Lisboa - O general Hélder
Vieira Dias, “Kopelipa”, pagou um milhão de euros por duas áreas no
Douro para produzir vinho e exportar. O responsável pelos serviços
secretos da Angola, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, adquiriu
duas quintas na região do Douro para produzir vinho destinado a
exportação, designadamente para os países de língua oficial portuguesa
(PALOP).
As propriedades agrícolas situam-se nas proximidades
da Quinta da Leda, que pertenceu à lendária Ferreirinha e onde é
produzido o emblemático Barca Velha. O negócio, concretizado há cerca de
um mês, envolveu duas propriedades contíguas ainda por rentabilizar, a
Quinta da Serra e a Quinta da Pedra Cavada, possuindo no conjunto cerca
400 hectares espalhados maioritariamente pelo concelho de Vila Nova de
Foz Côa e abrangendo a Região Demarcada do Douro e do Vinho do Porto
(RDDVP).
“Kopelipa” e um grupo de investidores israelitas
Os terrenos, de origem xistosa e marcados por
elevados declives, encontram-se a dois quilómetros da Quinta da Leda.
A transacção contou do lado vendedor com produtores
locais que detinham as quintas em parceria. Do lado comprador está a
Superfície Vertical Investimentos Imobiliários (SVII), controlada pelo
chefe dos Serviços de Inteligência Externa de Angola (SIEA).
Segundo os valores registados oficialmente, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, conhecido por “Kopelipa”, pagou pelos dois terrenos cerca de um milhão de euros.
Segundo os valores registados oficialmente, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, conhecido por “Kopelipa”, pagou pelos dois terrenos cerca de um milhão de euros.
Um dos anteriores proprietários era a família de
Celso Madeira (Rui e Filipe Madeira), dona da Casa Agrícola Reboredo
Madeira (CARM), que desenvolve igualmente a sua actividade na zona
duriense e que comercializa vinho e azeite com as marcas CARM. O
primeiro contacto para a venda da Quinta da Serra e da Quinta daPedra
Cavada partiu de Celso Madeira no decurso de uma viagem a Angola.
Imobiliária mediou negócio“Kopelipa”
é desde 16 de Maio de 2007 administrador e accionista maioritário da
WWC, World Wide Capital SGPS, holding que já este ano adquiriu a SVII.
O recurso a uma imobiliária para realizar a
transacção prendeu-se, informações obtidas pelo PÚBLICO, com questões de
natureza fiscais mais favoráveis. Este alto responsável do Governo
angolano assumiu em 2006, por indicação do Presidente, José Eduardo dos
Santos, a liderança dos serviços secretos locais, na sequência da
sindicância desencadeada a este organismo e que levou à demissão do
anterior responsável, general Fernando Garcia Miala.
Em Angola, “Kopelipa” está ligado a personalidades
como Isabel dos Santos, a empresária filha do Presidente e sócia de
Américo Amorim em negócios como o Banco Internacional de Crédito (agora
também com presença em Portugal, tendo Mira Amaral como presidente).
De acordo com informações do Semanário Angolense,
entre os accionistas do projecto agrícola Terra Verde estão Isabel dos
Santos, “Kopelipa” e um grupo de investidores israelitas. O é também
referido como tendo várias ligações a empresas da
África do Sul, além de deter participações em
diversas empresas angolanas em áreas como tecnologias de informação,
transportes, cimentos e pescas.
No projecto vinícola no Douro, o novo proprietário da
Quinta da Serra e da Quinta da Pedra Cavada pretende recuperar os
terrenos reconvertendo-os em plantação de vinha, estando já a ser
desenvolvidos contactos com vista à compra de licenças de plantio.
Produzir vinho tintoDos
quatrocentos hectares de superfície, há autorização para cultivar 150
hectares (destinados na sua maioria a gerar vinho tinto).
O plano é arrancar numa primeira fase com o plantio
numa área equivalente a metade do que é permitido.
Em simultâneo estão actualmente a decorrer
negociações entre a SVII e Celso Madeira, o anterior dono das quintas,
com vista a celebrar uma parceria para a sua exploração e que permita a
obtenção de economias de escala. As conversas entre o dono da CARM e os
representantes de “Kopelipa” envolvem um projecto de exportação de vinho
para África, em especial para Angola, país que 2007 importou de
Portugal cerca de 50 milhões de litros de vinho.
Nomeado em 1995 como chefe da Casa Militar de Eduardo
dos Santos,”Kopelipa” iniciou a sua ascensão no seio da presidência
através do departamento de estudos e análises, do qual era responsável.
Entre as suas missões estavam a análise da situação
política e do papel dos media, principalmente os de capitais privados.
A sua influência aumentou exponencialmente quando
assumiu a do Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), criado em 2004.
Detendo total autonomia administrativa e reportando a José Eduardo dos
Santos, o GRN tem como missão
“promover, acompanhar e supervisionar a implementação
de programas no domínio da recuperação económica e social”. Na prática,
é por este organismo que passam centenas de milhões de dólares
negociados entre a China e Angola, aplicados depois de diversas formas,
incluindo a construção de infra-estruturas como habitações e estradas.
Mercado em alta
Numa fase em que Angola importa cada vez mais produtos de consumo, Portugal tem conseguido aumentar a sua presença, nomeadamente em sectores como o das bebidas. No caso do vinho, cerca de 75 por cento das marcas compradas neste país são de origem portuguesa, segundo afirmou à Lusa José Costa e Oliveira, vice-presidente da associação portuguesa de produtores (ViniPortugal) no passado dia 1 de Julho.
Numa fase em que Angola importa cada vez mais produtos de consumo, Portugal tem conseguido aumentar a sua presença, nomeadamente em sectores como o das bebidas. No caso do vinho, cerca de 75 por cento das marcas compradas neste país são de origem portuguesa, segundo afirmou à Lusa José Costa e Oliveira, vice-presidente da associação portuguesa de produtores (ViniPortugal) no passado dia 1 de Julho.
Só em 2007 foram exportados cerca de 50 milhões de
litros de vinho, equivalentes a perto de dez milhões de euros, com
destaque para as marcas dos grupos do Esporão e da Sogrape. No ano que
vem, e de acordo com José Costa e Oliveira, o organismo de que faz vai
investir no mercado angolano cerca de 500 mil dólares (319 mil euros),
direccionados para acções de formação, provas de vinho e bolsas de
estudo.
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