RELATO EM DIRECTO DO PADRE CONGO,preso em Cabinda
A juventude de Lubundunu tinha
decidido, há muito, celebrar a festa de Cristo Rei
em Lândana. Hoje, dia 20, de manhã, fui até à cidade de Cabinda. Em
Cabassango, às portas da cidade,
deparei-me com um espavento policial, cuja acção era direccionada para todos os veículos que traziam membros da comunidade
Lubúndunu. Uns foram obrigados a retroceder e outros obrigados a mudar de
itinerário. Ao regressar a Lândana, encontrei-me com alguns membros vítimas
desta repressão policial. Disseram-me
que foram acusados de serem membros
da Mpalabanda e da FLec, por isso, interditos de se movimentarem. Cheguei em Lândana deparei-me
com um estupor aparato policial e de anti-motins i. Vieram, depois, os jovens
de Lândana e narraram-me terem sido impedidos
de realizar o encontro de oração, porque, amanhã, o bispo virá a Lândana
e porque estavam a organizar uma manifestação da Mpalabanda. Se quisessem que fossem a Cabassango.
Pediram-me que os ajudasse com a minha carrinha. Lá os levei. Ao regressar, sem
ninguém na viatura, a polícia, postada em tudo que era canto, fizeram-me parar
e pediram-me a carta de condução e os documentos da viatura. IDei-os. Eram 18.30. Fiquei ai em condição de
detenção até 20.45. Depois veio um
polícia de trânsito que me disse que retinham o carro, ordens de um comandante,
sempre na penumbra, porque era uma viatura de mercadoria e não de passageiros.
Isto passado longo tempo. Fiquei ainda retido no Ma lembo,
porque não tinha como chegar a Lândana, que dista 18 kilómetros. Confrontados
com a minha reacção lá forçaram uma viatura a vir deixar-me em Lândana. Quando
pediam que o dono da viatura me viesse
deixar, diante do espanto deste, que não compreendia por que Padre Congo já não tinha carro, o polícia, na
sua ingenuidade, disse-lhe que eram problemas políticos. Esta atitude
humilhante e musculada contra mim e todos os inimigos de estimação do governo
angolano tem sido permanente nestes últimos dias, porque no dia 11 deste mês
também fomos postos em situação de detenção durante largas horas, eu e o Dr.
Nombo, na fronteira de Ma ssabi e só, depois, quando bem quiseram, nos deixaram seguir viagem à Ponta-Negra,
República do Congo Brazzaville.
A nossa vida é uma permanente humilhação e só Deus sabe quando vai acabar.
Não sei quem fica mal na fotografia: esta Igreja católica que tem sempre o
apoio da mão do poder (tudo que é polícia e militar, em todos os seus programas ou o próprio
poder, que se diz laico, que se tornou o protector de uma Igreja! Só o futuro
nos dirá. Até lá, continuaremos com a vida sempre por um fio.
2 comentários:
Achei graça à etiqueta
Deviam de ser obrigados a estudar "Antropologia Cultural" !
Nada disto aconteceria !...
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