O Ministério Público alemão exigiu 35 mil euros para ceder à
investigação portuguesa os ficheiros informáticos apreendidos
à Ferrostaal, empresa suspeita de ter
corrompido políticos e altos funcionários na venda de dois submarinos à
Marinha portuguesa.
O Ministério Público português, que
participou nessas buscas, recusou pagar pelos documentos. Resultado: um
ano depois
ainda não chegaram à investigação
portuguesa.
A 20 e 21 de Abril do ano passado, as magistradas do
Ministério Público
titulares do inquérito português
participaram nas buscas à sede da Ferrostaal. No final da diligência, as
procuradoras Auristela
Gomes Pereira e Carla Dias foram
confrontadas por uma exigência do procurador alemão para elas
inesperada. A cedência de cópias
dos ficheiros informáticos apreendidos
implicaria o pagamento de 35 mil euros.
O Departamento Central de
Investigação
e Acção Penal, liderado por Cândida
Almeida, recusou de imediato proceder a esse pagamento. A cobrança pela
selecção e gravação
dos ficheiros foi considerada inaceitável,
tendo em conta as regras de cooperação judiciária vigentes na união
europeia.
O
episódio está contado nos autos do
primeiro inquérito ao contrato de contrapartidas, cuja instrução deverá
iniciar-se ainda
este mês no Tribunal Central de Instrução
Criminal de Lisboa. As procuradoras Auristela Pereira e Carla Dias
queixam-se ainda
de que o Ministério Público alemão não
notificou vários quadros da Ferrostaal da sua constituição como arguidos
no processo
português.
Dois deles, Antje
Malinowski e Horst Weretecki, só foram constituídos arguidos em Outubro,
com seis meses
de atraso. Foram surpreendidos em Lisboa, à
saída do hotel Ritz. Mas, como não foram, depois, interrogados antes da
acusação,
o seu advogado já requereu ao juiz de
instrução a nulidade do processo.
Um terceiro suspeito continua
incontactável,
de tal modo que o seu processo foi deixado
para mais tarde. E os documentos, apesar dos insistentes pedidos, por
telefone,
e-mail e carta rogatória, continuam na
Alemanha.
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