sábado, 20 de novembro de 2010

ANGOLA UÉ


RELATO EM DIRECTO DO PADRE CONGO,preso em Cabinda
A juventude de Lubundunu tinha decidido, há muito, celebrar a festa de Cristo Rei
em Lândana. Hoje, dia 20,  de manhã, fui até à cidade de Cabinda. Em Cabassango, às portas da cidade,  deparei-me com um espavento policial, cuja acção era direccionada para todos  os veículos que traziam membros da comunidade Lubúndunu. Uns foram obrigados a retroceder e outros obrigados a mudar de itinerário. Ao regressar a Lândana, encontrei-me com alguns membros vítimas desta repressão policial. Disseram-me
que foram acusados de serem membros da Mpalabanda e da FLec, por isso, interditos de se  movimentarem. Cheguei em Lândana deparei-me com um estupor aparato policial e de anti-motins i. Vieram, depois, os jovens de Lândana e narraram-me terem sido impedidos  de realizar o encontro de oração, porque, amanhã, o bispo virá a Lândana e porque estavam a organizar uma manifestação da Mpalabanda.  Se quisessem que fossem a Cabassango. Pediram-me que os ajudasse com a minha carrinha. Lá os levei. Ao regressar, sem ninguém na viatura, a polícia, postada em tudo que era canto, fizeram-me parar e pediram-me a carta de condução e os documentos da viatura.  IDei-os. Eram 18.30. Fiquei ai em condição de detenção até  20.45. Depois veio um polícia de trânsito que me disse que retinham o carro, ordens de um comandante, sempre na penumbra, porque era uma viatura de mercadoria e não de passageiros. Isto passado longo tempo. Fiquei ainda retido no Malembo, porque não tinha como chegar a Lândana, que dista 18 kilómetros. Confrontados com a minha reacção lá forçaram uma viatura a vir deixar-me em Lândana. Quando pediam que o dono da viatura  me viesse deixar, diante do espanto deste, que não compreendia por que  Padre Congo já não tinha carro, o polícia, na sua ingenuidade, disse-lhe que eram problemas políticos. Esta atitude humilhante e musculada contra mim e todos os inimigos de estimação do governo angolano tem sido permanente nestes últimos dias, porque no dia 11 deste mês também fomos postos em situação de detenção durante largas horas, eu e o Dr. Nombo,  na fronteira de Massabi e só, depois,  quando bem quiseram,  nos deixaram seguir viagem à Ponta-Negra, República do Congo Brazzaville.

A nossa vida  é uma permanente  humilhação e só Deus sabe quando vai acabar. Não sei quem fica mal na fotografia: esta Igreja católica que tem sempre o apoio da mão do poder (tudo que é polícia e militar,  em todos os seus programas ou o próprio poder, que se diz laico, que se tornou o protector de uma Igreja! Só o futuro nos dirá. Até lá, continuaremos com a vida sempre por um fio.

2 comentários:

Anónimo disse...

Achei graça à etiqueta

José Sousa e Silva disse...

Deviam de ser obrigados a estudar "Antropologia Cultural" !
Nada disto aconteceria !...