois de a poeira ter assentado devia-se ter olhado para esta situação (como para muitas outras) com outro cuidado e senso.

A primeira coisa que um novo regime político faz, em toda a parte do mundo, é legitimar-se a si próprio. Foi sempre assim e sempre assim será.

Uma das acções que a Justiça dos povos e a Moral pública requerem, mas nem sempre obrigam, é o julgamento dos principais responsáveis pelo regime deposto – partindo do princípio que este foi deposto por ser iníquo e exerceu acções contrárias ao bom governo dos povos, sem o que a acção que o derrubou, não encontraria justificação; sobretudo, se essas eventuais iniquidades configuram a prática de crimes.

Ora, após os eventos ocorridos a 25/4/74, ninguém julgou ninguém, salvo erro com a excepção do Almirante Tenreiro, já referido.[4]

A única coisa que se fez foi assassinar publicamente a memória do Professor Salazar, que já cá não estava para se defender - e muito poucos que o apoiaram em vida se prestaram a fazê-lo depois de morto.

Sobre Tenreiro dizia-se que tinha muitos “tachos”, como administrador de empresas e parece que, de facto, tinha alguns, embora não recebesse nada por isso…

Curiosa e recentemente a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários revelou, que umas dezenas de personalidades acumulavam inúmeros cargos em cargos de administração em empresas cotadas, sendo que um contava com 73...

Tudo, porém, feito o mais democraticamente possível!

O Almirante Tenreiro – que não consta ter andado a torturar ninguém (e quando disserem que pertenceu à Legião Portuguesa, não se esqueçam que o General Humberto Delgado também pertenceu e está no Panteão Nacional) – conseguiu elevar a actividade da pesca do bacalhau e seu comércio a um nível nunca antes (nem depois) atingido e melhorou muitíssimo as condições de vida dos pescadores (que eram muito duras) e o seu apoio social através (mas não só) dos Grémios e Casas dos Pescadores.[5]

Os portugueses que pescavam bacalhau, na Terra Nova, desde o século XV, passaram à condição de, há 30 anos a esta parte, não pescarem um único, apesar de serem o maior consumidor do “fiel amigo”, em todo o mundo…

in: Adamastor do Ten. Coronel Brandão Ferreira

2 comentários:

Manuel Leonardo disse...

Mim e Sua Excia o 1
Almirante
Henrique dos Santos Tenreiro

Se me o permitirem contarei duas faces de Sua Excia nas quais fui o protogonista principal .

Em 1943 fiz parte do curso de formação de novos pescadores profissionais na então Escola de Pesca em Pedroucos Lisboa .
Na época já eu era um aluno aplicado e sempre desejoso de aprender mais . Por esse motivo eu era olhado pelos meus professores como um estudante de grande capacidade de aprendisagem e como tal davam me livros relacionados com a minha futura profissão mas sempre num grau superior de aprendisagem muito superior aos meus colegas de curso.
Enquanto os meus colegas seguiam a risca o recolher as 9 horas da noite e o respectivo silencio que nunca era respeitado eu andava fazendo a ronda com o nosso Cabo Inácio , visitava e mexia em tudo que me despertava a atenção quase sempre ate as 11 horas da noite .
O nosso Cabo Inácio com grande paciência e saber estava sempre pronto a minha curiosidade . e já estávamos no fim do primeiro trimestre quando algo me sucedeu.
Uma pequena infecção na vista que me levou ao Hospital da Marinha diagnosticou que estava com Tracoma uma doença contagiosa que me levou a ir para casa de quarentena .
Prometeram me que se eu tivesse progresso com a situação clínica voltaria quando eu já não fosse um perigo para os outros alunos .
Passados três meses eu estava de volta e graça a boa vontade do Professor de Religião e Moral Constantino Varela e Cid que todos os fins de semana me trazia todos os exercícios escolares para Peniche sempre acompanhados com algumas explica coes novas que o nosso infatigável Cabo Inácio sempre me presenteava eu apresentei me como um poço de sabedoria em relação aos meus colegas.
Somente perdi as aulas praticas de marinharia como atar rede ou fazer malha e nos de marinheiro .Nas aulas de marinharia e navegação também estava como o peixe na agua e consegui chegar ao fim do ano , com a classificação de Melhor Aluno DO ANO .
Havia uma regra e prémio que o aluno melhor classificado no curso anual seria admitido na Escola Naval com todos os custos pagos pelo Governo e todos me felicitavam pela minha vontade de querer mas ....
Quem dava a ultima palavra era sempre o Sr Almirante Tenreiro e como tal declarou que eu não sabia atar ou fazer rede ,e não sabia a marinharia completa , por por esse motivo designou outro aluno que deveria seguir para o Curso de Oficial........

