terça-feira, 15 de junho de 2010

UM DESABAFO


Podiam entrevistar mais alguns milhares de jovens portugueses em idade de ter vindo da tropa, que o grosso das respostas certamente não destoaria.
Só que os jovens daquele outro tempo, a que se reportam as perguntas do entrevistador, viviam no designado obscurantismo ...
Ocorre-me isto isto a propósito do 10 de Junho e das comemorações que tiveram os antigos combatentes como cenário.
Diversos camaradas fizeram o favor de me enviar o discurso de António Barreto. Brilhante, cultivado, provavelmente sincero até quando se refere aos jovens que discordavam e em consciência desertavam (conhecemos muitos) e aos que por medo ou comodidade fugiam à guerra (não conheço nenhum), ... Pena não ter sido escrito há trinta anos, quando AB era do Governo!
Eu tinha deixado de comprar O «Expresso», um jornal de referência da minha geração, em virtude de num certo tempo, e face a uma frase infeliz do Ministro Teias (...« os incêndios talvez sejam provocados por militares que trouxeram granadas do Ultramar»), ter sido Manuel Alegre a tomar as dores dos militares e a derrama-las ali do jeito trágico- poético que só ele sabe.
Desta vez, por palpite voltei a comprar o mesmo «Pasquim de Anúncios» e fui «recompensado».
Talvez eu tenha folheado mal, mas apenas encontrei uma alusão ao Discurso de Barreto... A de ser REFRACTÁRIO!
À guerra e ao Expresso, acrescento eu.
De resto encontrei a história do menino africano roubado à mãe e trazido por um oficial fuzileiro, com todas as peripécias que hoje se lhe seguiram, o patético reencontro com o irmão, a mãe, etc.e que terminaram com um Secretário de Estado, de percurso sinuoso, a entregar-lhe o BI para a TV registar.
Pena que nenhum dos oficiais generais desse Destacamento tenha querido explicar melhor o episódio, mesmo que dele não tenham hoje grande orgulho! Ter-se-á perdido uma grande oportunidade para um Almirante reformado sair a terreno em defesa dos antigos combatentes da Marinha
A mesma oportunidade desta notícia, face às evocações do 25 de Abril e a eventuais incomodidades causadas pelos militares, já tinha tido o mesmo jornal com o triste episódio de Wyamuru? (Moçambique) e com o trocadilho do Capitão «Robby» (que passava por militar sem o ter sido), ambos sujeitos a detalhadas descrições e muitas encenações, como o alferes arrependido a ir pedir desculpa aos sobreviventes ... num outro período em que convinha pôr os militares em sentido, ou pelo menos pouco ...à vontade!
O mesmo jornal que na comemoração dos seus 25 anos, (Coliseu - 1998), distinguindo as 25 personalidades que mais se tinham distinguido em Portugal nesse período, e embora socorrendo-se de estilistas, futebolistas e locutores da rádio, entre outras personalidades civis, não conseguiu descortinar qq militar a enaltecer. Nem Ramalho Eanes!
Nada disto, em minha opinião, é por acaso!
Estive presente nas cerimónias de Pedrouços, junto ao Monumento aos que morreram pela Pátria.
Com a evocação de Oliveira e Carmo, estiveram presentes camaradas do seu curso, bem como do que o teve por patrono -OC.
No Expresso, nem uma referência.
Nada do que está a preparar-se para os Hospitais Militares e para o Museu de Marinha é descurado.
Relembro um amigo civil que muitas vezes me dizia em estilo de cumprimento: A Marinha não é a Guarda Nacional Republicana!
Embora já velhote, vou procurar saber se ainda o diz da mesma maneira, ou se pela mesma ordem.
Um abraço
Raul 
Nota: Recebi este mail , no princípio de uma madrugada deste Abril , de um bom Amigo , que por ter sido Combatente (e, por acaso , muito bom) me fazia um desabafo descontente , talvez sobre o rio seco que já é o País e do desviar o rosto dos militares.
E porque acho que ele tem razão , permito-me aqui publicar o seu texto ao correr da pena que , no fundo, é o de nós todos. 
Mas o não dizemos....




2 comentários:

Anónimo disse...

Boa.

Este Raul é RL?

Manel disse...

Se não levar a mal , fiquemos pelo "Raul"