CAlm José Luis Gonçalves Cardoso
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Monte Estoril
2765-420 ESTORIL
8 Março de 2010
Dr Miguel Sousa Tavares
Regressado do Alentejo , onde há vários anos me dedico à
Agricultura e à Agro-Pecuária, tive o prazer de ler a resposta que teve a amabilidade de me mandar.
Estive a reflectir sobre os seus argumentos, e não ficava contente
comigo próprio se não lhe tirasse mais
um bocadinho do seu precioso tempo , tão necessário para meditar e escrever a coluna de opinião do Expresso e agora a
preparar as entrevista na TV.
Começo por lhe dizer que também perfilho o ditado de que “ Quem não tem dinheiro não tem
vícios”, e que entendo a argumentação, de que vivemos um período em que as
ameaças são muito diferentes de há 30/40 anos. Compreendo que até a existência
das Forças Armadas pode ser questionada
numa Pátria como hoje se revela Portugal , que não dispõe de um Aparelho Industrial e
de Desenvolvimento Tecnológico com
objectivos Militares.
Até lhe digo que, fazendo parte dos oficiais de Marinha que serviu nos Fuzileiros e
comandou um Destacamento de Fuzileiros Especiais em África, tenho perfeita
consciência do Poder da luta de
guerrilha e assim entendo o
argumento de que podíamos acabar com as Forças Armadas e com a solenidade dessa
Declaração
Universal, assumir que os portugueses se voltariam para uma formação
militar de guerrilha que abrangesse toda a população válida e em idade de ser
recrutada.
Assim, Portugal,
apenas teria de se preocupar em fabricar armas ligeiras e munições.
Caso a Nação aprovasse tal desiderato, seria uma profunda
revolução neste nosso Portugal de
consequências imprevisíveis no relacionamento social dos povos, ao nível da
Europa e quiçá no Mundo.
Era Portugal e os portugueses no seu melhor...em MMX
Mas... deixando as ideias utópicas, na resposta que me deu ,
manifestou o sua não concordância com a necessidade de ter 3 FF oceânicas e que
o Conceito Estratégico de Defesa Nacional , não implica um Conceito Estratégico
Militar que leve a SS e FF’s.
Permita-me, que lhe argumente o seguinte:
O Conceito estratégico de Defesa Nacional , leva-nos à
Nação. Nacional implica inventariar onde estão os portugueses, a Nação, os seus bens e interesses.
Assim temos os
residentes no território nacional, espaço arquipelágico, e os que tentam ganhar
a vida no estrangeiro.
Havendo relevante presença
na África Meridional, América Central e do Sul , alguns núcleos no
Oriente e importantíssimas comunidades na Europa , penso que a resposta será
por Todo o Mundo.
Logo, parece que
deveremos ter capacidade naval de superfície capaz de ,com a presença de um
navio reabastecedor, chegar a qualquer parte do Mundo. Não para fazer guerra,
mas fazer aquilo que uma FF ( como as actuais MeKo) pode fazer de diferente ,
quando acompanha um navio de passageiros ou outro navio de apoio.
No respeitante à fiscalização e Controle do que se passa na
nossa ZEE em actividades de pesca e noutras que se relacionam com as varias
valências do mar ( transporte marítimo, recursos energéticos, recursos
minerais, biotecnologia, turismo e lazer) a existência de FF com helicópteros
embarcados, capazes de permitirem o seu
poisar após uma missão que exija velocidade no mar ( a noção de lanchas
rápidas no mar da nossa ZEE, é uma total mentira , pois o mar não o permite e a
sua autonomia é muito reduzida) e a
operação de SS´s nos meios de actuação , representa uma mais valia
inquestionável. Recordo o que já sabe , onde a sua discrição, autonomia,
elevadíssima tecnologia e reduzida
guarnição e capacidade de se refugiar quando surge mau tempo, dão-lhe uma
capacidade invulgar de detectar e posteriormente localizar e ajudar a deter alvos
suspeitos.Como também sabe, mas é sempre útil recordar, os os navios e submarinos oceânicos, são plataformas e veículos com grande autonomia (30/45dias).
São recheados com factores habitacionais (lavagens, WC´s, ar condicionado) , sistemas geradores de energia , mecânica e electricamente muito sofisticados, que trabalham 24/24 horas, 365 dias por ano.
Acresce que os sensores e as armas com sistemas mecânicos,eléctricos, hidráulicos, magnéticos e electromagnéticos , piezo-eléctricos , exigem sistemas energéticos que também têm de estar sempre “on” , assim como tudo o que hoje está associado a meios de controle e gestão de dados informatizados. Neste contexto ,a água do mar é obviamente utilizada em sistemas de higiene, permanentemente vaporizada e destilada para se produzir água doce ( quando fora de porto) e em sistemas secundários de arrefecimento. Isto significa que há bombas e encanamentos assim como toda uma panóplia de sistemas mecânicos, que vivem em permanente luta com a corrosiva água do mar.
No caso dos SS, temos o adicional problema da Histeresis, fenómeno associado com a compressibilidade quando mergulham, e a distensão do aço, quando voltam à superfície, realidade física que leva a grande preocupação com zonas de junção soldadas.
Devido a esta realidade os navios tem de parar de X em X anos, normalmente 3, para fazerem manutenções correctivas, ou seja cerca de 12 períodos de paragem, nos normais 36 anos de vida .
Agora podemos abordar o célebre numero 3.
Como está normalmente um em fabricos , só tendo 2 operacionais é que se assegura o compromisso que a Nação, com Território Próprio lhe deu...
com toda a minha
consideração apresento-lhe os meus
cordiais cumprimentos
CALM ref
1 comentário:
Bravo Zulo Sr. Almirante.
Fernando Boaventura
Militar da Armada na REF
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