Mais de dez anos depois fui vender peixe com a traineira que trabalhava a Nazaré e por casualidade encontrei um colega do meu curso na Avenida marginal . fizemos uma pequena festa de abraços e conversas e de repente esse meu colega de Curso agarrando me no braço disse me muito agitado ...
Olha quem ali vai , foi aquele que te roubou o curso da Escola Naval , ele e afilhado da pia de agua benta do Nosso Almirante Tenreiro , o Pai e o melhor pescador da Nazaré na pesca do bacalhau....

Manuel Leonardo disse...

A outra face de Sua Excia
O Senhor Almirante Tenreiro


Nos anos de 1961_62 ? Moçambique foi assolada com grandes inunda coes e o rio Zambeze originou uma das maiores cheias de todos os tempos . As entidades na altura pediram ? a ajuda simbólica de um dia de trabalho para ajudar a minorar o sofrimento das populacoes tão severamente atingidas .
Depois de uma colecta geral que englobou todas as profissões de Portugal foi designado o dia e o local destinado a sua entrega .
Foi numa sala de um dos ministérios no Terreiro dos Passos
que me lembro ficar ao nosso lado esquerdo quando estamos virados actualmente para o Sul , Cristo Rei e foi de facto uma cerimonia imponente em que disseram que mesmo o Doutor António Oliveira Salazar estava presente algures na Sala .
Cada reprentante das suas Cidades ,vilas e aldeias de Portugal trouxeram o seu contributo que depois de chamados por profissoes entregavam o seu saco com as suas contribui coes monetárias
Por indicação de Sua Excia o Capitão Tenente Silvano Ribeiro ,Ilustríssimo Comandante da Capitania do Porto de Peniche fui delegado como representante dos pescadores de Peniche .
Depois de entregar a nossa contribicao dei um passo em frente e pedi autorização para dizer uma palavra .
O sr. Almirante Tenreiro dando uma corridinho_ ele estava quase junto dos pescadores de Peniche _ Agarrando no microfone disse solenemente..
Vai falar o Pescador de Peniche ..
Agarrei o microfone com calma e disse mais ou menos estas palavras em que o sentido foi ...
Eu sou o pescador de Peniche , tenho um grande orgulho em ser escolhido para representando os pescadores de Peniche entregar a nossa humilde contribuição que ira certamente aliviar o infortúnio de alguns mas não posso deixar de dizer que nos pescadores de Peniche e Portugal também ciclicamente estamos quatro, cinco ,seis meses que não apanhamos peixe e ninguém nos da algum auxilio.
Quando acabei de falar o Sr Almirante Tenreiro começou freneticamente a bater palmas o que levou todos aqueles milhares de presentes em coro a continuarem por alguns minutos num testemunho intenso.
Recordo me de que diversos jornalistas presentes a saída abordarem me para eu falar e perguntavam me como e que eu me chamava ao qual eu respondia que eu era o pescador de Peniche . somente o Jornal Dario Popular e que publicou o meu nome .
Eu não quis falar porque sabia que eu mais uma vez ia dizer palavras que eles jornalistas não as podiam publicar .
Enquanto descíamos as escadas disse para o meu Comandante Silvano Ribeiro . Tenho escapado de muitas mas desta e que não me safo !!! ele disse me , não será ainda desta . ao longo da minha vida vi pessoas que por somente dizerem que não ganhavam para sustentar a Família foram presos diversos anos .
Para surpresa minha nesse Natal recebi uma caixa quadrada de cerca de metro e vinte ,metro e trinta ,cheia de comestíveis das mais diversa espécies com um Cartão de Sua Excia com desejos de Boas Festa para o Pescador de Peniche e Sua família

Com os melhores Cumprimentos sou o Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada
fielamigodepeniche.blogspot.com
P.S.
Por causa destas historias fiquei com grandes amizades de todos os directores da Escola para o resto da minha vida ~.
Sua Excia o Almirante José Madeira Correia Galvão Rocha foi Medico de Família da Presidência da Republica , foi um dos maiores defensores da minha causa