por Rainer
Daehnhardt
Qualquer
automobilista é responsabilizado por suas acções no trânsito.
Um
restaurante é responsabilizado pelo que serve à mesa.
Um médico é
responsabilizado pela sua conduta profissional.
Então, por
que razão, nenhum político é responsabilizado pelos seus actos?
Instalou-se
mundialmente um sistema de intocabilidade religiosa em dois meios fortemente
interligados, que são o financeiro e o político.
O pior que
pode acontecer a um financeiro ou a um político é não ser reeleito para o seu
cargo. As desgraças que as suas actuações causam a tanta gente são consideradas
irrelevantes.
Isto está
profundamente errado!
Procurar
vestígios de corrupção, para ver se algum banqueiro ou
governante acumulou fortunas pessoais de forma ilegal, é apenas um levantar de
uma cortina de fumo, para não mostrar a verdadeira gravidade da
situação.
Os seus
comportamentos devem ser vistos, individualmente, como as origens das feridas,
que as suas acções causaram, com efeitos nefastos, ao povo e à pátria, que
supostamente deviam defender.
Proponho que
pessoas qualificadas "avaliem a performance" (permito-me, neste caso específico,
a usar a terminologia dos próprios), de todos os políticos, que ocuparam cargos
no pós-25 de Abril de 1974.
Apoderaram-se de uma nação, que
existia em harmonia desde da Ilha do Corvo até Macau.
O que
fizeram dela?
Deve-se
calcular, em números, os prejuízos, que suas actuações causaram, não apenas à
metrópole, mas também aos povos ultramarinos.
Deve-se
criar um escalão onde se atribua as percentagens de peso nas decisões, que
correspondam a cada lugar governamental e por dia de ocupação.
De seguida,
deve-se procurar saber quais foram as pessoas que ocuparam estes lugares e qual
o montante de estragos por elas causados.
Logicamente,
devem ser responsabilizados pessoalmente; a igualdade de direitos e deveres com
todas as outras profissões a isto obriga.
Não existe
fundamento lógico que justifique que os governantes não possam ser chamados à
responsabilidade. Qualquer taxista, talhante, dentista ou educador é
responsabilizado pelos seus actos.
Um
julgamento público, devidamente transmitido pelos media, é suficiente
para acabar com o assassinato da identidade nacional e conseguir o
restabelecimento imediato da soberania!
Qualquer
um dos políticos responsabilizados deve ter direito de defesa e explicação do
porquê das suas acções.
A justiça e
a ordem pública têm de prevalecer!
Se as suas
acções forem consideradas justificáveis perante o povo e a pátria, será
absolvido.
Se as suas
acções forem causadoras de endividamento da nação, do empobrecimento
(espiritual ou monetário) do povo, terá de tentar indemnizar a nação e o povo.
Caso não tenha bens suficientes para fazer face ao peso dos danos, terão de
responder todas as pessoas, firmas (incluindo os seus accionistas), ou
instituições, que lucraram com as suas decisões e responder dentro dos montantes
por eles indevidamente recebidos, para que se reponha o estado da Nação ao nível
da data da sua tomada de posse.
Este
julgamento terá, como consequência imediata, a dissuasão do aparecimento de
novos caçadores de fortunas fáceis na governação.
Isto, por
sua vez, será a vassourada de limpeza ética que uma profissão (que devia ser
merecedora de respeito) necessita urgentemente.
Quando o Dr.
António de Oliveira Salazar assumiu a sua longa caminhada para tirar a pátria do
endividamento estrangeiro e a criação de uma das mais fortes e respeitadas
moedas então existentes, totalmente coberta por reserva de ouro, apenas pediu
que lhe fosse pago o mesmo ordenado, que recebia, enquanto era professor da
Universidade. Nunca aceitou mais um tostão. Nunca possuiu um grão de areia que
fosse numa conta off-shore, nem desviou fortunas para familiares
seus.
Um
verdadeiro GOVERNANTE tem de ser RESPONSÁVEL pelas suas acções, como qualquer
cidadão comum.
Já assim era
no tempo de Viriato e no futuro terá de o ser de novo!
1 comentário:
Tudo bem e apoiado até chegar ao tal dr. AOL. Depois a pintura fica borrada! Pois é, esse tal dr. AOL foi um grande poupador. Só não poupou nas vidas dos que enviou para o Tarrafal, dos que alojou em Peniche e afins, dos que ficaram por África, dos que tiveram que emigrar para não morrer de fome, dos que queriam um Portugal democrático, etc, etc. Por favor, poupem-nos destas poupanças!
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