EM DEFESA DO HOSPITAL DA MARINHA
Com a devida vènia, graças ao Blog A Voz da Abita
Há dias fui alertado para a
possibilidade de uma decisão a breve prazo visando o rápido encerramento
do Hospital da Marinha.
Procurei
informar-me junto de fontes credíveis e de quem sabe. Por isso estou
agora a fazer a síntese do que sei.
1.
– Alguns dados que muitos de nós,
embora utilizadores frequentes dos serviços, desconhecemos:
· O Hospital de Santa Clara (Marinha)
presta serviços pelo menos a 33.600 pessoas da Marinha, militares e familiares, residentes nas zonas de Lisboa e
Setúbal, claramente mais do que o Hospital da Estrela (Exército) que serve 27.000 militares e
familiares do
Exército, o Hospital do Lumiar (Força Aérea) serve cerca de 10.000 militares e familiares da Força Aérea.
Em certas consultas os militares podem ir a qualquer destes Hospitais.
· O Hospital da Marinha foi nos últimos 5 anos
reequipado: tem um Bloco Operatório funcional, equipamentos novos em
muitos serviços e até a cozinha foi modernizada. O investimento
realizado foi significativo.
·
Desde 1999 a Marinha fez com sucesso um
grande esforço para preencher o quadro médico, há neste momento médicos
jovens em quase todos os serviços com garantias de continuidade, se não
ocorrer qualquer anormalidade – tipo encerramento rápido do H.M.
· Há vários serviços onde o Hospital da Marinha tem mais médicos militares do
que os outros Hospitais Militares, o caso de Cardiologia é flagrante: no Hospital da Marinha existem 7 médicos militares, na
Estrela nenhum, o serviço está a cargo de civis contratados, e no Lumiar (Força Aérea) existe apenas um
médico militar; em Psiquiatria, embora em menor grau, passa-se algo semelhante.
· A Câmara Hiperbárica do Hospital da Marinha é a melhor do país, (existe
outra no Norte mas com menor
capacidade) dispõe de uma excelente equipa de técnicos devidamente
formados, cuja continuidade pode não estar garantida face a alteração
brusca das perspectivas.
·
Actualmente o Hospital da
Marinha tem receitas que cobrem os seus custos de funcionamento, excepto
os vencimentos de pessoal – naturalmente responsabilidade da Marinha.
Nem tudo é perfeito no H.M. e
todos nós temos experiência directa ou conhecimento de casos de longas
esperas ou de situações menos satisfatórias, porém sabemos que na
Estrela ou no Lumiar há situações piores nas esperas.
Justifica-se pois que se
reorganizem os serviços aumentando a eficiência e melhorando o
aproveitamento de todos os recursos existentes.
2. – Reforma da Saúde Militar
a. Resolução do Conselho de Ministros nº 39/2008 de 28 de
Fevereiro visando a racionalização da rede hospitalar militar e a
optimização
dos recursos humanos e materiais;
b. Hospital da FFAA’s – criado pela
Lei Orgânica de Bases da organização das FFAA’s de 7 de Julho de 2009;
c. Despacho de 11 de Fevereiro 2010
do MDN – criação de um G.T. para proceder ao estudo da racionalização e concentração
das valências hospitalares e dos recursos, assente na constituição de serviços de utilização comum, incluindo um serviço de
urgências único.
Em 16 de Abril de 2010 o G.T.
apresenta o trabalho cujas conclusões em síntese são:
a. Manutenção em funcionamento em
simultâneo nos 3 hospitais (Mar., Ex., F.A.) de 11 valências que
enumera.
b.
Futura constituição de
Serviços Conjuntos (integração maior do que a dos serviços de utilização
comum (SUC) prevista no Despacho) em 18 valências (4 já existiam como
SUC), sendo ainda possível constituir duas consultas de utilização
comum. A distribuição dos 18 SG era a seguinte: - 11 Estrela, 5 Lumiar, 2
Santa Clara (não inclui a hiperbárica)
c. Proposta para a distribuição das
valências pelos 3 hospitais, tendo em conta os recursos existentes e a
efectiva vontade demonstrada pelos elementos do GT em contribuir para a
criação duma solução de TRANSIÇÃO
d. Serviço de Urgências único – nesta fase não é prioritário para a
Marinha e Força Aérea, tendo em conta os custos em pessoal de saúde,
indispensável para os respectivos ramos.
O MDN
em 28 de Maio dá nova orientação para que sejam constituídos mais 7
serviços conjuntos na Estrela ou no Lumiar. Nesses serviços estão
Cardiologia e Psiquiatria em que Santa Clara (Marinha) tem claramente melhores condições e à partida fica
excluída porquê?
Resolução do C.M. de 28 de
Fevereiro 2008 previa um faseamento para a instalação do pólo hospitalar
de Lisboa
·
- curto prazo – proceder à
racionalização e concentração das valências médicas e capacidades,
constituindo serviços de utilização comum. O GT foi mesmo mais além, propôs serviços conjuntos.
· - médio prazo – redimensionar a estrutura
hospitalar militar através da sua concentração, considera também que
deve ser mantida no mínimo uma capacidade de resposta idêntica à actual
em termos de universo de utentes.
Está a ser
pressionada pelos recentes Despachos de 16 de Abril e 28 de Maio a
eliminação do faseamento e a passagem para duas estruturas hospitalares em Lisboa (encerramento de
Belém e Santa Clara) sem que exista qualquer noção dos custos e das
consequências para os utentes das unidades a encerrar.
3. – Considerações
·
A reorganização dos
Serviços de Saúde Militar é bem vinda, mas tem de satisfazer
pressupostos básicos
·
Se para o Exército poderá ser relativamente
simples encerrar Belém, dado que pode dispor de alternativa, o mesmo não
acontece com a Marinha quanto ao Hospital Santa Clara que não poderá
ser encerrado no curto prazo
·
A transição tem de
sustentar-se em bases técnicas e estudos de custo, por outro lado deve
visar uma melhoria dos serviços a prestar.
· Tem de existir um faseamento e um planeamento
para a transição, não há qualquer justificação para queimar etapas.
· Não é aceitável o encerramento de unidades ou
serviços sem que existam alternativas melhores e as adequadas
infra-estruturas.
·
A localização dos Hospital
das FFAA’s deverá permitir expansão futura e acessos fáceis.
4. – Proposta
Perante esta
situação, proponho um amplo debate através dos meios à nossa disposição,
nomeadamente o CMN onde participem além de médicos, outros conhecedores dos
problemas envolvidos e os interessados na prestação dos serviços, que
somos todos nós.
O esclarecimento do assunto irá ajudar-nos quanto às acções a desenvolver, tendo em vista os interesses do País, as necessidades das FFAA’s e os interesses de todas as pessoas da família militar utilizadores destes serviços hospitalares.
Martins Guerreiro
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